Le Capa * 302


Por 1ma63

Le Entrevista a Pedro Vilar por Rafa


Vim do Porto para Lisboa, com paragem em Barcelona, onde vivi durante 6 anos e desenvolvi a maior parte da minha carreira profissional. Conceitos, briefings, ideias, maquetes, projectos e deadlines. Cartazes, logotipos, embalagens, revistas e campanhas. Fotografia, ilustração e tipografia. Marcas, a sua identidade e comunicação. Tudo isto faz parte do meu dia-a-dia enquanto um dos responsáveis pela direcção criativa da EuroRSCG Design & Arquitectura. 

Comenta-me os projectos em que estejas envolvido e demais ideias e aspirações profissionais.

O trabalho diário na agência ocupa grande parte do meu dia e não me deixa muito tempo livre para outros projectos a nível profissional. Tenho a sorte de fazer diariamente uma das coisas que mais gosto e de poder participar em inúmeros projectos interessantes. Sempre que posso e que o tempo me pemite, tento também colaborar em projectos ligados ao design, mas de cariz não comercial. 

Le Capa * 301


Por José Carvalho

Le Entrevista a Left Hand Rotation por Rafael


Os Left Hand Rotation por eles próprios :

Left Hand Rotation é um colectivo artístico que trabalha em intervenções no espaço público, em vídeo e instalações - aquilo que viemos a denominar de Alterações. A expressão "Left Hand Rotation" tem a sua origem nos parafusos que se apertam da direita para a esquerda em lugar de ser da esquerda para a direita, algo como em "contra-mão".

O colectivo trabalha de forma anónima, sendo que duas pessoas são o seu núcleo principal. No www.lefthandrotation.com aparecem os nossos projectos e convidamos outros artistas interessantes a participar.

Left Hand Rotation pretende provocar um aluvião incessante de contradições irresolúveis, cuja finalidade é a busca da sua integração paradóxica. Como colectivo, trabalhamos com os meios e os formatos na fronteira entre a arte e todos os demais canais, adoptando a forma do que viemos a chamar de "arte questionável" (que não questionadora).

Tudo o descrito anteriormente pode cair anulado a qualquer momento, devido a uma alteração constante de estratégia.

Le Capa * 300


Por P28

Le Entrevista ao Luís Lopes Humanization 4Tet por Pedro Tavares e Rafael Vieira


Não há envolvente melhor para lançar os alicerces a uma entrevista com os Humanization 4Tet do que aquela que se nos apresentou sábado, 6 de Agosto de 2011. Ainda embalado pelo travo deliciado a freejazz e a slam despejado em grande na noite anterior no Anfiteatro da Gulbenkian por Cecil Taylor, é na Trem Azul - pátria da Clean Feed Records, que nos encontramos com Aaron González, Luís Lopes, Rodrigo Amado, Stefan González e António Júlio Duarte.

Este último acompanha a banda como fotógrafo, aqueles, que burilavam acordes em ensaio no estúdio da Clean Feed, são nomes já bem reconhecidos na cena jazz neste binómio de continentes, cidades e países que os unem e não afastam: Lisboa e Dallas, Portugal e EUA.

É também na expectativa do concerto no Teatro do Bairro de dia 9 de Agosto, incluído no Jazz em Agosto 2011, que a conversa gravita.

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Acrónimos chave para a entrevista:

Aaron González AG
Luís Lopes LL
Rodrigo Amado RA
Stefan González SG
António Júlio Duarte AJD

Le Cool (Pedro Tavares + Rafael Vieira) LC

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Le Capa * 299


por Ana Mendes Pizarro, David Almeida e Maria Mendes Pizarro

* Originalmente publicado a 4 de Agosto de 2011, na Le Cool Lisboa * 299

Le Entrevista a Rui Neves por Josué Mendes

A entrevista a Rui Neves, director artístico do Jazz em Agosto da Fundação Calouste Gulbenkian foi conduzida descontraidamente entre grupos de gente a circular em hora de refeição ou em trânsito para as exposições do CAM. O resultado foi mais uma boa conversa do que uma entrevista estruturada por linhas cosidas a notícia, com um apreciador e profundo conhecedor de jazz. Uma verdadeira torrente de informação em cascata de paixão bem nutrida por anos de experiência.

Em discurso directo: Este ano decidimos que o Jazz em Agosto tem um mote, quatro figuras do jazz actual em gratos retornos. São personagens gratas à música, que voltam a tocar no Jazz em Agosto em retorno musical.

Cecil Taylor no Jazz em Agosto de 1998 (e que foi o único repetente no CCB em 2004, onde trabalhei como consultor de jazz). Cecil, que tem 82 anos e é um criador especial de linguagem. Na linha dos gratos retornos temos o Wadada Smith, membro da AACM, Association for the Advancement of Creative Musicians, de Chicago, vem apresentar um projecto novo, um grupo diferente, com três guitarras eléctricas e piano. Tem também um Vj, Jesse Gilbert, que projecta imagens em tempo real.

Peter Brõtzmann, Sac, tem 70 anos e já tocou no Jazz em Agosto em 2000 com os Die Like a Dog Quartet e tinha antes outro quarteto, Last Exit. Toca muito com gente nova, pratica uma música libertária europeia. O jazz é um belo exemplo de música cooperativa, onde se preserva o individualismo do músico, em música colectiva. Todos pensamos num sentido individualista, num viver colectivo.

John Hollenbeck, que tocou no Jazz em Agosto em 2006, vem com um large ensemble num projecto mais ambicioso. Toca Third Stream, que é a aproximação da música jazz à música contemporânea ocidental. Hollenbeck tocou com várias correntes, neste aspecto é uma atitude de renovação, polémica em relação ao purismo do jazz.

Acho ridículas as polémicas em torno do jazz, do purismo. Em comparação com o rock, no rock há mais liberdade. Tenho 63 anos e comecei pelo rock. As programações são sincrónicas no jazz, mas devem ser diacrónicas, focar o presente, não esquecendo o passado. Interessa conhecer bem o presente. O jazz bem centrado sem esquecer o passado, o conhecer a evolução no jazz. Peter Brõzmann faz freejazz, não vem reproduzir o passado, vem actualizar o passado.

Outros factores relevantes além das quatro personagens em grato retorno, é que no Anfiteatro vamos ter Ingrid Laubrock, Sax, que constituiu um grupo com uma nova geração de NY. É um encontro com o rock. Para os puristas não é música. Isso é uma enormidade, o jazz deu os blues e o rock.

Depois temos um duo power rock (um quarteto - The Ex Guitars Meet Nilssen-Love / Vandermark Duo), com dois guitarristas mais dois músicos jazz, em tensão, em confrontação, rock com jazz e que apresentam características de cada estilo musical.

Depois irradiamos para um belíssimo espaço no Bairro Alto, um espaço cosmopolita, onde apresentamos três grupos que fazem a ligação entre os dois fins-de-semana. Preenchendo as semanas, faz a tarefa de clube de jazz mais informal, com o espaço do bar. Temos o grupo luso-americano Humanization 4tet, com duas digresões e bem rodado. Um grupo de Brooklyn, os Little Women, com dois sax, uma guitarra e uma bateria muito original. E um grupo escandinavo com Gustaffson, que tocou no Jazz em Agosto em 2002, em performance actuou diversas vezes e ganhou um prémio recentemente na Dinamarca.

São músicos celebrados, com os focos sobre eles.

Quanto ao cinema, apresentamos títulos não disponíveis no mercado. Conheço o meio e os filmes são especiais, os próprios realizadores apresentam. Na primeira semana, talvez o melhor filme sobre Taylor. E o outro filme, sobre o processo de condução, The Black February, em digressão.

Na segunda semana, Women in Jazz, damos muito relevo a este aspecto, pensa-se sempre em cantoras jazz. E temos este ano a Mary Halvorson, Angelica Sanchez e Ingrid Laubrock. O outro filme é de Julian Benedikt sobre os primórdios do jazz na Europa. Um erro é dizer que o jazz será americano o jazz é universal, o jazz começou por inspirar-se na Broadway e agora no rock (não tem problema). Depois é a conferência de Bill Shoemaker, sobre Cecil Taylor. Explicou que quando Cecil apareceu, foi rejeitado e lutou.

O jazz é exigente, nem toda a gente pode aderir ao jazz, mas adere. Eu fiz Rádio Comercial, Rádio XFM, continuo a fazer rádio e a escrever neste formato. Este festival é não profit e dos mais antigos a seguir ao Estoril. Temos bastante oferta de Jazz em Lisboa, como a Festa do Jazz no São Luíz - a melhor montra do jazz português, o Outjazz, o Hot Clube (que voltará), o de Valado de Frades.

Foto por Joaquim Mendes

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* Originalmente publicado a 4 de Agosto de 2011, na Le Cool Lisboa * 299

Le Vitória 6

Julho está a chegar ao fim assim como a minha estadia em Lima. O curso de cinema documental termina depois de uma dose de partilha de informação do nosso tão querido professor José Balado, director e fundador de DOCUPERÚ. A paixão dele por cinema contagia qualquer um.

No entanto o que me resta é digerir toda a informação adquirida e com isso desenvolver o meu documentário. Julho. Cuzco ferve-me no sangue, mas o meu corpo, mente e instinto dizem-me que me retire por um bom par de semanas. Este país abriu-me os olhos e o coração. Aqui sinto-me viva, aqui sinto-me mais pessoa. No entanto, há sempre dúvidas que permanecem e outras que surgem. E neste momento preciso de me afastar um pouco para aclarar as minhas ideias. Afastar também é amar. E como alfacinha de gema que sou, sinto que me falta luz, calor e praia. Deveria voltar para Cuzco? Sim. Deveria voltar para a comunidade? Também. Mas eles irão compreender. E como sempre digo, nada é por acaso nesta vida.

Peru na Copamérica. Depois de 17 fracassados anos na história do futebol , pela primeira vez chegamos aos quartos de final. E mais. Ficámos em terceiro lugar! É um acontecimento histórico! Todo o centro de Lima está em festa! Fuerza Perú! Julho é também o mês das festas pátrias. Em Cuzco festejam-se os 100 anos de Machu Pichu. A maior ironia da história deste país. Esse senhor americano Hiran Bingham que, diz-se, descobridor da cidade perdida quando esta já existia, e que deixou o povo do Vale Sagrado na miséria depois de roubar todo o ouro e jóias incas. E hoje em dia isso é motivo de festa, apenas pelo turismo, apenas porque traz dinheiro.

28 de Julho – Independência do Peru. As ruas cobrem-se de vermelho e branco. Os peruanos são orgulhosos de ser quem são, depois de tanta batalha, depois de tanto sofrimento, depois de tanto sangue derramado desde a conquista dos espanhóis à guerra com o Chile, passando pela ditadura Fujimorista onde foram cometidas as maiores atrocidades contra os direitos humanos da história política deste país.

Susana Baca foi eleita Ministra da Cultura. Uma das maiores referências da música criolla peruana, está a cargo de defender e promover o seu sangue dentro e fora do seu país. Tal como Lula, Ollanta, o nosso novo presidente, está a seguir as suas pegadas, quando elegeu Gilberto Gil para Ministro da Cultura no Brasil. Fico feliz, por saber que estamos a tomar as decisões correctas, depois de tanta opressão imposta à cultura popular por parte dos demais.

Julho. Documentários, café, cigarros e paixão, ou será que posso dizer amor? Todos os dias passavas por mim e metias-te comigo. E eu que nunca te fiz caso. Até ao teu último dia em Lima. Restavam-nos apenas algumas horas. Tu foste a correr ao terminal de autocarros e compraste um bilhete para o dia seguinte. Os meus olhos brilharam e o meu sorriso estendeu-se por largos minutos. Pôr-do-sol na praia, um ceviche na Bajada de Baños ao som da linda música criolla peruana, com a guitarra e o “cajón” dos senhores Pepe e Javier. Felizes dancamos um bolero. E um quarto de hotel. O dia amanhece e tens que seguir viagem. Pedes-me que te siga, que não te deixe cruzar o oceano sem que nos vejamos outra vez. Tu segues e há um vazio à minha volta. Dou voltas à minha cabeça tentando compreender o que fazer e como fazer. Fiz as contas aos dias e percebi onde te poderia encontrar. Que coincidência... Estão dois amigos portugueses aí
também. Porque não?

E porque quero eu fazê-lo? Estarei eu apenas à procura de uma boa história para contar e escrever uma curta-metragem? Ou estarei eu mesmo apaixonada? Sei que não devo, sei que poderá ser um erro, sei que nem sequer és o homem da minha vida, sei que vou atravessar fronteiras para te ver por mais umas escassas horas? Sei. Sei que sinto. Porque o meu coração diz “Vai!”. Vai por mais que seja uma loucura, por mais que te entregues, por mais que chores ou que sorrias depois, por mais que te encha o estômago de borboletas ou por mais que depois sintas um vazio no coração e aquele nó na garganta, mas “Vai!”. Porque a vida é curta demais para pensarmos demasiado, porque sem paixão sei que não posso viver, porque quem não chora não pode ser feliz, porque só assim me sinto viva, porque amar e desfrutar de outro ser humano é a coisa mais linda que se pode fazer nesta vida, porque não importa que sejamos felizes ou não. ”Mais vale viver que ser feliz” e “ Por imortal que seja, posto que é chama, mas que seja infinito enquanto dure”, já dizia o velho Vinicius.

Panamá. Já estou a caminho e aqui vou-te encontrar. E o meu coração bate tão depressa. Mal posso esperar.

Peru. Viajo porque preciso. Volto porque te amo.

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* Originalmente publicado a 4 de Agosto de 2011, na Le Cool Lisboa * 299