Le Entrevista a Vera Marmelo, por Rafa

Para quem anda nestas andanças de acompanha-eventos-e-assiste-a-concertos-e-
escreve-sobre-os-ditos, o teu nome e o teu trabalho não passam despercebidos. Como te apresentarias para os restantes?


Sou uma rapariga que vai a muitos concertos. Gosta de música e de pessoas. Usa a fotografia para comunicar e se ligar a estas duas coisas. Ao mundo da música e a pessoas.

De certeza que já ouviste muita malta a gozar com o teu apelido. Como - civilizadamente - lhes respondes? E sem civismos, como é?

Nunca foi necessário responder a gozos. Na verdade sou sempre eu a fazer questão de sublinhar o meu apelido. No final de contas ninguém se irá esquecer muito facilmente de uma Marmelo.

Como e quando começaste a ver a fotografia como algo mais do que mera observação quotidiana?

A viragem foi o início do blog. Partilho o meu trabalho, sem pudores, na internet. E foi no início dessa partilha que marcou o início. Foi no final de 2006, depois de fotografar uma edição do Festival OUT.FEST, no Barreiro, cidade onde ainda moro.

Os teus retratos e reportagens versam muito sobre o mundo da música, como é que começou este «arranjinho»? A malta vai voltando e pedindo novos trabalhos? Tens lugar cativo - esta é curiosidade minha, que já te vi lá inúmeras vezes, em pose e lugar privilegiado de observação - junto ao palco do aquário da ZDB?

Este arranjinho não é um contrato, é natural. Tal como tu te habituaste a ver-me em lugares «cativos», também os músicos se acostumaram a mim. E é diferente ser um modelo, ou ser uma pessoa que «tem de ser fotografada», mas que a maior parte das vezes não gosta de o fazer. Mais vale que a tortura seja sempre infligida pelo mesmo. Aconteceu ser eu, no caso de muitos deles. Na ZDB encontras-me muitas vezes porque me agrada a programação, porque gosto de lá fotografar e porque encontro lá amigos.

Para onde te leva o mundo da fotografia - fala-me de livros editados e a editar, de exposições e de outros projectos volantes. 
Vou continuar a fotografar, óbvio. Estou a preparar as coisas novas do You Can’t Win Charlie Brown e isso deixa-me muito contente. Há e-mails de outros músicos à espera de respostas.

Vou, obrigatoriamente e sem sofrimento algum, continuar a fotografar os concertos de que gosto. Tenho sempre em stand by uma série de retratos que vou fazendo a amigos quando os visito. E sim, depois desta zine, há a vontade de continuar com edições neste formato, para arrumar a casa. Preciso de me organizar. Andei, sem grande cuidado, a fotografar durante os últimos 7 anos e pode ser interessante tentar perceber o que tenho.

Projectos e ideias não me faltam, vai faltando o tempo para os concretizar.

Lisboa é uma menina e moça? O que te cativa na nossa cidade?

A luz, como a todos, a massa de água infindável que temos à nossa frente e os sorrisos familiares dos amigos com quem é tão fácil me cruzar por aqui. Sentir espaços como a ZDB, a Casa Independente e outros como um bocado meus. E estar a ser constantemente motivada, por pessoas que conheço por cá, a fazer cenas.

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Foto por Margarida Pinto 

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Ligação v-miopia.blogspot.com


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* Originalmente publicado a 21 de Outubro de 2013, na Le Cool Lisboa * 412

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