Le Entrevista a Giulia Battaglini por El Rafa

Giulia, italiana, acabou de entrar nos 30 anos, uma fase delicada para uma mulher. Um amigo acha que esta década vai ser a época melhor da vida: somos mais maduros, sabemos o que queremos e vamos mais directos a isso. Mas eu sou mais nostálgica - sou portuguesa nisso - já tenho saudade de pronunciar vint...

Estudei comunicação e publicidade, mas nunca trabalhei nessa área. Ainda estudante, recusei uma óptima oferta de trabalho numa agência de comunicação em Itália, para começar a minha aventura em Portugal trabalhando como empregada de mesa. Saí do meu País por amor, achando que devia lutar para fazer o que gostava. Agora, ao pensar melhor nisso, se calhar tem mesmo razão o meu amigo: aos vinte, ainda não percebemos nada!

A minha vida é um cliché: vim a Lisboa para estudar pelo Erasmus, apaixonei-me por um português e fiquei por cá. A história de amor acabou, mas a paixão por Lisboa, infelizmente, não. Trabalhei, durante vários anos, em produção de espectáculos e cinema, e paralelamente a estas colaborações, criei o meu próprio projecto. Migalhas - Cultura à Mesa esteve na gaveta, durante alguns anos, antes de sair para a rua. Provavelmente, os tempos não estavam maduros o suficiente. Esperei entrar numa época de crise para dar vida a um novo projecto cultural. Diria que escolhi um óptimo timing!!! Embora a época não seja, provavelmente, a melhor para avançar com um projecto de cariz cultural, acho que Lisboa é a cidade perfeita para o acolher. É uma capital pequena, mas culturalmente muito activa e rica. Além disso, as pessoas adoram passar tempo nos cafés. Isto oferece um casamento perfeito para o Migalhas acontecer.



Gostava que o projecto crescesse e tivesse a possibilidade de se expandir (já existem contactos com o Porto e Madrid). Neste momento, estamos a passar uma fase muito crítica, porque vieram a faltar repentinamente alguns apoios públicos . Este facto deixou-nos impreparados, assim que agora estamos numa fase de reorganização. Em relação a mim, eu não sou só Migalhas, mas andamos ainda de mãos dadas e, por isto, estou numa fase de reestruturação também.

Os percursos interessantes por Lisboa são tantos, que se torna difícil escolher um.

Ultimamente, o que faço no fim-de-semana é dar um passeio à beira do rio. Compro uma sandes de salmão e um sumo natural no supermercado e começo o meu caminho a partir de Cais de Sodré. O passeio é super relaxante e prevê uma pausa para um pic-nic, mesmo ao lado dos pescadores. Na volta, às vezes, paro nos “Meninos do Rio” para beber um café, aproveitando aquelas espreguiçadeiras maravilhosas. Para um copo de vinho barato iria à Casa do Alentejo. Mas acho o vinho, em Portugal, exageradamente caro. Em Itália, posso pagar 0.75€ por um copo de vinho. E tudo o resto é mais caro!

Para namorar pela noite, o lugar mais romântico é o Miradouro da Senhora do Monte. Especialmente se houver vento, que nos obriga a ficar mais apertados para nos aquecer! Não sei onde se podem comer profiteroles, mas na Pizzeria Mezzogiorno comem-se boas pizzas. É o que mais falta me faz da cultura italiana aqui em Portugal.

Lisboa: paixão? Obviamente que sim, é uma paixão que deu vida a uma relação de amor, que até agora foi a mais comprida da minha vida. Incrivelmente, esta paixão, mesmo que às vezes enfraqueça, nunca deixa de existir. Achas que a paixão é suficiente para manter viva uma relação? Ultimamente, comecei a reflectir sobre o facto de, numa época mais madura, se calhar, haver outros ingredientes menos românticos que também são indispensáveis. Estou numa época de balanços.

Migalhas : www.migalhas.org

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