Le Crónica do Pastel de Nata

Nunca damos valor aquilo que temos. Clichés à parte, grande verdade nesta expressão. Estar em Lisboa, pedir um café e um pastel de nata é uma coisa tão banal, como tropeçar de saltos altos na calçada portuguesa. Mas quando o chão muda as coisas às quais nem prestávamos atenção tornam-se naquelas das quais mais falta sentimos. As saudades apertam se não tivermos disponíveis aqueles sabores de sempre, que fazem parte de uma tradição quotidiana.  

Quando no estrangeiro encontramos um cafezinho que vende pastéis de nata, a repentina felicidade depressa se transforma numa pequena irritação.

Le Editorial * 368 por Rafa

Crase

A cada manifestação, o político boceja. Mas aos outros e a cada crise no bolso, responde-lhe com crase na rua, àquele orçamento um belo assobio, àquela política um sonoro ululo. O Miguel , a Fauna Maria e o  Rafa.El subscrevem, Lisboa era capital antes de o capital ser termo a capitalizar. E se na televisão ou na rádio ou no jornal a coisa parece estar preta - perdão - tremida, feche-se, desligue-se ou cale-se o pio ao dito.

Saiamos à rua e esqueça-se o frio. A tertúlia voltou, a rua será sempre nossa e Lisboa... Lisboa será sempre nossa sem quaisquer juros que lhe atem com uma guita à perna.

Le Artista da Capa * 368, Ana Gil

O que é que Lisboa tem

Quem lhe atravessa as ruas sob o pôr do sol de novembro, que não arde, sabe do que falo. A calçada com cheiro a chuva, as folhas que se soltam obedecendo à estação. O outono se debruça sobre os cadernos de esquiços. Apresso-me pelas suas escadas e a cidade dita-me todas as ruas que desaguam no Tejo. O cheiro fresco do sabão nos lençóis que se estendem. Nas castanhas e nas romãs, o inverno que sabe para dali a pouco. Desenho-a.

Conheço-a de cor e mesmo assim, continuo sem saber qual o caminho para ir e não querer voltar.

O meu nome é Ana Gil, sou arquitecta e perco a conta aos cadernos das cidades que desenhei. Trago-as na memória porque desenho. Desenho para ver melhor.


O meu blog fica neste sítio e se ainda for de interesse, também tenho facebookas. Hoje é que a Le Cool partilhava comigo umas quentes e boas!!
Bom magusto para todos.

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* Originalmente publicada a 29 de Novembro de 2012, na Le Cool Lisboa * 368

Le Capa * 368

por Ana Gil

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* Originalmente publicado a 29 de Novembro de 2012, na Le Cool Lisboa * 368

Le Entrevista a Antonio Campos por Rafa.El


Conversamos com Antonio Campos ao gosto do teclado de computador cavado entre dois oceanos. Ainda que nos soe lusitano em nome, este realizador de "Afterschool" e do recente "Simon Killer", é nascido em Nova Iorque com uma costela italiana e um costado brasileiro. Vem até Lisboa e Sintra por ocasião do Festival Córtex - o 3º Festival de Curtas Metragens de Sintra. Eis o que deu à língua com a Le Cool.

Quem é Antonio Campos? Que outras coisas gostarias de incluir na tua bio, que não aparecem nas descrições que circulam online (detalhes como aquele em que te candidataste à "New York Film Academy" dizendo que tinhas 16 anos, quando tinhas de facto 13)?

Quando eu tinha 10 ou 11 anos, os meus pais levaram-me a ver o "Johnny Stecchino", de Roberto Benigni. Gostei tanto que disse ao meu pai: «Não quero mais filmes de Hollywood! Só filmes estrangeiros e independentes!» Então íamos ao cinema "Angelika", no Soho.


Velocité Café

Uma cidade ciclável merece um poiso assim para os gloriosos malucos das máquinas voadoras. Quem diz máquinas voadoras diz bikes, biclas, binas, pasteleiras - mais personalizadas ou mais vulgares, eis um café para quem tem pedal. Junto à ciclovia, o Velocité Café prolonga visualmente a rua com uma rampa que nos conduz, a nós e à máquina, diretamente à oficina, onde pequenas maleitas e males maiores são tratados com desvelo. Sendo também uma loja de bicicletas, modelos vários sorriem-nos tentadores e, para que ninguém saia daqui sozinho, alugam-se companhias de duas rodas.

Oficina do Duque

Os tempos são outros e a tradição não é o que era. A Monarquia pena como os mortais que trabalham, e os Duques tornam-se acessíveis. Por aqui os títulos abundam e as ideias também. Na engrenagem histórica que é a nação de Camões sinto sempre que estamos nesta grande oficina, edificando aquilo a que se chama a tradição portuguesa. Vivemos em tempos de crise, e a contenção económica tem disto. Gasta-se menos mas come-se melhor. E a sua resposta surge quando a criação se expande e os valores se centram nos petiscos da hora contente.

Le Editorial * 367 por Rafa

Conto de Farras

O Miguel , a Fauna Maria e o  Rafa.El adoram uma boa farra. Para um melhor mapeamento destas serras que são colinas e que formam Lisboa, o que nos dá mais prazer é ir colecionando tascas em Mourarias e Alfamas e arrabaldes que tais. Jogo da bola se o houver na caixa, amendoins à descrição, sopa da Ti Juliana ou o verde caldo com ou sem uma rodela de chouriço como bóia, bifana abafada em molho que aperta artérias só de lhe colocar o olho em cima. Lisboa é também popular e ainda bem.

A uma farra das tuas, cubro a aposta com uma das minhas a dobrar. Cada taberna de Lisboa é um templo e assim um santuário onde a crise é comentada e surge palpável se alguma vez a mini escassa.

Le Artista da Capa * 367, Maria Bouza Pinto

Chamo-me Maria, tenho 28 anos... e na verdade não gosto muito de falar sobre mim...

Quando era pequenina (e continuo a ser, mas um bocadinho menos) gostava de desenhar casas e queria ser arquitecta como o meu pai... No entanto a vida trocou-me as voltas e foram os imensos livros infantis que a minha mãe colecciona e do qual sempre estive rodeada que me trouxeram até aqui.

Cheguei
a passar pela faculdade de arquitectura, mas ao fim de uns anos e desgostosa com o curso fiz as malas e mudei-me para Barcelona. Trabalhei em bares (aproveitava para desenhar nos guardanapos), numa loja ( desenhava as pessoas que passavam na rua), num museu de zoologia (desenhava os animais, coitados... embalsamados), call-center (aqui não dava mesmo para desenhar), traduções (nem aqui)... e estudei ilustração! Desde 2006 tenho vindo a trabalhar como freelancer tanto para Espanha como para Portugal. Depois de cinco anos e meio regressei a Lisboa em Abril e às vezes ainda falo «portinhol».

Podem
encontrar-me aqui e aqui.

Lisboa
é um grande amor, mas farto-me de zangar com ela. Como com (quase) todos os grandes amores.

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* Originalmente publicada a 22 de Novembro de 2012, na Le Cool Lisboa * 367

Le Capa * 367

por Maria Bouza Pinto

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* Originalmente publicada a 22 de Novembro de 2012, na Le Cool Lisboa * 367

Le Entrevista a Michel Simeão por Rafa


Quem é de facto Michel Simeão - o que não nos conta a biografia anexa ao Festival Córtex e que está por detrás do criador deste mesmo. Como se passa do teatro para um evento que catapulta o cinema?

O Michel Simeão é acima de tudo uma pessoa que não sabe estar parada! Quando dei por mim a gerir o meu próprio Espaço Cultural em Sintra, para além de fazer os meus espetáculos de teatro e programação em parceria com o José Chaíça, senti necessidade de olhar à minha volta e perceber que mais poderia eu fazer para dinamizar e agitar culturalmente a Vila de Sintra.

O cinema tornou-se o caminho óbvio, dado que sou um apaixonado por esta arte que nunca esteve devidamente representada no concelho. Quando percebi que nunca tinha havido nenhum evento cinematográfico em Sintra, foi claro para mim que teria terreno para desbravar e lancei-me em mais uma aventura. No fundo ando sempre à procura de poder oferecer culturalmente algo fresco e vibrante, isso tem caraterizado todo o trabalho que tenho desenvolvido até hoje, como "A Visita Guiada à Casa Assombrada" em Lisboa, por exemplo.

Le Capa * 366

Por Colaboradores Le Cool

Le Artista da Capa * 366, Colaboradores Le Cool Lisboa

São momentos ou detalhes que lhes são importantes. Não necessariamente sobre Lisboa, mas que dizem pessoalmente algo a estes * enormes * colaboradores do magazine (e citando da esquerda para a direita e de cima para baixo) :

Francisca Carvalho, Francisco Batista, Pedro Ventura, Francisco Pinheiro, Lino Palmeiro, Marg, Sónia Castro e Marta D'Orey

Le Entrevista a Ricardo Filho de Josefina por Rafa

Apresenta-te e comenta aquilo que te dá maior paixão em fazer. E uma provocação, és mesmo Filho da Josefina?

Sou o Ricardo, um dos dois filhos da Josefina. O que me dá maior paixão em fazer e vou ter que me repetir, é viajar. Não ficar quieto e conhecer mais, estar lá longe da nossa cidade e tirar umas fotos, beber uns canecos, ver uns bons concertos (perfeito, perfeito, é viajar para ir ver aquele concerto) e umas exposições. Conversar sobre tudo e sobre nada ou então nem abrir a boca e respirar pelo nariz. Adoro estar com quem me sinto bem e o resto é deixar ir com a corrente.

Além de fotógrafo o que mais fazes, o que te movimenta? E como começaste nesse mundo de captar momentos?

Tirei o curso de Eletrónica e Telecomunicações, área em que trabalho há 13 anos. No meu dia-a-dia profissional, reparo radares de navios e essa é a explicação mais rápida e fácil que me sai da boca. Comecei há uns anos por querer guardar os dias da bela viagem de finalistas a Lloret de Mar e tudo começou aí com máquinas descartáveis. Andei ainda uns dois anos a tirar fotografias só com máquinas descartáveis. A partir daí fui comprando máquinas analógicas sem parar e o interesse foi aumentando e ficou tudo um pouco, mas só um pouco, mais sério. O que mais quero e gosto mesmo é de encontrar fotografias perdidas e de recuar com elas para aqueles instantes e recordar-me do que estava a acontecer naquele momento, com quem estava, seja em viagens, em festas, na praia etc.

É um instinto de flâneur que te leva a fotografar tudo aquilo que vês - circulas pela cidade, por Lisboa, e vais tirando instantâneos ou voltas aos sítios que te interessaram, para então os fotografar?

É uma mistura das duas coisas. Como vivo em Lisboa passo muitas vezes nos mesmos sítios e às vezes não consigo tirar uma foto naquele momento, então ao passar lá outro dia, pode ser que resulte tirar aquela que ficou na cabeça. Se não resultar há outra que acaba por surgir.

Gostas mais de realizar "safaris" fotográficos ou de construir toda a ambiência para obter "aquela" foto? Ou melhor, procuras a perfeição sem desvios ou vais tirando fotos até encontrar aquela que mais te atrai?

Não procuro a perfeição sem desvios, de todo, nem corro em busca "daquela" foto. Prefiro ir tirando fotos, muitas vezes, sem pensar muito, seguir o meu instinto e captar momentos, sentimentos e pormenores que me vão chamando a atenção. É claro que há sempre aquele "ora pára lá aí um segundo" ou "levanta lá o cigarro, outra vez".

Onde já te levou a fotografia e até aonde já foste com a máquina fotográfica?

Em termos de trabalho, a fotografia já me levou até Unhais da Serra (Serra da Estrela), quando fui com os pedaleiros do Jornal Pedal fazer uma reportagem. Quando chegámos, ficou tudo para segundo plano (isto foi o que pensei para mim). Andar de robe pelo hotel, pela piscina e pelo restaurante e, pelo meio, passeios de bicicleta e fotografar tudo isto foi a coisa mais natural do mundo, foi um fim-de-semana incrível. É óbvio que fizemos a reportagem e fomos muito profissionais, de robe, mas profissionais.

A fotografia ensinou-me a estar mais atento ao que me rodeia, ao ver as fotografias de outras pessoas acabo por ser transportado, fisicamente e não só, para outros sítios. Certas fotos também já fizeram com que metesse conversa com pessoas e conhecesse outras de outros países e outras realidades. E, com isto, vem uma das coisas que mais gosto de fazer que é partilhar fotos, comentá-las, trocá-las ou até mesmo impingi-las.

Em Setembro, levei a Blonde Redhead (Olympus OM1) até à Escócia, uma das mais especiais roadtrips que já fiz, também muito devido à pessoa com que viajei. Acabei por tirar dez rolos que continuam em cima da mesa de cabeceira à espera de serem revelados.

Que outros fotógrafos (portugueses e outros) destacarias e porquê?

Stephen Shore, Henri Cartier-Bresson, Lee Friendlander, Luke Byrne, Randy Martin, Drew Woods e Noemie Saland. Sara Gomes e Bart Skowron são dois amigos fotógrafos, cujo trabalho gosto bastante. Por último, Luís Janela, a pessoa que mais me tem surpreendido, em termos de fotografia, com quem partilho o Lisboa Drogada, onde colocamos algumas fotos nossas e de pessoas que nos são próximas, do dia-a-dia em Lisboa e por aí.

Lisboa é sempre apregoada de ser uma das cidades com maiores qualidades fotográficas. Essa fotogenia é da sua sombra, da sua luz, das suas cores e das suas gentes. O que achas disto, é verdade e alimenta a tua criatividade?

Eu sou alfacinha e vivi a minha vida toda em Lisboa (apesar de me terem dito muito recentemente que tenho sotaque do Porto). É óbvio que Lisboa tem uma luz especial, cores, sombras muito caraterísticas, mas mais que isso, as pessoas (incluindo as que nos roubam descaradamente, bem engravatadas e de sorriso na cara), as ruas e os prédios são o que mais observo e respiro. Mas o que me alimentou mesmo e continua a alimentar é todo um passado em Lisboa, as idas para a escola, as jogatanas na rua, as Janelas Verdes e o facto de ter vivido Lisboa de uma maneira muito própria e continuar, no presente, a vivê-la e a olhar para ela dessa forma e sempre com a saudade que Lisboa nos marca e que só se acentua com o passar dos dias.

E agora a cidade, que te falta fotografar na cidade? E de onde retiraste os melhores instantes?

Falta-me fotografar os dias que me restam e o céu, falta sempre fotografar o céu. As minhas fotografias preferidas foram tiradas entre a Lapa e as Janelas Verdes e aquelas que tiro aos meus amigos e às pessoas especiais que fazem parte da minha vida.

Sugere-me um percurso pela cidade, com ou sem máquina a tiracolo.

Há uns meses jantei com dois amigos, já não me lembro muito bem onde, mas acabámos a vaguear em Lisboa à noite, pela zona do Príncipe Real. Todo aquele percurso foi tão calmo, estávamos completamente envolvidos pela conversa e por toda a noite lisboeta, incluindo a beata a espreitar pela janela. Às vezes, não vale a pena inventar muito nem definir nada. O melhor percurso é aquele em que os passos nos levam inconscientes pela cidade e pelas ruas fora. À noite é muito bom, quer dizer, a qualquer altura do dia, mas à noite há mais paz e silêncio. A máquina no bolso para qualquer foto que se queira no negativo. No entanto, não tirei uma única foto nessa noite. As conversas e os passos ficaram só para nós.

E apresenta-me a tua próxima (e corrente) exposição.

Estou neste exato momento na praia em frente ao navio que vou assistir, à espera que ele atraque. O porto de Sines de um lado e Porto Covo lá ao fundo. E assim começa a Tempestade de Cactos. 15 fotografias tiradas durante estes últimos dois anos da minha vida profissional e dessas viagens pelos portos. Vai ser uma exposição especial por ser mesmo isso, expor indiretamente a minha profissão, que acaba por ser pouco óbvia e raramente me associam a ela. Tempestade de Cactos, como o nome não diz, é isso mesmo: navios, mar e, de certa forma, uma solidão boa.

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Enlace : ricardofilhodejosefina.com

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* Originalmente publicado a 15 de Novembro de 2012, na Le Cool Lisboa * 366

Le Editorial * 366 por Rafa

Alter Eco

O Miguel , a Fauna Maria e o  Rafa.El comparam manias ao caminhar pela calçada. Portuguesa. Que no Brasil se chama de mosaico e que por aqui tem centenas de anos como chão que pisas. O Miguel gosta de intercalar brancos com pretos, calcário com basalto. A Maria calca apenas os brancos e morre de pânico de ficar numa ilha rodeada de pedra cinza polida. O Rafa.El vai é olhando à vez para cima e para baixo, seguindo tanto os contornos dos edifícios com o céu lisboeta, como a estar atento ao percalço de uma nota caída entre a calçadinha. Porque até dava jeito.

Le Entrevista a Fernando Mondego por Francisco Pinheiro


A equipa Le Cooliana lisboeta mais parece um acordeão, em cada membro uma nota musical esticada ao seu limite como se de um intermezzo se tratasse. És parte desta partitura de forma esporádica, e segues a linha por detrás de um grande Homem? Há sempre outro, ou na verdade os originais são únicos e inimitáveis?

Sou homem de tez pálida, cútis bem tratada para a idade de pouco mais de três décadas que somo e com compleição que muitos dizem ser judaica e outros tantos francesa. A minha tia tinha toques de indiana, a minha mãe de cigana, o meu pai de africano e eu de europeu do centro e semita. Uma mistura boa como convém; sou então português, pois somos um povo vindo diretamente da liquificadora, bem aglomerados. Grande homem? Tenho 1,78, serve-me bem nos concertos, mas sinto-me baixo noutras ocasiões. 

Le Artista da Capa * 365, Luís Ferreira

Esta foto faz parte de um projeto que, acompanhado do grande Carlos Paredes, mostra o outro lado da passerelle, os momentos vividos no backstage da MODALISBOA summer 2013.
 
Os mais curiosos podem ver o vídeo aqui.
 
Galão é o nome que dei ao meu projeto de fotografia. No dia a dia tenho, juntamente com dois amigos, uma pequena produtoraother featuresque está ligada à produção audiovisual.
 
Lisboa é o azul feito em forma de céu.Viajar é o que me oxigénio para viver.

Le Editorial * 365 por Rafa

Old Spicey

O Miguel , a Fauna Maria e o  Rafa.El relaxam à força de chá e de bolinhos. O meu pai - diz R.E - à vista de tantas quedas com os mais variados objetos, nas mais variadas situações (imagina aqui skates, bicicletas, aviões tele-comandados, carros e corridas, aventuras, ultrapassagens, tudo) e à vista dos meus desastres, socorria-se sempre primeiro em favor do objeto. "Está partido, quebrou-se, ainda funciona?" Tal escola e tal crescer fez-me dar sempre conta de que o objeto é sempre secundário, ainda que parta. É como percorrer a Le Cool. Tanto evento semeado na cidade e o que me interessa visitar é aquele que possa partilhar. Contigo será assim - não?

Le Entrevista a Filipe Nabais por Rafa


Fala-me de ti na primeira pessoa.

Sou um homem de poucas palavras, falo mais com os olhos. Perco a timidez quando falo através do vídeo assinado pelo heterónimo Valise d'Images.... Um projetor é o melhor microfone: discursar para um vasto público sem dizer uma palavra é fascinante... prefiro os discursos estéticos aos éticos. Vivendo numa sociedade moralmente decadente, resta-me a imagem e os frames para fazer poesia e alimentar uma revolução.


Como andas de projetos de vida e para a vida - reflete-me aí as tuas andanças profissionais passadas e as presentes.

Apontando a mira  aos clichés que anunciam a felicidade triangular do homem, atingi as metas mais facéis: Plantei a árvore e tive um filho (já vão dois). Falta-me escrever um livro (ou no meu caso um filme).

Le Capa * 365


Por Luís Ferreira

Le Entrevista a Sandro Araújo por El Rafa


A pergunta que se impõe de início - em conjunto com uma apresentação pessoal sumária - é: tens bicicleta, Sandro?

Sim, claro! Uso diariamente uma dobrável como principal meio de transporte, desde 2007. Comecei a andar de bicicleta de um dia para o outro, na altura trabalhava perto do Adamastor, foi facílimo e resolvi logo que a eterna promessa de voltar ao ginásio caíra por terra, pois já não precisava.

E uma provocação: é possível andar de bicicleta pela cidade das colinas? Eu, que tenho 3 bikes e vou para o trabalho de bike, sei ser possível mas, e não querendo ser evangelizador quanto às duas rodas, qual é a tua vivência com a bike em Lisboa e é Lisboa uma cidade bike friendly?

Le Artista da Capa * 364, Ricardo Filho de Josefina

título do texto/legenda

.aguenta, eu estou aqui.

texto:
o tempo não se decide, bruto e inoportuno, e eu no quinto passo
ideia primitiva de carne e pele e não sei o que faço.
tu bem perto e tão demasiado com os pés na água fria.
larga, apanha-me depois nas palavras que embaciam qualquer dor.
senti o deixar que não quer na noite que vai tarde e deserta.
volta que não vem e aqui não ondas nem mares em que te vens.
cheguei agora e pouco mais.

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* Originalmente publicada a 1 de Novembro de 2012, na Le Cool Lisboa * 364

Le Capa * 364

por Ricardo Filho de Josefina

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* Originalmente publicado a 1 de Novembro de 2012, na Le Cool Lisboa * 364

Le Editorial * 364 por Rafa

Batagusto

O Miguel , a Fauna Maria e o  Rafa.El organizaram um batagusto a gosto. E escrevem um manifesto a propósito. Não um magusto porque as batatas merecem ser celebradas desde que foram trazidas do Novo Continente. Não um magusto porque as castanhas são caras a menos que tenhas a brotar um castanheiro mágico no quintal. Não um magusto porque era preferível mesmo o papel de jornal que as envolvia, do que esta bolsa em higiénica ensacagem onde a servem nas carretas de Lisboa. Enfim, a batata é boa, mas as fogueiras celebravam era essa maravilhosa semente do castanheiro e nós queremos a tradição de volta! Quentes e boas, não que nem batata no forno em fausto batagusto, mas em castanhada assada (cozida no oitavo dia da semana) à maneira. Com jeropiga de parceira.