Le Entrevista a João Navarro por Sónia Castro


"O meu nome é Navarrus, mas sou mais conhecido por Chauffeur Navarrus."

Normalmente é assim que iniciamos os espectáculos... Talvez por isso começo desta forma. Sou o João Navarro, pai de duas lindas meninas, natural da Parede – Cascais. Apesar de há uns anos a esta parte residir em Santa Comba Dão, acabo por fazer vida em Coimbra.

Volta e meia venho a Lisboa, quer para ensaiar e dar uns concertos, quer para ver espectáculos e claro, também para rever família e amigos. Profissão: Profissional de seguros desde 1997 e agora também de volta à faculdade para tratar de fazer o curso de Engenharia Mecânica. Pode ser que dê jeito para as oficinas do Chauffeur…

Comecei com as bandas, por graça e a convite do Manuel Portugal e do meu irmão, em 1993-94, na já extinta Rebel Blues Band. Em 2000, já por Coimbra, iniciei um novo projecto com alguns amigos – Capitães. Até que em 2005 Chauffeur Navarrus ganhou vida com os primeiros ensaios em Campo de Ourique.


Quem é Chauffeur Navarrus?
Uma personagem... A razão deste projecto que, a meu ver, não é uma banda, mas uma forma de representar uma viagem, da música aos momentos em que o Chauffeur Navarrus ganha vida. E tudo graças também a um grupo de trabalho fantástico, verdadeiros profissionais que tanto proporcionam como coleccionam histórias.

No táxi desta personagem entram três turistas estrangeiros que dizem: “Show us the best of Lisbon!”. A que sítios lhes leva o Chauffeur Navarrus?
Começa por levá-los a tomar um pequeno-almoço na Versailles. De seguida apresenta-lhes a Estefânia, a Avenida da Liberdade, os Restauradores, o Rossio, a Rua do Ouro e, por fim, uma volta que permita uma boa perspectiva do Terreiro do Paço. Deixa-os na Rua da Madalena e sugere que apanhem o Eléctrico 28 rumo  à Voz do Operário. Têm que conhecer o quiosque-esplanada Clara Clara no Jardim de Botto Machado, com vista para o rio e para o Panteão Nacional, perto da Feira da Ladra. De regresso à Baixa, apanham o Elevador até ao Carmo e assim conhecem também o Chiado, o Largo Camões, o Bairro Alto – paragens obrigatórias. O táxi desce depois pela Rua do Alecrim rumo ao Cais do Sodré e inicia a segunda volta pelo Campo das Cebolas, Casa dos Bicos, Santa Apolónia e Parque das Nações, a nova Lisboa. Enfim, ficam muitos recantos de fora, mas o importante é que quem visita Lisboa perceba que, apesar de tudo, esta é uma cidade muito rica, histórica e simultaneamente moderna e por isso fantástica e especial, que não deixa ninguém indiferente.

E tu, quando vens a Lisboa, onde tens mesmo que regressar?
Da capital guardo sempre as saudades do Tejo, do pulsar da metrópole, do deslizar do cacilheiro, do respirar da Linha e das suas praias aqui tão perto. A Versailles é paragem obrigatória para ler o jornal e o Casino Lisboa, para um café depois do jantar e para assistir aos projectos que por lá passam semanalmente. Segue-se, pela noite dentro, o Lounge em Santos.

Consideras Lisboa uma cidade musical? 
Lisboa é, sem dúvida, uma cidade musical que me transmite muitas sensações. Mas depende dos dias. Fascina-me a História, quem já parou por aqui, o que pensou quando aqui esteve, quem mais se irá sentar ou o que me proporcionará esta cidade daqui a uns anos quando cá vier acompanhado pelas minhas filhas já crescidas e com as suas vidas feitas. Espero cá estar para lhes tentar passar o meu fascínio por esta cidade.

Lisboa oferece condições e locais suficientes para as bandas se apresentarem ao vivo?
Infelizmente não. Apesar de tudo, Chauffeur Navarrus é um projecto que tem a sorte de contar com o apoio e o respeito da UAU e por sua vez do Casino, e acabamos por ter a nossa montra para a cidade com boas condições, devo dizer. Foram alteradas, é pena. Não é como já foi. Mas temos que esperar e contribuir para que tudo isto dê uma volta. E não esquecerei, entre outras datas, a noite em que fizemos a primeira parte do David Fonseca, em que acabámos por usufruir daquelas seis ou sete mil pessoas que ali estiveram. Obviamente que foram lá para ver o David, mas sempre viajaram também connosco. Mas voltando à pergunta inicial, se me perguntassem como era há uns anos, devo dizer que as dificuldades eram imensas também, sobretudo para quem sempre investiu em originais, como eu. Há que ter paciência e continuar a “furar”.

Já fizeste rádio, trabalhas em seguros, formaste bandas, escreves letras, compões canções, és vocalista, tocas guitarra e piano e de norte a sul do País, estudas, és pai… O que é que ainda te falta fazer?
Tanta coisa, nomeadamente com Chauffeur Navarrus. Andamos na 2ª Divisão, nas "estradas locais", e o objectivo é chegar à 1ª Liga. Falta editar este álbum que, apesar de estar feito, ainda não tem a editora que garanta o seu suporte e distribuição. O disco está pronto, a capa está concluída, já temos o videoclip do single, os concertos existem, no entanto a realidade é que não temos editora. Depois falta-me levar Chauffeur Navarrus a Cabo Verde, Brasil e Macau e, ainda por cá, pisar palcos como o Coliseu de Lisboa e do Porto, com casa cheia para ver Chauffeur Navarrus. É apenas um sonho, por agora.... Mais para a frente pensarei ainda em transformar o projecto Chauffeur Navarrus da música para o teatro, com orquestra a interpretar os temas. Seria interessante.

(foto por Manuel Portugal)

Espreita aqui >http://www.myspace.com/cnavarrus
E aqui > http://chauffeurnavarrus.blogspot.com

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