Le Entrevista a Ana Azevedo (Le Cool Team) por Rafa

De onde vens, quem és e para onde vais (mesmo que não bebas Nicola)? 

Venho de muitos sítios, depende sempre do dia em que me encontres. Posso estar facilmente a regressar do Porto, de Istambul, Berlim, Nova Iorque ou mesmo da República Dominicana, mas é certo e sabido que regresso sempre a Lisboa. 

Sou um amontoado de contradicções que fazem perfeito sentido em mim e na minha cabeça. Ainda assim é mais fácil dizer-te o que já fui: o bebé mais antigo da maternidade, a portuguesinha em Itália, a nortenha em Lisboa e a lisboeta no Porto, a pessoa com mais sotaque no local de trabalho (ganhei um prémio e tudo!), aquela que envia SMS românticos à chefe por engano, trabalhadora-estudante durante 2 anos, a child-hater organizadora de babyshowers, alguém esquisito que só fuma depois de jantar, a maior devoradora de delícias turcas do país, locutora de rádio por um dia, estrela de karaoke por umas horas, visiante em prisões holandesas e portuguesas também, trendscout
nas horas vagas, redactora do Zoomarine e Le Cooliana até na alma.

Vou para onde me deixarem e sei sempre para onde vou antes de partir, mesmo que me baralhem o ponto de partida. Não tenho nunca medo de ir mas tenho muito medo de um dia não querer voltar. 

E bebo sempre café, mesmo que não seja Nicola. 

O que te dá prazer em escrever para a le cool, esquecendo os meus elogios, claro? 

Os teus elogios são aquilo que me tem mantido por cá e que espero que ainda me mantenham mais uns tempos! Acho que se não fosse isso já tinha ido escrever para outra cidade. Mas o que me dá mesmo prazer a escrever é não só poder partilhar com os lisboetas as coisas boas da vida, mas poder sempre mostrar esta paixão que me une à cidade onde nasci mas donde fui levada aos 5 anos. É como se estivesse a regressar à minha cidade-alma e Lisboa me estivesse a receber de braços abertos, qual polvo alface!

Lisboa é uma... a) Cidade de que adoro sair para poder sempre voltar, b) Um amontoado de casas com tesouros por entre todas as suas gretas-rua, c) Onde o fado recebeu presentes dos reis magos,
d) Todas as anteriores? 

Todas as anteriores. E ainda mais algumas que me fazem sempre muito feliz. Lisboa é casa, é a minha cidade-berço, a minha amante e a minha amada.

O que surgiu primeiro, o Fado ou a Amália? e há todas as severas e os marceneiros... 

Para mim é o fado! Gosto de acreditar naquela coisa do Destino, de um intricado de linhas emaranhadas que nos guiam ao próximo passo e confluem num bordado perfeito que é a vida de cada um. A minha de preferência vivida em Lisboa, com amores menos ilícitos que os das severas, mas igualmente musicados pelos marceneiros alfacinhas.

Por onde levas a conhecer lisboa, quem nada dela conheça? 

Ao Mundo todo, como te disse! 

Depende sempre dos dias e onde vou, mas já converti muitos portuenses, alentejanos, algarvios de gema e na categoria internacional, turcos, lituanos, espanhóis, franceses, húngaros, alemães, holandeses, austríacos, finlandeses, suecos e espanhóis que são os mais fáceis! E sabes que aquilo de que todos falam é a luz de Lisboa, a comida, o rio, o sol que nos mima e os bairros típicos. 

Mas tenho de confessar que de vez em quando também me deixo converter por eles um bocadinho. No entanto, sou incapaz de trair Lisboa, por mais do que uns dias. Flirto e tenho casos românticos com outras cidades, mas namoro sério para casar, só com Lisboa.

Qual será o pódio dos teus segredos de lisboa. Ou «schiu», que ninguém deve descobri-los.

O pódio dos meus segredos é o bairro onde vivo, Campo de Ourique. Esses não conto a ninguém. 

Já os outros, deixo-os por estas páginas, quando valem mesmo a pena. Não tivesse eu como lema de vida: «Um amor só se torna maior, quando partilhado». É assim com tudo na minha vida e Lisboa não é excepção.
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* Originalmente publicado a 23 de Outubro de 2013, na Le Cool Lisboa * 412

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