Le Entrevista a Rodrigo Saturnino por Rafa


Fala-me de ti com letra maiúscula ou parafraseando Bocage: quem és, de onde vens e para onde vais?

Um dia destes conheci mais uma Maria aqui em Lisboa. Uma das perguntas que lhe fiz foi a mesma que aqui me fazem. Ela olhou com olhar semi-cabisbaixo e me disse: Eu sou zero. Ela me fez pensar no que eu era. E cheguei à conclusão de que eu sou quase.

Comenta-me as tuas paixões profissionais e apresenta-me a invisível - dá-me links e atira um manifesto sintético quanto à revista. Passa-lhe revista.

Eu não tenho planos para comprar uma casa própria. A Revista (In)visível não é uma organização empreendedora no sentido capitalista do termo. Ela nasce da ideia que a partilha de informações é um bem essencial e deve se estabelecer sem a exploração do lucro (na verdade nós queremos hipnotizar toda gente).


A revista não foi criada para resolver o problema da invisibilidade. O objetivo é tentar amenizar a hipnose social espalhada pelas indústrias da “cultura” e do “conhecimento” para tornar a vida um pouco mais livre e menos obediente. Eu gostaria de, através dela, partilhar não só as verdades aprisionadas, mas novas perspetivas revolucionárias que nos ajudem a manter distância dos estigmas. Sim, toda utopia nasce, oportunamente, num contexto de crise.

E porquê Lisboa e não Tóquio?

Lisboa é uma passagem. Mas se quiserem um motivo convincente, eu dou. Durante a licenciatura em Jornalismo ouvíamos falar sobre alguns nomes portugueses da comunicação. Fiquei farto do trabalho como repórter num quase grande jornal mineiro [Minas Gerais, Brasil] e quis continuar a estudar. Lembrei-me do Adriano Duarte Rodrigues e, como dizem na minha vila, “piquei a mula”.

Elogia Lisboa sem os clichés do costume - é proibido proibir, já dizia a canção, mas nesta precisa frase é proibido falar do sol, do Sol, da comida e do Fado. Que outras atrações Lisboa tem?

Cá estou há 5 anos numa outra cidade que era suposta ser apenas passagem. Eu não consigo elogiar Lisboa. Qualquer elogio que eu faça será demasiado redundante a ponto de tirar dela a poesia deprimente que me agrada. Lisboa é um texto de palavras rebuscadas e um cenário das histórias de Raskólnikov. Há beleza nisto tudo, não tenho dúvidas.

E agora, que falta fazer a um Saturnino?

Falta terminar uma tese.

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Revista Invisível : revistainvisivel.com

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