Lisboa é uma mulher a vezes dura e impiedosa. Mas sempre quente e uma
excelente anfitriã. Das suas colinas seios desce a sua pele cidade em
encostas até ao rio, vencidas por meios mecânicos que vacilam em carris
chilreando há um século. Do seu sulco se faz rio e se chama Tejo, feito
Mar da Palha a perder de vista e rasgada de pontes, perfeita moldura
para tardes em jogo de miradouros, petiscando cerveja e linguajando
conversas de amigo.
Feminina femina Lisboa, cidade do ocidente cheia de Oriente e bem vindo
áfricas e américas em igual. Mulher com porto de abrigo e mulher de
risco medido, feminina de toque lento de sol assolapado enquanto
descreve o arco do dia no vácuo azul de céu, feminina de aveludada luz
mancheando as suas casas de tonalidades que fazem morrer de inveja
qualquer povo que se diga de norte. Lisboa é uma mulher inconquistável e
tu o seu amante.