Le Entrevista a Clara Henriques (Le Cool team) por Fernando Mondego

Fala-me de ti e não me omitas nada.

Entras logo a matar, principalmente com uma pessoa tímida como eu. E depois desta já te disse o mais relevante sobre mim. O resto vem com o tempo, porque a piada está aí. E já agora, sendo eu Jornalista, o que estou a fazer “deste lado?”

Além da tua brilhante prestação na Le Cool, que outras andanças me contas?

Ah! Nesta já me deixas omitir coisas… Conto-te que as minhas andanças mais exímias passam pelas palavras, pelas pessoas e pelo amor. É impossível pensar no caminho sem estes três mundos perpendiculares.


Já percebi também que és o segundo maior fã de Lisboa - o primeiro sou eu, claro. Como te aconteceu isto? É como ser de um clube, os teus pais ofereceram-te um cartão de sócio de Lisboa no berço?

Os meus pais ofereceram-me um passaporte para o mundo e eu resolvi apaixonar-me por cidades. Na verdade, o meu Amor por Lisboa é uma coisa pouco assumida. Tens sempre mais dificuldade em apaixonares-te por aquilo sobre o qual não ganhas perspectiva. Lisboa é assim. Um lado a lado desde sempre que me fez perceber a cidade como minha e que por isso me deixa pouca margem para lutar por ela. Lisboa acaba por ser, em mim, uma constante construção.

Sugere-me aí um destino paradisíaco dentro de Lisboa. E um que ninguém mais saberá, mas que deixa segredo a partir do momento em que o partilhes.

Vou deixar-te dois. Um deles é injusto porque só é acessível a muito poucos. A minha casa, na Mouraria. Um lugar cuja construção se faz, todos os dias, no que há de mais lisboeta. O outro é S. Cristovão. Paradisíaco não será a palavra certa para descrever este bairro. Associo sempre o conceito paradisíaco a palmeiras irritantes e a praias com cheiro a nívea. Transbordemos antes para algo que acontece entre o místico e o poético. E para aquele que poderá ser o sítio mais próximo do que é simples.

Se não estivesses a responder a isto, estarias a correr a Le Cool, não era?


Estaria a correr Lisboa a pé. Para depois a reescrever na Le Cool, claro.

E agora, imagina. Hoje queres que seja o teu dia perfeito nesta cidade – traça-me lá em linhas gerais o que farias.


Começava a manhã a aterrar em Lisboa. É das sensações mais bonitas que Lisboa nos pode trazer. Sobrevoá-la e deixar-nos invadir de magia quando o avião encosta à pista e alguém nos dá as boas-vindas ao aeroporto de Lisboa. Depois é sair, num dia de Primavera, direito à baixa. Não vou nomear sítios, mas um brunch no Príncipe Real, uma passagem pelos alfarrabistas da Calçada do Combro e um fim de tarde num miradouro à escolha é o cenário de um dia perfeito. Para a noite, um jantar na Praça das Flores, um passeio a pé à beira rio e um chá para os lados da Mouraria. O meu Avô, que deu a volta ao mundo no verdadeiro sentido da expressão, dizia-me muitas vezes que, de tudo o que viu, continuava a achar Lisboa uma das cidades mais bonitas do mundo. E eu caminho, todos os dias, na esperança de ir ao encontro desse olhar.

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