Conversar com o Joel do Culturas da Horta é
partilhar de uma paixão profunda pela terra e é também beber de um
entendimento que vem de quem aprendeu a respeitá-la desde antes e de
quem a concebe em certeza de palavra e convicção, como sendo
absolutamente necessário estar em perfeita harmonia e comunhão com o
homem. A conversa é despoletada pela presença da sua banca de venda de
produtos biológicos no Mercado Biológico ao Príncipe Real, entrecortada
pela passagem no Moleiro ali perto e rematada - já depois - com
deliciosa laranja de sua produção.
A Culturas da Horta
começou com os pais do Joel, ela de Belas Artes e ele, de seu nome João
Maria Moedas Miguel, tinha produtora de televisão, foi repórter de
imagem e director de fotografia em inúmeras produções. Tinham um terreno
de familiares e começaram a cultivá-lo, tendo formado a empresa em
2007.
O Joel é formado em História e deu aulas durante
dois anos - mas a falta de paciência para a metodologia de ensino
(mantém interesse especial e próximo em investigação) e a morte do pai,
levaram a que gradualmente passasse para os terrenos, para o cultivo do
terreno familiar e para a empresa ao lado da mãe.
A
empresa foi reformulada em 2009 e desde Março de 2009 que se instalaram
no Mercado do Príncipe - vendendo para a Biocoop no Figo Maduro, para os
Brio (que são já dois quase a tornarem-se em três), para o Miosótis no
Campo Grande e fornecem ainda o Puro Acaso no Calvário e o Paladar Zen à
Na Sra de Fátima, enquanto pensam em se instalar também no Mercado
Biológico de Cascais. É interessante reparar no seu cuidado ao detalhe
de juntar poemas de Caeiro, de Espanca, et caetera e também receitas,
aos cabazes de produtos biológicos que distribuem aos clientes, os
biocabaz (a casa, via mail, pelo Natal e pela Páscoa) essa é também
parte da explicação para o nome da empresa.
A outra é a
atenção ao modo de produção - não há intervenção sintética, há
equilíbrio com a terra, a busca da harmonia em bio-diversidade. A
filosofia não é ambientalista, mas sim pela lógica da sustentabilidade,
não há estufa, apenas abrigo e produtos exteriores apenas os
homologados, é uma agricultura semi bio-dinâmica, mais natural e de
permacultura. E essa sustentabilidade perpassa não apenas no que
produzem mas também no relacionamento humano, é da mais fina filigrana
de cortesia e simpatia o tratamento por parte da mãe e do filho da
Culturas da Horta para com os demais.
Culturas da Horta aqui > http://culturasdahorta.blogspot.com
Todos os Sábados no Mercado de Produtos Biológicos do Príncipe Real, entre as 7h30 e as 14h30
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Entrevista feita no Moleiro ao Príncipe Real, Reportagem fotográfica por Rui Soares
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* Originalmente publicada a 2 de Dezembro de 2010, na Le Cool Lisboa * 264
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