Luísa Jacinto na Galeria Alecrim 50
«A Arte é inesgotável. Nela cabe tudo».
São estas as palavras de Luísa Jacinto que nos fazem partir numa
viagem indelével pela sua exposição “O Lugar mais perto”, presente na
Alecrim 50. Luísa Jacinto traz a pintura no olhar e a certeza de que não
poderia ser de outra forma. Lisboeta de gema, resolveu quebrar
fronteiras e procurar em Londres novos rasgos, novos traços, um novo
horizonte que pudesse elevá-la na Arte.
Desta experiência, recupera agora vestígios que nem ela sabe
explicar, mas que nos é possível identificar a cada passo mais fundo na
sua obra:
«A experiência em Londres foi maravilhosa. Londres é uma explosão de
arte e, ao mesmo tempo, faz-nos mergulhar nos conceitos de pequenos
bairros, o que torna tudo mágico. Ainda estou a sentir em mim reflexos
dessa experiência, coisas que ficaram semeadas e só agora se estão a
revelar».
Sem pressa, porque o tempo com Luísa é devagar. Porque, segundo a
própria, é preciso ter alguma calma para perceber o que é realmente
urgente. E nada é verdadeiramente urgente nos seus quadros, a não ser a
vontade de que a criação, essa sim, acelere o passo para nos mostrar o
que poderá ser maior mas nunca consensual: «Aquilo que crio nasce de uma
ideia, surge uma pequena cauda que agarro e vou puxando. Surgem imagens
e a necessidade de as traduzir em alguma coisa… é assim que consigo
descrever o meu processo criativo».
Luísa revela que há inúmeras referências a dançar nas pontas dos seus
dedos. Há leituras, experiências, há lugares e dúvidas. Há todo um
conjunto de momentos que, depois de direccionados a uma só tela, deixam
«de ser meus, é como se a obra se tornasse independente de mim e tenho
de a deixar em paz».
Paz é também o que se encontra nos quadros que compõe a série Flora
patente nesta exposição. Há, pela primeira vez, um encontro nítido com a
natureza que revela um contraciclo entre uma angústia diagnosticada e
uma serenidade indefinida.
Luísa Jacinto vive na constante procura da ideia que a leve a um
lugar concreto. Talvez um lugar dentro de si que o outro consiga abraçar
também. Porque as suas obras, na sua génese e embora todas elas muito
longe de uma linguagem comum, gritam uma certeza: há sempre, na arte de
Luísa Jacinto, um momento de tomada de decisão. E este é mote que a fará
ir longe neste “Lugar mais perto”.
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Luísa Jacinto: