Le Entrevista a Mr Bird por Marcelo de Magalhães

Steven Bird adopta também o seu sobrenome nas lides mais artísticas. Mr Bird é um dos mais activos DJs e produtores em Portugal, é britânico e radicou-se em Lisboa há cerca de 4 anos, não só porque se apaixonou por uma portuguesa, como também pela cidade.

Com sets e produções soul, funk, hip hop, R&B, jazz, breaks e até disco e outras sonoridades, nasce esta conversa não muito tempo depois do lançamento do terceiro álbum «Bird Bird Bird» na Vital Force Records (em Março), disco que sucede, além dos anteriores dois álbuns, também mais do que uma dezena de EPs!

Olá, Mr Bird! Como começaste, primeiro como DJ ou como produtor?


Olá Marcelo! É uma boa questão, eu comecei a tocar guitarra em bandas que eram uma espécie de Sonic Youth misturado com The Pixies, mas mais barulhento. Depois, como ajudava a gravar para a banda acabei por me meter na produção, por fim, Djing. Por isso, cheguei ao DJing de uma forma não natural, os meus amigos que eram DJs disseram-me todos para voltar para a guitarra, o que fez ser mais determinado. Penso mesmo que o Djing me ajuda na produção, porque começo a experimentar ideias e até novas faixas nas festas.

Tens alguma formação musical ou apenas Do It Yourself?

Tenho um HND (Higher National Diploma) em Tecnologia da Música, é uma espécie de curso prático de dois anos que envolve engenharia de som, produção, sampling, synthesis e «indústria» musical, poucos anos depois fiz um mestrado em Creative Music Technology na Universidade de Newcastle, minha cidade. Além disso, muito trabalho próprio e muitos erros!

Disseste-me que tocas guitarra, tocas mais algum instrumento?


O meu instrumento principal é a guitarra, mas toco um bocado de teclas e melódica. um bocadinho de baixo (devagarinho), safo-me bem com samplers, sintetizadores e drum machines.


A guitarra é o teu som de instrumento preferido?


Sim e não, eu penso que o meu passado como guitarrista em bandas moldou alguma da minha produção e som, eu toco muito do meu material, mas gosto muito de bateria, provavelmente um baterista frustrado, para dizer a verdade. Também acho importantes os sons que resultam de mais de 20 anos de procura por beats em vinil nas minhas viagens. Também adoro a Fender Rhodes, o meu pai teve 3 ao longo dos anos, mas nunca tive dinheiro para lhe comprar quando ele os punha à venda!


Produzes muito soul, funk, hip hop, R&B, jazz, breaks e até disco… Ouves estes estilos de música desde sempre? O que ouvias quando tinhas 15 anos?

Bem, estive muito dentro do Electro e Break Dance no início dos anos 80 (estou a dizer a minha idade…), mas quando tinha 15 anos era uma mistura de indie e também da cena rave que estava a florescer no Reino Unido naquela altura, um grande cruzamento entre a cena da música de dança e indie começou, bandas como Stone Roses, Primal Scream, Happy Mondays etc. Uma grande mistura de influências, também pop, rock e psychedelia dos anos 60.


Estamos a falar de música e como sei que és um coleccionador de vinil, não resisto em perguntar: quantos discos tens?


Bem, eu nunca os contei todos, pelos standards dos meus amigos, está longe de ser uma colecção gigante. São uns poucos milhares, com certeza! Ainda tenho discos em casa dos meus amigos, mãe, pai e irmãos no Reino Unido (risos). O carteiro toca sempre à campainha para dizer que chegou um novo vinil para mim e ele deve pensar que já não tenho mais espaço em casa. O que está muito próximo da verdade!

Como escolhes os discos para uma noite? Alguma estratégia?


Começo sempre com uma mala vazia, é a melhor força de começar (risos)! Depende do clube, o tempo do set, o que eu sei sobre o espaço e o publico que lá vai. Bem, claro que com vinil estamos mais limitados quanto à quantidade de discos que fisicamente podemos carregar para uma festa, mas eu gosto disso, pois significa que a selecção tem que ser certa antes de sair de casa, acho que é diferente ter mais de 4000 faixas no portátil. Mas também posso ir extremamente enganado se preparar a mala mal e levar os discos que não devia!


Não és apenas um DJ e produtor muito activo, como também és fundador e manager da editora Fat Bird Sounds e parceiro na Heavy Duty Booty e Master Press Recordings. Lançamentos em breve?

Sim, com a Fat Bird Sounds acabei de lançar um novo EP no mês passado, que está disponível na Juno Download > aqui <


Vou também lançar outra vez os meus dois primeiros álbuns na editora, mas em digital. Além disso, vou lançar novos artistas que estão envolvidos com a editora, séries de funk, reggae e disco, reedits também. Por fim, espero também conseguir o primeiro lançamento em vinil da Fat Bird Sounds no final deste ano.



Acabei de assinar um contracto com a BBE Records no Reino Unido para um álbum com o cantor de soul britânico Greg Blackman, que vai ter o lançamento no final deste ano e fiz duas remisturas também para a BBE que devem estar a sair dentro de poucos meses. Tenho novos projectos (live e de produção) com Dedy Dread e ainda um projecto de live com o DJ e produtor francês, também radicado em Lisboa, Déni Shain.

És um britânico a viver em Lisboa, como conheceste a cidade?


Eu vim a primeira vez a Lisboa há 7 anos, depois de conhecer a minha namorada (que é portuguesa), que me disse que eu iria amar a cidade. Ela estava certa! Depois de 3 anos entre o Reino Unido e Lisboa, decidi fazer a grande mudança! Continuo sem me arrepender, foi a melhor coisa que fiz!

Quando e porquê que escolheste a cidade de Lisboa para viver?

Adoro-a! Depois de perto de 4 anos a viver aqui penso que sou metade «Tuga» (risos). Claro que tenho saudades dos meus amigos e família, mas aqui eu tenho uma vida muito diferente da do Reino Unido. Por exemplo, hoje, entre fazer uns beats no estúdio, passei um tempinho na varanda a apanhar sol. Vida difícil, eu sei! (risos).

Achas que o party people é diferente aqui?

Um bocado, sim! Para mim, está ligado a diferente energia nas diferentes horas da noite. Claro que no Reino Unido tudo começa bem mais cedo e as pessoas tendem a beber mais, por isso, penso que tive que me adaptar às horas tardias daqui.

Tens uma festa com o Dedy Dread e Mute chamada Tighten Up!, fala-me disso!

É uma noite mensal que acontece no ultimo Sábado de cada mês no bar Bicaense, Mr Mute & Dedy Dread especializados em apenas vinyl de Rhythm & Blues, Funk, Soul, Jazz, Northern, Ska, Reggae, Boogaloo, Cumbia, Mambo, Calypso, Afro, Brazil, Breaks Beats e Mashups! Eu fui convidado não muito tempo depois de me mudar para aqui, gostei muito e repetimos e agora faço parte da equipa de três!

Onde é que te podemos encontrar a tocar além do Bicaense?

Tenho andado pelo Maria Caxuxa, MUSICBOX, Clube Ferroviario, Mob e, mais recentemente no Café Suave. No final de Julho vou estar outra vez no Out Jazz com o Dedy Dread!

Quando tens tempo livre o que gostas de fazer na cidade? Por exemplo, se tiveres um dia de ócio o que irás fazer?

Tempo livre? (risos irónicos) Estou a brincar, quando saio do estúdio gosto de passear e tirar fotos, tenho uma bela colecção de street art de Lisboa dos últimos 7 anos, adoro andar pela Feira da Ladra à procura de vinil e capacetes (de mota). Gosto de comprar vinil, ir à praia, tocar guitarra. Ah, tenho que voltar a andar de bicicleta este Verão!

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Foto de Pedro Loureiro
Traduzido e conduzido por Marcelo de Magalhães

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Soundcloud : https://soundcloud.com/mrbird

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