Davide Pinheiro e a sua Mesa de Mistura:
«Para mim gostar de música é gostar sem géneros e sem barreiras, porque a música é liberdade.»
Davide Pinheiro
Conta-nos a história da «Mesa de Mistura». Em que é que se diferencia dos outros blogues e sites de música e como nasceu?
A história começa em 2011 quando comecei a ter ideias, mas não sabia como as pôr em prática. Essas ideias envolviam, mais do que a crítica de música, ser um filtro, de uma forma que eu não encontrava nem na internet em Portugal, e muito menos na imprensa.
«Para mim gostar de música é gostar sem géneros e sem barreiras, porque a música é liberdade.»
Davide Pinheiro
Conta-nos a história da «Mesa de Mistura». Em que é que se diferencia dos outros blogues e sites de música e como nasceu?
A história começa em 2011 quando comecei a ter ideias, mas não sabia como as pôr em prática. Essas ideias envolviam, mais do que a crítica de música, ser um filtro, de uma forma que eu não encontrava nem na internet em Portugal, e muito menos na imprensa.
Estava no DN e nessa altura senti várias coisas: os jornais e o papel estavam a perder o comboio, por uma questão de velocidade de reação, o online musical em Portugal tinha grandes lacunas e a opinião começava cada vez mais cedo no online, através das redes sociais. Aquilo que eu fazia não acompanhava essa transformação. Foi o mesmo tipo de mudança que ocorreu quando a música se começou a desmaterializar e apareceu o MP3. Isso trouxe uma grande revolução. Hoje em dia considero que a música gravada e digital está num processo de solidificação que há uns anos ninguém sabia bem para onde ia; serviços do streaming como o Spotify e o Youtube, claro, assentaram essa poeira cósmica e são hoje os lugares onde as pessoas mais ouvem música. As pessoas mais do que terem a música, querem ouvi-la. Tal como no online, as pessoas mais do que lerem a opiniões de outros, querem construir a sua. A Mesa de Mistura surge como um espaço com sentido crítico, mas não é um espaço de crítica. Tem é um filtro, o que em muitos sitessinto falta. Numa era em que há tanta música disponível, obviamente que nem tudo mexe comigo e sendo um blogue pessoal, não poderia partilhar tudo. Todos os dias deixo coisas de fora e às vezes até acho que estou a ser demasiado intrusivo.
Na «Mesa de Mistura» partilhas só o que gostas?
Só o que gosto ou em raras excepções, situações que mexem comigo em que entendo poder ter uma palavra a dizer.
Como é que caracterizas a «Mesa de Mistura»?
A «Mesa de Mistura» surge para falar e acompanhar essa evolução na Sociedade da Informação, e a influência da tecnologia na nossa relação com a música. Nos finais dos anos 70 início dos 80, o Punk foi o grande advento, nos anos 90 foi o Rock; na Europa o Trip-hop foi um grande acontecimento; há dez anos o que vingava era a retromania dos anos 80.
Na «Mesa de Mistura» partilhas só o que gostas?
Só o que gosto ou em raras excepções, situações que mexem comigo em que entendo poder ter uma palavra a dizer.
Como é que caracterizas a «Mesa de Mistura»?
A «Mesa de Mistura» surge para falar e acompanhar essa evolução na Sociedade da Informação, e a influência da tecnologia na nossa relação com a música. Nos finais dos anos 70 início dos 80, o Punk foi o grande advento, nos anos 90 foi o Rock; na Europa o Trip-hop foi um grande acontecimento; há dez anos o que vingava era a retromania dos anos 80.
Mas não tenho dúvidas que nos últimos anos a grande mudança na música foi a forma como nós nos relacionamos com ela, e isso surgiu por causa da tecnologia. A Mesa de Mistura tem a ver com todas estas transformações. É um desejo pessoal de acompanhar essa mudança toda. A decisão entre fazer um site ou um blogue, vem como consequência deste meu desejo. Um blogue é uma coisa muito mais pessoal do que um site, em que eu tenho a liberdade para fazer «o que me apetece» dentro de determinados parâmetros porque também tenho secções rígidas.
Não quero escrever sobre os «25 anos do álbum de Velvet Underground» só porque há uma reedição. Eu escrevi sobre «Ace of Base» porque gosto de «Ace of Base» - a ideia do guilty pleasure não me toca porque, para mim, prazer não pode envolver culpa. Prazer é gostar, seja de «Ace of Base» ou seja o que for, é a verdade de cada um, e a «Mesa de Mistura» é a minha verdade.
Sendo que a minha verdade é muito abrangente, no sentido em que eu me interesso por muita coisa, de muitos tempos. A «Mesa de Mistura» é onde partilho aquilo que me estimula e onde «partilho felicidade» (expressão um bocado foleira).
Um dos objectivos da «Mesa de Mistura» é consolidares-te como opinion maker?
A partir do momento em que partilhas a tua opinião é muito difícil isso não acontecer.
Um dos objectivos da «Mesa de Mistura» é consolidares-te como opinion maker?
A partir do momento em que partilhas a tua opinião é muito difícil isso não acontecer.
Eu posso escrever sobre a Jessie Ware, e pode não ser uma crítica mas é uma opinião no sentido crítico. Porque é que eu estou a partilhar a Jessie Ware e não a Katy Perry? Por alguma razão, não sendo crítica, tem sentido crítico. Lá está, é a minha verdade. O centro do paradigma do jornalismo musical sempre foi a crítica que hoje tem cada vez menos importância. Como o acesso à música é muito facilitado, há muita gente a ouvir, a interessar-se e a querer ter opinião sobre a música. Muitas vezes essas pessoas já ouviram os temas antes mesmo de chegarem aos críticos, porque todo o processo se alterou. Agora as coisas estão na internet antes de chegarem às lojas. Aliás, hoje a internet é o princípio de tudo. A «Mesa de Mistura» é resposta a isso tudo, com a interiorização de que a crítica não é o centro de tudo. Eu partilho o que me entusiasma.
Para além das actividades como jornalista e «curador de música» no mundo web, ainda te dedicas a uma terceira: DJ. A «Mesa de Mistura» deu-te mais visibilidade?
As minhas ideias não eram só para o online, eram também para o offline, mas eu precisava do blogue enquanto marca pessoal. Já sabia que o blogue poderia ser uma boa oportunidade para potenciar uma série de coisas que eu faço no terreno. Aquelas que eu já estou a fazer são as «Conversas no Bairro» no Hotel do Bairro Alto, uma Quarta-feira por mês. Às Quintas, ao final da tarde, passo música no mesmo espaço. Dia 29 de Maio o convidado das «Conversas no Bairro» será o Carlos Nobre. Como DJ já toco há alguns anos, e interesso-me por muita música que se possa ouvir à noite. Sonoridades como NuDisco, Funk, House, Hip Hop, BreakBeat, UKGarage, Semba, Kuduro estão muito presentes na «Mesa de Mistura» e o ser DJ acaba por ser uma extensão disso.
Desvenda-nos um pouco do que vai ser esta tua primeira noite no Musicbox.
O conceito desta noite passa por vir a torná-la de alguma forma inaudita e possivelmente irrepetível. Por isso, desafiei o Fred (Pinto Ferreira), um dos grandes agitadores da cena actual, baterista dos «Orelha Negra» e «Buraka Som Sistema», melómano incansável na busca de novos sons e grande impulsionador na criação da Mesa de Mistura, para comigo partilhar a manipulação do objecto que dá nome ao blogue neste primeiro episódio pela noite dentro. É rara a semana em que não sobe a um palco mas não na condição de DJ, o que, se não aconteceu agora, foi apenas por uma questão de oportunidade ou acaso.
Não perca a oportunidade de ver e ouvir a Mesa a Misturar-se ao vivo e a cores, num clube perto de si. O Davide e o Fred prometem uma noite no mínimo surpreendente.
Onde: Musicbox
Quando: 3 de Maio das 01h30 às 03h30
Para além das actividades como jornalista e «curador de música» no mundo web, ainda te dedicas a uma terceira: DJ. A «Mesa de Mistura» deu-te mais visibilidade?
As minhas ideias não eram só para o online, eram também para o offline, mas eu precisava do blogue enquanto marca pessoal. Já sabia que o blogue poderia ser uma boa oportunidade para potenciar uma série de coisas que eu faço no terreno. Aquelas que eu já estou a fazer são as «Conversas no Bairro» no Hotel do Bairro Alto, uma Quarta-feira por mês. Às Quintas, ao final da tarde, passo música no mesmo espaço. Dia 29 de Maio o convidado das «Conversas no Bairro» será o Carlos Nobre. Como DJ já toco há alguns anos, e interesso-me por muita música que se possa ouvir à noite. Sonoridades como NuDisco, Funk, House, Hip Hop, BreakBeat, UKGarage, Semba, Kuduro estão muito presentes na «Mesa de Mistura» e o ser DJ acaba por ser uma extensão disso.
Desvenda-nos um pouco do que vai ser esta tua primeira noite no Musicbox.
O conceito desta noite passa por vir a torná-la de alguma forma inaudita e possivelmente irrepetível. Por isso, desafiei o Fred (Pinto Ferreira), um dos grandes agitadores da cena actual, baterista dos «Orelha Negra» e «Buraka Som Sistema», melómano incansável na busca de novos sons e grande impulsionador na criação da Mesa de Mistura, para comigo partilhar a manipulação do objecto que dá nome ao blogue neste primeiro episódio pela noite dentro. É rara a semana em que não sobe a um palco mas não na condição de DJ, o que, se não aconteceu agora, foi apenas por uma questão de oportunidade ou acaso.
Não perca a oportunidade de ver e ouvir a Mesa a Misturar-se ao vivo e a cores, num clube perto de si. O Davide e o Fred prometem uma noite no mínimo surpreendente.
Onde: Musicbox
Quando: 3 de Maio das 01h30 às 03h30
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