A realizadora britânica Kim Longinotto, vem a Portugal apresentar a sua primeira retrospectiva no país, com diversas projecções do seu trabalho a que se adossam debates que se esperam participativos. Em Lisboa, no Cinema City Classic Alvalade, de 4 a 7 Abril.
De que forma é que o teu tempo escolar influenciou a tua produção cinematográfica?
Essa é uma pergunta interessante para mim e, ainda que me seja difícil de aceitar, o meu colégio interno realmente conformou tudo aquilo que tenho feito desde que de lá saí. Acima de tudo, marcou em mim uma profunda desconfiança e também um medo latente, quanto a autoridade e tradição. Ou seja, o poder irracional do status quo com a sua violência logo abaixo da superfície.
Quando eu estava na escola, tentei muito não me revoltar abertamente e estar sempre fora de sarilhos, mas o sistema odiava-me e fazia tudo o que podia para me isolar e para me quebrar a resolução. Foi apenas anos mais tarde, quando reencontrei a responsável pela escola, que percebi que não tinha sido uma vendetta pessoal - eu não era importante o suficiente - mas uma espécie de casual crueldade dirigida a alguém que era diferente.
Considerarias a tua filmografia como rebelde ou activista - ou devíamos considerar que estás a fazer "o teu papel" como autora e mulher realizadora, ao dar visibilidade às mulheres e a combater a discriminação? É o Cinéma Vérité a melhor arma?
Acho que faço e tento fazer filmes sobre a mudança. Sinto-me inspirada por histórias de pioneiros, de rebeldes. Mas reparo que as crianças forçam a entrada nos [meus] filmes quando eu menos espero. Então sou encorajada pela sabedoria e graça das crianças que conheço. Fico feliz por ter as suas vozes nos filmes, dado que elas são normalmente ignoradas pelos meios de comunicação convencionais.
Esta é a tua primeira retrospectiva em Portugal - um país assolado, de tempos a tempos - com violência contra as mulheres, diferenças entre salários, a prevalência da falta de oportunidades entre géneros e com uma sociedade patriarcal. O que pensas e queres que seja o teu papel no debate necessário no seguimento da projecção dos teus filmes?
Todos temos as mesmas experiências de diversas formas em diferentes sociedades. Eu espero que os filmes funcionem como janelas para outros mundos, e que a audiência tenha experiências emocionais que ressoem nas suas próprias vidas. Espero que aprendam a gostar de algumas das pessoas nos filmes e que pensem: "Ela é como a minha mãe, a minha filha ou a minha melhor amiga".
Acho que faço e tento fazer filmes sobre a mudança. Sinto-me inspirada por histórias de pioneiros, de rebeldes. Mas reparo que as crianças forçam a entrada nos [meus] filmes quando eu menos espero. Então sou encorajada pela sabedoria e graça das crianças que conheço. Fico feliz por ter as suas vozes nos filmes, dado que elas são normalmente ignoradas pelos meios de comunicação convencionais.
Esta é a tua primeira retrospectiva em Portugal - um país assolado, de tempos a tempos - com violência contra as mulheres, diferenças entre salários, a prevalência da falta de oportunidades entre géneros e com uma sociedade patriarcal. O que pensas e queres que seja o teu papel no debate necessário no seguimento da projecção dos teus filmes?
Todos temos as mesmas experiências de diversas formas em diferentes sociedades. Eu espero que os filmes funcionem como janelas para outros mundos, e que a audiência tenha experiências emocionais que ressoem nas suas próprias vidas. Espero que aprendam a gostar de algumas das pessoas nos filmes e que pensem: "Ela é como a minha mãe, a minha filha ou a minha melhor amiga".
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