Le Editorial * 225 por Mami

Temos recebido um ror de cartas dos nossos desesperados leitores perguntando o que fazer, na urbe, nestes dias de intenso Sol e frigorífico. Enquanto ninguém inventa um ipod com aquecimento central, damos alguns bitaites:

#1-Levar os livros, a namorada e algum chocolate e ir hibernar para a “estufa quente” ou para a “estufa doce” da Estufa fria. Se resulta com os cactos do Arizona, não pode estar muito errado!

#2-Levar lençóis brancos e recriar a Primavera nos Alpes em pleno Jardim da Gulbenkian. Levar também um termos com Bolero bem quente para ir bebericando com prazer, ao som de musicas tirolesas.

#3-Vestir o vestido às flores ou os calções de veludo em cima da lycra do primo surfista, e ir andar de barco a remos para o lago do Campo Grande, recriando a mais linda cena da Disney.

#4-Fazer a cama nos telhados da cidade e ficar a adorar o astro-Rei, comungado com laranjas doces (pois que são o Sol em fruta).

Mas não fiques em casa. Sintetiza o Sol em alegria. Faz fotolecool.

Le Editorial * 224 por Mami

Eis a breve análise social aos dois tipos de pessoas vivem nesta cidade sem Mancha, neles tudo principia e finda, apresentamos… “Os Dom Quixote e os Sancho Pança.” Os Dom Quixote, sujeitos em tudo espirituais, cavalgam numa numa ardente demanda estética, seja a apanhar o autocarro para Odivelas seja a cortejar as Dulcineias de Chelas. Já os Sancho Pança, fulanos assaz materialistas, dados ao prazer e ao fazer, rebolam pela colina a pé, ávidos de loucuras com as Dulces do Cais do Sodré.

Ainda que diferentes como um par de olhos tortos, mais amigos que eles não há, caminhando, um alcançando as estrelas, outro farejando a rua, por essa Lisboa ainda tão (romanticamente) nua.
Porque a verdade é que sem Dom Quixotes não teríamos os secretos miradouros, os verdejantes édens municipais, as exposições de vanguarda, as peças de teatro arrojadas, os ciclos de cinema intelectuais.
E sem Sanchos não teríamos os bairros típicos, as comezainas, as gargalhadas, as festas rijas e concertos que tais. Se um plantou a Alface o outro decidiu temperá-la. Sem eles não havia Le Cool, nem Lisboa. E tu, já sabes qual deles és?

Le Entrevista a Um(a) Pessoa por Rafa

Pessoa repousa em estátua em frente à Brasileira do Chiado, estendendo a mão como que a acenar a quem passa (ou tentando talvez afastar o turista que o massacra em fotos). Já brincou ao GeoCaching, tem Casa Museu e não aparece no seu próprio relato em Lisbon, What the Tourist Should See. Sentei-me com ele na pequena cadeira que o ombreia e perguntei-lhe:
 
Que tal esse ser estátua.
 
À Tabacaria do outro lado da rua, como coisa real por fora, 
E à sensação de que tudo é sonho, como coisa real por dentro. 
À força de diferente, isto é monótono,
Como à força de sentir, fico só a pensar. 

Le Entrevista a Peter Shuy por Rafa

Sou o Pedro Evaristo/Peter Shuy, artista plástico/músico. O nome nasceu da necessidade de criar um alter ego enquanto elemento dos AbztraQt Sir Q. É um misto entre Ocidente (Peter) e Oriente (Shuy), atendendo às reminiscências sonoras da banda e ao meu fascínio por essa cultura. Nasci em Santarém e terminei os estudos em Lisboa. Lisboa é-me familiar e uma das referências desde há muito tempo.

Lisboa é um abstracto circo? 
Lisboa, como pequena metrópole que é, atrai um maior número de pessoas de outros países relativamente às restantes cidades portuguesas, permitindo uma interacção/miscigenação que estimula à criação/ experiência, infelizmente ainda não ao nível de cidades como Berlim ou Barcelona.