Le Entrevista Lama Trio + Chris Speed by Pedro Tavares [ENG]

Lama Trio + Chris Speed talked with Le Cool after their performance at the 11st São Luiz Jazz Festival, where they presented the album “Lamaçal”, just released by Clean Feed Records.

Key acronyms :

(GA) Gonçalo Almeida
(SSS) Susana Santos Silva
(GS) Greg Smith
(CS) Chris Speed

You have just performed at the Jazz Festival in São Luís. How did the concert go?

CS – Guys! I thought it went great! Fantastic.
SSS – Yeah, I had fun, a lot of fun! I think it was good.
GA – I think it went pretty well.
CS – You know, actually it was great, we haven’t played together in half a year, right?
GA – Yes, that’s right.
CS – It’s like riding a bike. We just got on and it was like smooth from the first song. No train racks and the band immediately was intimate and also powerful and that’s…
GA – I felt the same. The mood was easy to jump into too.
GS – I felt that the it grew as we went on. I think it got better and better towards the end, and if we could have kept on playing…
SSS – What, forever?

Le Entrevista ao Alfama-te por Rafa


Já vos dei a palavra a todos, individualmente, pelo que me interessa agora é que me apresentem o Alfama-te, o vosso colectivo de arreigados alfamistas. Isto é assim daqueles amores predilectos que surge quando se habita ou visita um bairro múltiplas vezes, até lhe chamarem de casa? É a vossa primeira ou segunda casa?

O Alfama-te é uma ideia. A ideia de que a cidade pertence a quem nela vive. Das duas uma, ou esperas que alguém preserve o que é de todos ou então não esperas e fazes a tua parte. É o que tentamos fazer. 

Alfama é a nossa segunda casa, mas recebemos quem nos visita como se fosse na primeira. A estes chamamos «Alfamados». Lisboetas ou não que têm em comum o terem passado por um dos nossos eventos.


Le Entrevista a Paulo Moura por Lino Palmeiro


Paulo Moura é professor de Português e bibliotecário no Maria Amália, aquela escola secundária lisboeta que ainda exibe na fachada a designação «Lyceu Feminino».

Para além desta missão, ainda tem tempo para ser actor amador (por puro amor) e para sair por aí à caça de instantâneos de Lisboa.

Como é que a fotografia entrou na tua vida? Foi amor à primeira vista?

Entrou por via paterna. Desde sempre que me lembro de uma câmara embrulhada num estojo de cabedal castanho, muito ajustado, que ia sempre connosco quando viajávamos. 

PASSATEMPO Festa FATAL



«O que é bom acaba depressa, diz o povo e tem razão. O 14º Festival Anual de Teatro Académico de Lisboa começou a 7 de Maio e encerra a 25, na festa das festas, que reúne organização, companhias participantes e público fiel

Oferecemos dois convites duplos com oferta de duas bebidas, uma por bilhete (duas por cada duplo), já que a entrada é gratuita. Para teres este convite especial, basta que apontes cinco peças que estiveram presentes nesta edição do FATAL, para este e-mail

FESTA FATAL | Paradise Garage [Rua João de Oliveira Miguens 38/48] | 25 de Maio a partir das 22h

Junta à tua resposta o teu nome e identificação (BI, CC ou Passaporte)

- PASSATEMPO CONCLUÍDO -

Le Artista da Capa * 393, Camilla Watson

Camilla Watson faz parte da Mouraria. Chegou a Lisboa cinco anos e, perdendo-se de amores pelo bairro, ali decidiu ficar a viver e trabalhar. Do seu atelier no Largo dos Trigueiros têm saído, e continuam a sair, muitas imagens e projectos envolvendo a comunidade e as associações do bairro. O mais conhecido de todos será, talvez, aquele a que decidiu dar o nome de «Tributo» e que parte, precisamente, do seu local de trabalho em direcção às ruas vizinhas, mostrando a quem passa quem são os moradores e quais as suas vivências.
 
Mas Camilla não pára e prepara-se para oferecer à Mouraria mais uma galeria a céu aberto. «Retratos do Fado – um Tributo à Mouraria» é uma série de 26 fotografias, impressas sobre madeira ou directamente na parede, que Camilla coleccionou ao longo do tempo que leva de vida na Mouraria ou foi recolher junto de museus e particulares

Le Editorial * 393 por maria ninguém

Os de Lisboa? A bola, nem o jornal, nem os tintins, é mesmo o jogo! Os caracóis na época, no sítio à escolha e de imperial na mão e palito afundado no dente. Esplanar, esplanadar, sofasar sempre ao ar livre, idealmente com música jazz e a cara-metade na boca. O Tejo e o oceano, para sempre. Sardinha, pequena, média e grande, sobre o pão ou não, inteira e de(s)bocada! Pastéis: de Belém, de Nata, de Bacalhau, sem misturas, nem caldeiradas, bem à vez. Santos e o Santo António, claro! Bugio, por ser catita e parte do horizonte. Os Pessoa, esse enorme senhor de todas as letras e mais algumas. Fado, essa imaterialidade tão nossa e do Marceneiro. E que mais (isto iria até aos mil)! / maria ninguém

O Miguel e o Rafa.El fazem contas à vida e pensam em ser agentes de jogadores de berlinde. Talvez bole.

Somos parceiros de comunicação do LandArt Cascais 2013, do FATAL, do FIMFA, do África Mostra-se, do Alfama-te, do Café Improv, do Pecha Kucha Night Lisboa e da Madame. E gostávamos tanto de ser do Haneke, porque admiramos o senhor. Deixem-se de «Funny Games», senhores políticos!

A Le Cool Lisboa abdicou do Acordo Ortográfico. pp p -- - c c c- p (Estas foram recuperadas do balde de sobras). Gostas ou adoras?

Le Capa * 393

Por Camilla Watson

Le Entrevista a Naoko Tanaka por Rafa [PT]

Ao visitar Lisboa para a apresentação de «Die Scheinwerferin» (De 23 a 25 Maio no Espaço Alkantara, incluído no FIMFA Lx13), Naoko Tanaka dá-nos algumas palavras. 
 
Dança, coreografia, instalações, performances, som, iluminação e imagem. Vês-te como uma artista completa, a perfeita manifestação da ideia da arte total ou, dizendo de outra forma, como uma «mulher do Renascimento»? 
 
Tento seguir e servir ideias artísticas o mais estritamente possível. O formato em que se manifestam (de que forma é que se apresentam como trabalhos de arte) depende de cada ideia e pensamento. 

Le Entrevista a Naoko Tanaka por Rafa [ENG]


Visiting Lisbon for the presentation of "Die Scheinwerferin"  (23rd to 25th of May 13, in Espaço Alkantara, included in FIMFA Lx 13), Naoko Tanaka gives us a few words.
Dance, choreography, installations, performances, sound, light and image. Do you see yourself as a complete artist, a perfect manifestation of the total art idea or, saying in a different way, like a "Woman of the Renaissance"?

I try to follow and serve at artistic ideas strictly as much as possible. The format of their manifestation (in which form it embodies as art work) depend of each ideas & thoughts.

Le Entrevista a Elena Piatok (Directora Executiva da Judaica) por Pedro Alfacinha

De 22 a 25 de Maio, no Cinema São Jorge, vai ter lugar a Judaica - 1ª Mostra de Cinema e Cultura, como surgiu
a ideia de organizar esta mostra?

O projecto nasce da convicção de que, como em tantas outras cidades do mundo, existe espaço para um certame de temática judaica. Outra razão é porque Lisboa é um local onde há uma forte raiz da cultura judaica,este ano não ficou evidenciada mas é algo que quero explorar numa próxima edição desta mostra. 

Tal só foi possível com o apoio da CML, da EGEAC, do Goethe Institut, da Alambique e, claro está, do Cinema São Jorge, com quem co-produzimos este festival.

Existe um grande ênfase em apresentar filmes em estreias absolutas.

Todos eles são estreias absolutas, com excepção do documentário polaco de Marian Marzynski que já foi apresentado na Cinemateca pelo próprio realizador. Em «Nunca te Esqueças de Mentir», o mais recente filme autobiográfico do aclamado realizador, Marzynski explora, pela primeira vez, a sua infância e as experiências de outras crianças sobreviventes durante a guerra, descobrindo os seus sentimentos sobre a Polónia, a Igreja Católica, e as consequências de identidades forjadas sob circunstâncias em que a sobrevivência começa com a instrução «Nunca te Esqueças de Mentir».

O que é os portugueses conhecem do povo judeu para além das notícias sobre os conflitos entre Israel e a Palestina?

Isso é algo que gostaria de esclarecer, existe uma grande confusão entre judeu e israelista, não é a mesma coisa. Nem todos os judeus são israelitas. Há judeus em todas as partes do mundo. Nós somos brasileiros, mexicanos, polacos, romenos, americanos judeus e há os israelitas. Vão passar dois filmes israelitas mas é um festival da cultura judaica universal e milenária. Alguns filmes acontecem na Suécia, em França, na Polónia, em Israel e muitos outros países.
Nesta 1ª Mostra também há sessões para um público mais jovem e para as suas famílias, fale-nos um pouco desta vertente.

Um dos aspectos mais importantes que queremos realçar nesta mostra é a didáctica com sessões para escolas, infelizmente a programação calha numa altura de exames por isso a afluência não vai ser tão grande como esperado.

Vamos apresentar o filme «A Mala de Hana», um filme canadiano/checo que conta a história duma professora japonesa que recebe uma mala com o nome duma menina que morreu num campo de concentração e procura saber mais acerca da sua vida. Consegue encontrar o irmão dela, George, que está vivo e que vive em Toronto. Tenta passar a mensagem que as crianças estão abertas a aprender e a amar. A sessão para as Escolas vai ser na Sexta-feira às 10h30 e a S. E. Embaixadora da República Checa, Dra. Markéta Šarbochová, honra-nos com a sua presença para falar do Concurso Internacional de Arte Plástica Infantil Lidice e a sessão para as famílias vai ser no Sábado pelas 16h30.

O filme de abertura, «O Comboio da Vida» de Radu Mihaileanu fala sobre a questão do Holocausto mas faz uma abordagem diferente do habitual.

Radu Mihaileanu já é bastante conhecido entre o público português por ter vencido, por duas vezes, o Prémio do Público da Festa do Cinema Francês, em 2010, com «O Concerto» e  em 2011, com «A Fonte das Mulheres». O filme de abertura tem elementos de humor e quando vi o filme pela primeira vez na televisão polaca fiquei algo confusa e não percebi muito bem mas depois de ver alguns dos seus filmes, sobretudo «O Concerto», percebi qual era o objectivo.

Ele trata as coisas muito sérias com humor mas sem chegar ao ridículo, sem banalizar, com uma mensagem tão subtil que vai tocar todas as pessoas e vai fazer rir o público. 

Radu nasceu na Roménia, em 1958, no seio de uma família judaica. O seu pai, Mordechai Buchman, perseguido pelos nazis, viu-se obrigado a mudar de nome - para Ion Mihaileanu, a fim de passar desapercebido na Roménia de Ceaucescu. A Judaica orgulha-se de apresentar, pela primeira vez em Portugal, «O Comboio da Vida», amplamente galardoado a nível internacional, na presença do seu realizador.

Outro dos convidados desta mostra é o realizador Eran Riklis que vem apresentar o seu filme «Zaytoun».

É um realizador muito equilibrado, tem uma visão da relação israelo-palestiniana que muitos apelidam de pouco realista mas nos seus filmes ele retrata pessoas que apesar de todos os problemas conseguem encontrar almas comuns e ultrapassar as barreiras políticas que são impostas a ambos. 

É um road movie sobre um paraquedista que é feito prisioneiro e que é salvo por um rapaz palestiniano quer ir à terra dele plantar uma oliveira (zaytoun). Daí tem origem a palavra portuguesa azeitona. Quis apresentar este filme para mostrar que entre os realizadores israelitas há esta ideia que é possível conciliar as divergências existentes.

Outro filme que também retrata situações terríveis é «O Tempo Perdido» de Anna Justice, porquê a sua escolha?

A guionista deste filme, Pam Katz, é co-autora do filme «Hannah Arendt» que vai encerrar a Judaica e daí ter querido fazer a ligação entre os dois filmes. O filme de Anna Justice fala dos horrores de Auschwitz mas o que vem ao de cima é uma história de amor eterna. O argumento é baseado em factos verídicos o que traz uma carga emocional ainda mais forte a toda a história. 

Gostava também de referir o lancinante «Lore» da realizadora australiana Cate Shortland que será apresentado pela S. E. Embaixadora da Austrália, Anne Plunkett, o que para nós é motivo de grande satisfação. É um filme muito forte, que aborda o outro lado dos vencidos, neste caso os alemães. Retrata a vida dos filhos de nazis que fogem enquanto os pais são feitos prisioneiros e que são salvos por um jovem judeu que fugiu a Auschwitz. Surge a questão que é possível salvar vidas independentemente de quem são essas pessoas.

Por falar em salvar vidas um nome que me vem à memória é um diplomata português Aristides de Sousa Mendes e vão ter uma exposição no Foyer do S. Jorge para homenagear o seu bom exemplo numa altura de medos e cobardias.

Foi uma feliz coincidência pois está em a ser preparada a 2ª Fase do Museu Virtual Aristides de Sousa Mendes (MVASM), estive em contacto com a Coordenadora, a Arquitecta Luísa Marques, e foi possível apresentar a exposição chamada «O Caminho (da Av.) da Liberdade». Através de fotografias vai-nos mostrar o que era esta Avenida na época e como foi vista pelos refugiados judeus como um paraíso.

Falando de mulheres realizadoras e dos temas abordados, toda a programação tem uma fortíssima componente feminina, quais os maiores destaques?

Gostava de fazer destaque ao filme «O Quinto Céu» de Dina Zvi-Riklis, que vem a Lisboa para apresentar o seu fime e «Simon e os Carvalhos» de Lisa Ohlin, nomeado para 13 óscares suecos. O filme de Dina Zvi-Riklis fala de um Israel que não aparece muito nos filmes, retrata uma época antes da fundação do estado. Em relação ao filme de Lisa Ohlin a história gira em torno dum segredo. É interessante por se passar na Suécia, que não foi ocupada pelo regime nazi, mas onde teve uma certa força. 
Cada uma destas realizadoras, com a sua maneira muito especial, passa o testemunho da História. História essa que, ainda mais uma mulher, Roberta Grossman, nos traz ao longo de séculos e através de variadas geografias contida numa única canção universal, «Hava Nagila (O Filme)», documentário delicioso, hilariante, comovedor e é a estreia absoluta na Europa. E ainda mais um filme cheio de força feminina, transbordante na Alma Mahler que, com os seus devaneios, leva o desconsolado Gustav a pedir ajuda a Freud e sujeitar-se a sessões de terapia, em «Mahler no Divã».

E após o visionamento do filme os espectadores podem participar num debate sobre Freud.

Sem dúvida, o filme com a sublime música do próprio compositor serve de pretexto para um debate partindo do livro de Michel Onfray «Anti-Freud», que desmonta o mito do pai da psicanálise, e que conta com a participação da psicanalista Maria do Carmo Sousa Lima e do musicólogo e crítico musical, Rui Vieira Nery. Vão falar sobre a relação de Mahler com a música e do papel da psicanálise. 

Vamos ter um outro debate no último dia, após o filme «Hannah Arendt» com um conjunto de convidados: Esther Mucznik, Vice-Presidente da Comunidade Israelita de Lisboa e fundadora da Associação Portuguesa de Estudos Judaicos, António Araújo e Miguel Nogueira de Brito, ambos professores da Faculdade de Direito de Lisboa sob a moderação da jornalista, crítica literária e escritora Filipa Melo. Neste debate vai-se abordar o Julgamento de Eichmann em Jerusalém e o pensamento político de Hanna Arendt patente no filme.

O filme «Hannah Arendt» de Margarethe Von Trotta é sem duvida o filme do ano, pode levantar-nos um bocadinho do véu?

É um filme bastante polémico mas necessário que retrata o acompanhamento in loco dum grande acontecimento, o julgamento de Eichman em Jerusalém, por parte da filósofa e pensadora política alemã de origem judaica. Aldolf Eichmann foi um dos grandes responsáveis pela «Solução Final», que levou ao extermínio de seis milhões de judeus. Nos artigos publicados no prestigiado jornal New Yorker Hannah Arendt considera que Eichmann não é um monstro mas apenas um homem comum, um simples burocrata que se refugia em ordens superiores tornadas leis e que prescinde da capacidade humana de pensar. Eis Adolf Eichmann, a banalidade do mal em si mesmo.

Esta mostra não podia encerrar de forma mais alegre e descontraída, o que preparou para o último dia?

Preparámos uma divertida surpresa, cortesia de Woody Allen para todos os espectadores que assistam ao filme «Hava Nagila», está garantida muita diversão. A Judaica encerrará em beleza com um concerto de música Klezmer pelos fabulosos Lisbon Klezmer Brass que sem dúvida vai encher a Sala Montepio com entusiastas que queiram sentir ao vivo, a alma e o espírito do que esta Judaica representa.

Para terminar gostava que dissesse quais as suas expectativas para esta 1ª mostra e que desejos para o futuro.

Espero que esta mostra tenha muito sucesso e que se possa repetir e vir a crescer. Deixo o desejo de concretizar no futuro algumas iniciativas que este ano não foram possíveis, como a de organizar um concerto sinfónico com músicas de compositores judeus, muitos deles desconhecidos e também quero dar mais realce à rede de Judiarias existentes em Lisboa. 

Estou contente porque já apareceu um artigo no Jerusalem Post a falar deste festival, já chegámos à Terra Prometida. Expresso a vontade de que esta mostra faça parte do roteiro habitual dos festivais em Lisboa.

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Judaica – 1ª Mostra de Cinema e Cultura : http://www.judaicacinema.org

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* Originalmente publicada a 22 de Maio de 2013, na Le Cool Lisboa * 392

Le Entrevista a Camilla Watson por Cláudio Braga

Camilla Watson já faz parte da Mouraria. Chegou a Lisboa há cinco anos e, perdendo-se de amores pelo bairro, ali decidiu ficar a viver e trabalhar. Do seu atelier no Largo dos Trigueiros têm saído, e continuam a sair, muitas imagens e projectos envolvendo a comunidade e as associações do bairro. O mais conhecido de todos será, talvez, aquele a que decidiu dar o nome de «Tributo» e que parte, precisamente, do seu local de trabalho em direcção às ruas vizinhas, mostrando a quem passa quem são os moradores e quais as suas vivências.
Mas Camilla não pára e prepara-se para oferecer à Mouraria mais uma galeria a céu aberto. «Retratos do Fado – um Tributo à Mouraria» é uma série de 26 fotografias, impressas sobre madeira ou directamente na parede, que Camilla coleccionou ao longo do tempo que leva de vida na Mouraria ou foi recolher junto de museus e particulares.


FILMES COM LISBOA DENTRO (2005/2009)

[1] A Vida Interior de Martin Frost (The Inner Life of Martin Frost) de Paul Auster, 2007. Sim, nem mais. Filme realizado, escrito e filmado em Lisboa (e nas Azenhas do Mar) pelo conhecido autor Paul Auster. A paisagem portuguesa aparece a espaços largos, num filme teimoso que não é Lulu on the Bridge. Na foto, David Thewlis e Irène Jacob. Filme em inglês e português.

FILMES COM LISBOA DENTRO (1995/1999)

[1] Dançar até Morrer (Clubbed to Death - Lola) de Yolande Zauberman, 1996. Filme dedicado à faixa Clubbed to Death de Rob Dougan presente na BSO do Matrix. Não se localiza - não o localizei - onde é filmado ao redor de Lisboa, mas vão-se ouvindo aqui e ali e nas pausas da dança-transe que é este filme, vozes em português. Na foto, Élodie Bouchez e Roschdy Zem. Filme em francês.

FILMES COM LISBOA DENTRO (1990/1994)

[1] A Casa da Rússia ( The Russia House) de Fred Schepisi, 1990, do livro homónimo de John le Carré, de 1989. Foram filmadas cenas em Lisboa, segundo David Williams [http://bit.ly/1au19aG], no Palácio dos Condes de Vimioso, no Largo das Portas do Sol, na Rua das Escolas Gerais, 88 (apartamento da personagem de Sean Connery), nas docas e na Baixa-Chiado. Na foto, um bar que já não existe, na Rua do Jardim do Tabaco.

OLHA outro still d'A Casa da Rússia, com o Sean Connery e um «wisqui» a todo o gás. E foi apenas o primeiro. 

E ainda outro. Olha lá Alfama desde a janela do apartamento de Barley; São Miguel, o Tejo, o reflexo de Santa Luzia e o omnipresente wiskas.

[2] Até ao Fim do Mundo (Bis ans Ende der Welt) de Wim Wenders, 1991. Epopeia global de Wenders que foi editado inicialmente com 8 horas, passa também por Lisboa, ocasião a ser revisitada pelo realizador alemão. Na foto, Amália Rodrigues, em trechos do percurso do E25 e do E12. Filme em português / inglês e vários outros idiomas.

[2] A Janela (Maryalva Mix) de Edgar Pêra, 1991. Filme absolutamente lisboeta que nos é ofertado na habitual catarse misto de videoart e videoclip - é contido cinema bem linear, se bem que curvilíneo. Aqui, Lúcia Sigalho multiplica-se como actriz e a personagem Antónyo é desmultiplicada por diversos actores. Na foto, Lúcia Sigalho e Manuel João Vieira.

[3] Lisbon Story de Wim Wenders, 1994. Um sonoplasta vai descobrindo Lisboa ao correr dos seus estalidos e silêncios, por becos, pela sombra e com sol e na companhia dos Madredeus. Na foto, Manoel de Oliveira, que tem um cameo no filme. Filme em alemão / inglês / português. 

CENAS &tal 1

[1] CAMÕES SIDERAL ► Parece uma ironia literária, mas é um facto da geografia espacial de deixar qualquer tuga de orgulhosa lágrima no olho direito. Luís Vaz de Camões deu nome a uma cratera de 70 km de diâmetro em Mercúrio, o tal que apareceu todo solícito em sonhos a Vasco da Gama n'Os Lusíadas. Observa lá o tamanho da coisa! Créditos: NASA et alii, mais : http://bit.ly/1875RGQ

[2] e CAMÕES, O EXTRATERRESTRE ► Já que estou numa de Camões e espaço, eis um viajante que já percorreu mais quilómetros do que aqueles que vão de Macau até Goa (e sem deixar Dinamenes de lastro pelo caminho). É o asteróide 5160 Camoes, circula a 19,picos km/s e foi achado em 1979. A cintura de asteróides, onde navega o 5160 Camoes, é o pontilhado a branco na imagem. Mais : http://bit.ly/18RoHDc

LISBOA à NOITE ► Paolo Nespoli fotografou-nos desde a ISS, créditos ESA/NASA. Topas ali a Liberdade e a Baixa ou a Vasco da Gama? Milhões de pontos de luz a descrever a noite lisboeta. Daqui : http://bit.ly/bZiqJ

28 ► Sei que adoravas que este eléctrico estivesse à venda pela LEGO. Belíssimo, não? Obra e inspiração de Nuno2500 (Nuno Miguel), um construtor envolvido na Comunidade 0937. Vê o restante por aqui (tem até malta no interior!) : http://bit.ly/ZMSU2D

ESCALA ► Indiana Jones quase a tocar Lisboa na sua Last Crusade, depois de dar uma de arqueólogo em trânsito pelos Açores (já que São Miguel está apontado e a data é 1938, deve ter aterrado na base aérea de Rabo de Peixe, talvez). Mas também um filme é um filme. * E, em Lisboa, deve ter ido a Alverca (não é um hidroavião)



em 1940, ‪#‎LISBOA‬ tinha 2 aeroportos ► o Aeroporto da Portela e o Aeroporto Marítimo de Cabo Ruivo, ligados entre si pela Avenida Entre-os-Aeroportos (agora é Avenida de Berlim). Em 1940 foram inaugurados, o Marítimo servia as ligações atlânticas por hidrovião e a Portela, que substituiu o de Alverca (que recebia asas já desde 1919), fazia a ponte aérea com o resto da Europa.

Filme vintage : http://bit.ly/172XAD5
Espreita o mapa : http://bit.ly/12X9gXO
Foto daqui : http://bit.ly/12XlgUG

FILMES COM LISBOA DENTRO (1985/1989)


[1] Recordações da Casa Amarela de João César Monteiro, 1989. Primeiro tomo da trilogia de João de Deus, este premiado em Veneza. Poder-se-ia dizer que se representou magnificamente a ele próprio como um devasso e vagabundo que tudo nega e a nada se nega. Na foto, Luís Miguel Cintra e João César Monteiro tendo como cenário o Panóptico de Lisboa, a «oitava», ala de segurança do Hospital Miguel Bombarda.

FILMES COM LISBOA DENTRO (1970/1974)


[1] Jaime de António Reis e Margarida Cordeiro, 1974. Um belíssimo documento do mestre dos documentaristas portugueses (um, porque temos vários, mas será talvez o mais apontado academicamente). Jaime, apogeu dos artistas da Arte Bruta portuguesa, em exposição parcial no Panóptico do Miguel Bombarda, eis a sua obra.

FILMES COM LISBOA DENTRO (1960/1964)

[1] Dom Roberto de José Ernesto de Sousa, 1962. Única longa metragem de Ernesto de Sousa, perseguido pela polícia do estado e que chegou a ser duplamente premiada em Cannes. É considerada fundadora, em conjunto com Verdes Anos, do novo cinema português. Na foto, Glicínia Quartin e Raul Solnado. Para ler mais sobre o autor: http://www.ernestodesousa.com/?p=77

[2] Verdes Anos de Paulo Rocha, 1963.  Primeira longa do realizador e obra marcante (em conjunto com Dom Roberto de Ernesto de Sousa e Saltimbancos de Manuel Guimarães, segundo alguma crítica) do novo cinema, cinéma nouveau, português. Na foto, Isabel Ruth e Rui Gomes.

[3] Belarmino de Fernando Lopes, 1964. Belíssimo documentário Cinema Novo português que segue Belarmino Fragoso pelas ruas de Lisboa. Biscateiro e boxeur, nunca baixou as luvas mesmo perante o combate mais renhido, o da vida bem sucedida.


FILMES COM LISBOA DENTRO (1930/1934)

[1] Lisboa, Crónica Anedótica de José Leitão de Barros, 1930, sucessão de episódios lisboetas e de lisboetas do grande Leitão de Barros, um dos pioneiros do documentário etnoficcionado. O filme é mudo, mas as figuras parece que vão balbuciando para a câmara.

[2] A Canção de Lisboa de Cottinelli Telmo, 1933. Filme fundamental por inúmeras razões: realizado por um arquitecto, cenógrafo e cartoonista, é o primeiro filme sonoro verdadeiramente português (ou primeiro filme totalmente português a ter som) e seminal na comédia portuguesa como género cinematográfico. Na foto, Beatriz Costa e Vasco Santana.

Le Entrevista a Gilbert Peyre por Rafa [PT]

«Cupidon, Propriétaire de l'Immeuble situé sur l'Enfer et le Paradis», o espectáculo que sinaliza a tua primeira vinda a Portugal como um artista com a (tua) «Cie P.P. Dream & Gilbert Peyre», abre o festival FIMFA Lx13 (Festival Internacional de Marionetas e Formas Animadas). Que podemos esperar desta estreia?

«Cupidon» baralha as regras, faz descobrir um mundo desconcertante, estranho e pouco habitual, onde a tecnologia toma parte do sonho. Uma caixa é aberta e fala-se de sexo, de amor, de loucura, mas nem tudo é tão bonito como as imagens nos fazem crer... 
É um trabalho de arte encenado, as esculturas animadas também são actores, é uma exposição transposta para um palco de teatro, com os códigos de um espectáculo ao vivo e de ópera. Diversas imagens aparecem, som também, com a música de Gérard Pesson incluída no som das máquinas ao longo da peça e a de Raphaël Beau, com a canção de Caruso, no momento em que avança «La Jupe et le Pantalon»
Como descreverias a tua relação com o marionetismo, vê-la como uma boa representação (projecção) da natureza humana e dos relacionamentos? Naturalmente que não funciona sem diversão, imagino que terás imenso prazer ao escrever os espectáculos e ao materializar os personagens. Como explicarias o teu processo de criação? Haverá espaço, durante o espectáculo, para improvisar linhas e a actuação?

Desde a minha infância que coloco em movimento tudo o que encontro; a minha forma de criar é assim, eu mostro objectos com movimento. Convoco imagens, eu «sou» um cirurgião plástico e tenho visões como pintor, como escultor. Reutilizo objectos, imagens que me agradam e recrio um puzzle com as minhas esculturas; reinvento uma história, ao longo do tempo, da minha inspiração. Já tinha criado playlets [pequenas peças] em 1998, com Achilles Orsoni e a vestimenta com as lâmpadas dinâmicas; ele cantava em playback o texto de Yves Garnier com a sopano Lydie Morales e já avançava com um pequeno carro.


Então, o «Cupidon» começou em 2007 com Achilles Orsoni (Cupidon), o texto cantado pela soprano e apenas com o armário, símbolo religioso, e durava apenas 15 minutos. Para a sua criação no BIAM em 2009 com Pantin, a duração passou a 1h e fui rodeado com uma equipa técnica e artística. Os primeiros actores a actuar comigo, Corinne Martin e Achilles Orsoni, gravaram vozes sem que lhes explicasse o que eu queria expressar. Flora Marvaud criou a iluminação; Fabien Caron o som em completa osmose comigo; para a criação do vestuário, falámos muito com Morgane Olivier, a fim de não refazer o «Alice au Pays des Merveilles». Aqui não existe improvisação; tudo é gravado, trabalho ao milímetro; os actores têm auriculares e obedecem a ordens; o texto é sempre cantado em playback. Mas a tecnologia melhorou.
 
Os dois manipuladores (Juliet Zanon and Bachir Sam), que operam objectos por controlo remoto, os lugares da Noiva / Fiancée e do Cupido / Cupidon, às vezes divertem-se a ir um pouco mais longe das suas acções, mas a sua liberdade é restringida pela tecnologia. Eles permanecem solidamente com os actores Cupido / Cupidon (Jean-Yves Tual) e a Noiva / Fiancée (Marie De Oliveira), que trazem as suas próprias emoções, caem, jogam com o olhar, a cara, os braços. Mas a parte inferior do seu corpo permanece estático, eles estão sentados de joelhos, numa posição que tentaram tornar o mais confortável possível. No último Festival Materia Prima em Cracóvia, o seu jogo foi explêndido, havia amor, o que levou todo o público a aplaudir de pé.


Só a Governanta (Gaëlle Fiaschi) é que caminha normalmente,  mas numa saia tão justa que a obriga a dar pequenos passos. Se coordeno os meus actores como marionetas, espero não ser um manipulador!

Não sou alguém que possa comunicar, devotar-se a falar sobre a sua arte; assim, os meus textos falam por mim e o humor também, sempre, porque a vida sem humor seria impossível. Assim como sem amor, também.

O teu trabalho tem sido descrito e comentado como uma comédia mecânica (muito como o «Cirque Calder»), um circo, uma parada, uma liturgia. E Gilbert Peyre como um génio, um inventor, um mestre do do-it-yourself. Além de todos estes agradáveis atributos e cumprimentos, o do-it-yourself tem um grande papel no desenvolvimento dos teus espectáculo e o epíteto de genialidade não existe sem razão. Como é que o DIY surgiu e será que conscientemente se pretende algo com ele?

Venho de uma grande família, não estudei e saí da minha casa aos 14 anos para trabalhar. Tive diversos trabalhos mas, tive problemas de alimento, que apenas a arte foi bem sucedida em aplacar. O encontro com a minha mulher Laurence em 1984, também me ajudou a abri-me mais aos outros.


E eu, que trabalhava a sós na minha oficina, surgi daí para me envolver de técnicos e actores. Em 1996 criei a minha companhia, a P.P.Dream, com a minha mulher e montei sozinho a «Ce soir on tue le Cochon». Para o «Cupidon» em 2009, o Visconte de Bartholin suportou-me financeiramente e trouxe parte da equipa técnica. Actualmente, Loïc Guyon, o gestor geral, empresta profissionalismo à organização.

A palavra génio, são os outros que a pronunciam; eu, eu trabalho, eu avanço, com dificuldades, porque mostrar notavelmente «Cupidon» necessita de energias; a equipa aceita a nossas condições, não somos subsidiados; eu tomo um plano de espectáculo assim que cumpro e animo esculturas! Não procuro financiamento antecipadamente. Com Laurence, fizemos tudo na companhia, mas a isso chegámos!

Eu não prego o do-it-yourself, mas se há algo a dizer, a sair, é necessário aprofundar. Não tentar usar meios demasiado caros a princípio. Agora, a mais pequena das coisas que construo tem custos, como o pneumático por exemplo, porque nada é reutilizado. Mas estou rodeado de pessoas muito generosas, como Fabien Poutignat (Loupi Electronique) e Robert Breton, engenheiro de electrónicas.

No meu trabalho como artista, tive sempre montanhas a nivelar, tudo é feito com intenso trabalho, gostaria de ser mais suportado financeiramente; felizmente, algumas instituições culturais exibiram o «Cupidon» em Paris, durante 2009-2010. E, desde então e a cada ano, há um festival estrangeiro que «batalha» para o apresentar. Diz-se que criar em dificuldade é mais vantajoso, mas há 9 pessoas na equipa do «Cupidon», já não estou sozinho. Iremos exibir «Cupidon» em Paris, na tenda do Cirque Electrique de 11 a 22 de Setembro. Será uma nova aventura...

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Fotos por Krzysztof Wojcik

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* Originalmente publicado a 17 de Maio de 2013, na Le Cool Lisboa * 392