Apresenta-te
Frederico Carvalho, 36 anos, nascido em Lisboa, profissionalmente…? Um produtor de ideias.
Porquê Lisboa?
Algures num mural da cidade está escrito Lisboa é boa. Esta é a melhor
justificação que consigo encontrar. Lisboa oferece-nos matéria para nos
apaixonarmos nela, com ela e por ela. Ela é velha e nova, é grande e
pequena, é bonita e feia, é animada e calma, é verde e cinzenta, é
rápida e lenta, é cidade e aldeia... é um espaço que acolhe ou pode
acolher tudo e todos. Apaixonei-me por Lisboa quando a percebi e quero
amá-la, só isso... e quem ama faz.
Que projectos tens concretizado?
Organizo eventos na cidade desde 2007. Tudo começou no âmbito da
comunidade de viajantes CouchSurfing onde desempenhei a função de
embaixador do projecto em Lisboa. Durante este período ajudei a
organizar inúmeras actividades destinadas essencialmente a viajantes,
para que desta forma usufruíssem da cidade pelos olhos de quem cá vive.
Entretanto comecei a olhar mais para o lisboeta… Desde o inicio de 2010
que passei a focar a minha atenção numa área específica da cidade -
Alfama, onde moro, e com alguns amigos criei o projecto Alfama-te. O
Alfama-te organiza inúmeras actividades que visam promover Alfama e tudo
o que acontece nesta zona da cidade. Desde projecções através do núcleo
Cinalfama, festas temáticas, filmagens suecadas e artes performativas
na rua há um pouco de tudo.
Alfama é uma princesa a descobrir ou uma varina velha?
Diria que é um misto das duas… Alfama consegue ser um recanto de cantos
encantadores, com pessoas afáveis, divertidas, uma verdadeira aldeia
dentro da cidade. Mas ao mesmo tempo é de pêlo na venta e faca na liga…
Descobrir e viver esta dicotomia é que a torna tão interessante. Alfama é
observar o fadista vadio que assobia às bifas passando pelo rufia que
carrega os sacos da tia entravada enquanto alguém berra à janela que se
faz tarde para o almoço. É estar sentado numa esplanada a apreciar quem
não sabe apreciar Alfama e se passeia num qualquer trangolarango
eléctrico com GPS integrado, provocando sorrisos na fauna local… Alfama é
ouvir fado na rua, jogar à bola com os putos, ver um filme projectado
numa parede de uma igreja, beber umas ginjas, dar de caras com um
concerto improvisado num beco, um jogo de lerpa nas escadarias, observar
os telhados na tela de um artista anónimo num qualquer miradouro…
Frase teaser para quem visita Alfama. Como já alguém disse: há um novo verbo na cidade – Alfama-te!
Um sítio de fado em Alfama. Toda a zona de S. Miguel – o fado acontece ali.
Uma tasca em Alfama. A Ginja de Alfama na Rua de S. Pedro.
Um local de copos.
O Tejo Bar. O Tejo Bar é daqueles sítios que nem queria divulgar, é
como um segredo bem guardado... Antro de pessoal das artes. Se sabes
tocar um instrumento irás sentir-te em casa pois aqui podes tropeçar
numa bossa nova arrancada à viola, num fado à guitarra, numas passagens
de piano, leitura de poemas e receitas (sim... receitas!), violino,
flauta, e mais que tragas. É como estar na sala de estar de um amigo.
Ah... estás a ver os pacotinhos de açúcar da Tofa? Pois... o Mané do
Café é quem toma conta do Tejo Bar.
Uma personagem de Alfama.
Esta é difícil… mas recomendo uma passagem em frente à Igreja de S.
Miguel e troquem uma conversa com uma senhora que lá está sentada no
banco de jardim acompanhada do seu caniche e pacote de vinho – uma
pérola. Já agora… levem-lhe um cigarro.
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