Le Entrevista a Alexa Rodrigues por Luísa Baptista
Há pessoas que parece que nascem com um followspot natural. É assim a Alexa Rodrigues. Não passa despercebida, é multifacetada, inteligente e muito hábil no que toca à vida na cidade. Recentemente chegada de São Tomé e Príncipe, onde esteve três meses na “Selva” como gestora de imagem do recém-eleito presidente Dr. Manuel Pinto da Costa, esta menina tem uma enorme curiosidade pelo mundo e o seu percurso curricular é uma pequena mostra disso: Engenharia no IST, Pós-graduação em Controlo de Gestão no ISCTE, Projectos de Decoração de Interiores na Fund. Ricardo Espírito Santo, Instrutora de Fitness Internacional, Pilates, Styling e Assessoria de Imagem na Escola de Moda de Lisboa entre outras formações
menores.
Foi de manequim a mineira, de bancária a produtora de eventos, de instrutora de Pilates a consultora de imagem. Lisboa à distância ganhou-lhe um novo afecto. Encara todas as situações da vida como um desafio e assim tem vivido, com poucas horas de sono. Vai-nos contar a experiência africana e a sua vida nesta cidade que todos gostamos tanto.
Foi através da tua empresa Go Ego que foste parar a África?
Foi! Um amigo meu convidou-me para fazer a gestão de imagem de um político que se preparava para se candidatar às eleições presidenciais de São Tomé e Príncipe, a ideia pareceu-me interessante e decidi aceitar o projecto. Quando conheci o Dr. Manuel Pinto da Costa fiquei arrebatada pela sua personalidade, ideais e experiência de vida. Não hesitei em aceitar a proposta de ir durante uns meses para São Tomé e trabalhar numa campanha eleitoral. A Go Ego é uma empresa de personal image e de festas diferentes.
Como foi essa experiência?
A minha ida para São Tomé ultrapassa em grande escala a noção de trabalho, para mim foi uma espécie de missão. Descobri um país com condições de vida completamente diferentes das nossas, com um dos povos mais simpáticos que conheci e fui obrigada a pensar, em quase todas as circunstâncias “fora da caixa”. Ganhei um maneira nova de pensar, imensas histórias para contar aos netos e os São Tomenses ganharam um excelente presidente da república.
Dá-me as tuas dicas pessoais de sobrevivência na selva africana. (risos)
Eu escrevi dicas de como sobreviver na “jungle” para jovens urbanos. Acho que o mais importante e que é preciso ter mais em mente é: tudo o que vocês sabem, todos os conceitos que vocês têm, foram construídos com base em princípios que não são bem iguais lá, portanto todos os dados que temos como adquiridos, nós temos que ser humildes ao ponto de nos questionarmos e pensarmos de uma maneira diferente, fora da “caixa”. Desde as coisas mais simples como não haver carteiros, ninguém te vai entregar uma carta em casa, tens uma caixa postal e vais buscar; nem todas as casas têm luz e água.
Sim, mas de África já se espera que seja mais ou menos assim.
Sim, mas uma coisa é tu pensares, outra é viveres com isso. A maneira como eles vêem as relações sentimentais, o conceito que nós temos de monogamico, lá não existe. Hoje em dia já há algumas mulheres que acham menos graça às “liberdades” dos homens, mas socialmente é aceite, não é censurado. Ninguém se espanta, de todo! Para mim foi um choque. Quando cheguei lá foi a coisa que mais me chocou, ser tudo às claras. Era uma coisa que eu tinha conceitos muito vincados sobre isso e saí de lá a pensar que se calhar cá também não é muito diferente. Nós temos uma coisa que se calhar eles não usam tanto que é o divórcio.
Então como é que resolvem as coisas?
Mantêm-se! Todos. E são todas oficiais. As mulheres podem protestar um bocadinho mas como socialmente é aceite, elas têm que ir “with the flow”. (risos)
Bom, e tópicos mas práticos de sobrevivência?
Há tantos, tão giros! Não andes descalça porque existem bichos que entram literalmente dentro dos teus pés, ficam debaixo da tua pele! Eu sei que está muito calor, mas se fores para a selva, por favor, calça-te! Não andes de havaianas ou de chinelas porque há cobras no chão, há bichos que não queres tocar. A dança nas discotecas – de repente troca a música e toda a gente se agarra – a tarrachinha é pélvis masculino contra pélvis feminino e roçam-se um no outro! Basicamente é sexo, com roupa! Quando me vêm perguntar se eu quero dançar e se eu não conheço a pessoa de lado nenhum, para mim, é completamente inconcebível aquela pessoa colar-se a mim, não é? Aliás, inventei uma frase que era: ”eu não atarracho, eu só desatarracho”! Chocou-me, sim. (risos)
O que é que pensavas de Lisboa quando estavas à distância?
Tinha imensas saudades de Lisboa! Para além daquelas coisas cliché como os teus amigos, as pessoas de quem gostas, etc. E é giro ver como em tão pouco tempo, foi um trimestre, ver no regresso as diferenças das pessoas e das coisas, a coisas que abrem e que fecham, as lojas que mudam, as pessoas que saem duns sítios e vão para outros. E sentes um bocadinho o sentimento de expatriado que é: eu saí de lá, quando estava lá tinha saudades de cá, estou cá e tenho saudades de lá e parece que durante uns tempos andas num limbo, não és de cá nem de lá. Estás algures no Atlântico. (risos)
E a tua relação com a cidade, fala-me um pouco disto.
Eu nasci no Largo do Caldas e moro na Praça da Figueira, moro a dois quarteirões do sítio onde eu nasci. Sempre vivi em Lisboa. Eu não concebo a ideia de ir morar para a periferia sequer! Fora do país, se calhar ia mais facilmente, neste espírito de aventura, mas sempre com uma data de regresso. Mas Lisboa para mim é, sabes aquele sítio em que te sentes em casa, conheces os cantinhos todos e sentes-te confortável. É o conforto do conhecido, não é?
E o Cais do Sodré?
O Cais do Sodré... (risos). É a mesma coisa que te estava a dizer sobre Lisboa, tu lá entras em qualquer sítio e há sempre 10 caras conhecidas! Que sorriem para ti e que é aquele sorriso do “és bem-vinda”, faz-te sentir em casa. É aquela sensação acolhedora. E o Cais do Sodré é uma história muita gira porque o meu primo é dono do Jamaica e eu nunca tinha ido ao Cais do Sodré. Fui ao Cais do Sodré pela primeira vez em Setembro do ano passado. E eu sou uma pessoa normalmente extrovertida, em pouco tempo conheci toda a gente, e agora eu vou lá porque me sinto em casa! Porque estão lá os meus amigos, todas as pessoas que estão nos bares eu conheço, porque conheço todos os porteiros, porque se me acontecer alguma coisa sei que me protegem. E depois o Cais do Sodré conserva um bocadinho daquilo que o Bairro Alto já perdeu, que
é aquele espírito boémio.
Mas porque só há um ano é que começaste a frequentar essa zona?
Eu saía muito pouco à noite, eu não gostava de sair à noite, aliás, antes desta fase em que comecei a sair, estive dois anos sem sair à noite de todo! Dizia que era uma pessoa de dia e foi agora com esta idade que me deu para isto! É a minha crise dos 40 muito antecipada!
E o blogue? Porque começaste a escrever ?
Um dos meus hobbies preferidos é dissertações sobre assuntos absolutamente vulgares. Tenho um blog onde vou assinalando o meu ponto de vista sobre assuntos que toda a gente considera triviais. Os feedbacks têm sido positivos e tenho estado a estudar a hipótese de os publicar. Comecei a escrever quando me separei. Sabes, quando chegas a uma altura da vida e acho que isso acontece com todas as mulheres, epá, que parece que estamos sempre a ouvir a mesma coisa! Todas as histórias é tipo a teoria do eterno retorno, sabes? Então eu decidi analiticamente e com um bocadinho de sarcasmo tentar dissecar essas coisinhas todas, porque acho que têm graça! Mesmo as pessoas que fazem isso, não as que passam por isso, mas as que fazem isso, lêem aquilo, riem-se e dizem: “ahh, mea culpa, mea culpa!” Porque se formos a ver somos bichos que obedecem a padrões e os padrões são sempre os mesmos.
E como é que se sai do padrão?
Bommm, quando eu descobrir... aí serei uma escritora best seller! Escrevo um livro tipo o do “Segredo” (risos), “Como sair do Padrão” (risos). Eu acho que se calhar, nós gostamos do padrão. Há uma certa pontinha de masoquismo em cada relação sentimental.
O teu primeiro ponto de paragem quando sais à noite?
Maria Caxuxa!
E o melhor sítio para acabar a noite?
A que horas? (risos) hummm... a pastelaria no largo do Cais do Sodré.
Onde é que te podemos encontrar?
Lux, Incógnito, Musicbox, Roterdão e depois toda aquela zona do C. Sodré.
E o que andas a ouvir agora?
Hoje ouvi imenso Metronomy.
E o teu futuro próximo, que queres fazer?
Agora queria alargar a parceria da minha empresa, a outras empresas, tentar dar-me a conhecer ao público, e retomar basicamente a actividade aqui que eu larguei durante 3 meses enquanto estive fora. Agora vou também a começar a trabalhar com uma banda “Lobo Miau”, que se vão lançar agora e vou coordenar a imagem deles. No último ano tenho trabalhado na área de consultadoria de imagem e produção de eventos diferentes na minha empresa.
Ligações
http://andgodcreatedtheblackdress.blogspot.com
www.goego.pt
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