Le Entrevista a Pedro Tavares por Rafa


Fala-me de ti e não me omitas nada. 

Nasci em Lisboa, na MAC [Maternidade Alfredo da Costa], em 1968, após aquele maio louco. Estudei pouco, mas em muitos sítios, e ainda assim um pouco de tudo. No ARCO estive por duas ocasiões, onde aprendi umas coisas e desenvolvi algumas técnicas plásticas. Estive ainda uns tempos a estudar Direito na Universidade Lusíada, mas foi em Barcelona que me encontrei. Na capital da Catalunha, de 2004 a 2008, vivi e estudei finalmente alguma coisa na Elisava Escola Disseny. Atualmente, sou designer gráfico freelancer e colaborador da Le Cool Lisboa, da Rua de Baixo e da DIFMagazine.

Além da tua brilhante prestação na Le Cool, que outras andanças me contas?

Mentais e terrenas, muitas! Tenho alguns projetos na cabeça que gostava de colocar em prática, mas ainda é cedo para falar neles. Escrevo para outros lados, como já referi e ainda ando metido na serigrafia têxtil. Chega?



Já percebi também que és o segundo maior fã de Lisboa - o primeiro sou eu, claro. Como te aconteceu isto? É como ser de um clube, os teus pais ofereceram-te um cartão de sócio de Lisboa no berço?

Pois, é algo que não consigo entender. Sou o segundo? Não percebo como é que isso aconteceu! O que os meus pais me puseram no berço foi outra coisa, muito mais interessante, mas que eu não te posso revelar!

Sugere-me aí um destino paradisíaco dentro de Lisboa. E um que ninguém mais saberá, mas que deixa de ser segredo a partir do momento em que o partilhes.

Paradisíacos, sugiro-te dois em vez de um: o miradouro da Senhora do Monte, na Graça, ao final da tarde, e o Kaffeehaus, a qualquer dia da semana.

Se não estivesses a responder a isto, estarias a discorrer a Le Cool, não era?

Humm… vejo que estás atento!

E agora, imagina. Hoje queres que seja o teu dia perfeito nesta cidade - traça-me lá em linhas gerais o que farias.

Acho que a perfeição não está na programação, está no acaso. Constrói-se na improvisação, como no jazz. Faças o que fizeres, vás por onde vás, com demoras ou sem elas, desenvolve-se no tempo. Mas, recordando um poema de Sophia de Mello Breyner, Lisboa não é só aquela que vemos de dentro, é também aquela que vemos de fora. “Digo: Lisboa / Quando atravesso – vinda do sul – o rio…” E deixo aqui a
sugestão: atravessar a Ponte 25 de Abril, começar ou acabar o dia por aqui e ter a possibilidade de ver Lisboa de um ponto de vista diferente. E deixar-se levar na surpresa do que vem a seguir.

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