Le Entrevista a Noiserv, David Santos, por Rafa

Sem mais necessárias apresentações, até porque esta não é a primeira entrevista que te faço, como está agora a faceta musical do David Santos? Ou seja, em matéria de adjectivações, mais madura, mais contido, mais seguro, mais firme?

Acho que acabas por responder na pergunta. Sinto que enquanto músico estou mais maduro e até tecnicamente mais evoluido, e acho que isso se sente nas músicas. No entanto, não acho que isso me dê mais segurança porque o receio de fazer algo que as pessoas não gostem se mantém. 




Como tem sido o percurso do Noiserv nestes últimos tempos, um maior tempo dedicado à composição, à criação e a colaborações, como com os You Can't Win, Charlie Brown? O teu percurso tem sido, recentemente, de produção contínua, com A day in the day of the days em 2010, o duplo One hundred miles from thoughtlessness, A day in the day of the days em 2011 e, este teu último, AVO (Almost Visible Orchestra), de 7 de Outubro de 2013. É seguro afirmar-se que a música - o ser músico - já é aquilo que te define em absoluto?

Acho que sim, estes últimos 3 anos 100% dedicado à música e a tudo que a ela dizem respeito, fazem acreditar que isto já é a minha vida em completo.

O ser músico em Portugal, mesmo um em ascenção e com notoriedade como Noiserv, é uma caminhada complicada. Julgo que concordarás. O que achas que é necessário e que foi necessário para ti neste processo de crescimento?

Acho que é complicado e que continuará sempre a ser uma caminhada longa e dificil. Acima de tudo, acho que é necessário nunca desitir, e acreditar que realmente se sentimos que existe algo que gostamos mesmo de fazer não podemos desistir apenas porque às vezes é dificil ou parece impossível. Não há truques, nem formas de fazer da melhor maneira. Apenas não desistir é uma certeza para que um dia resulte.

Quanto ao novo álbum, o AVO (Almost Visible Orchestra), já antes de o ouvirmos se revela uma óptima peça de colecção, com um puzzle que te revela frontalmente e por detrás. Como te surgiu esta ideia criativa - que imagino todos irão querer guardar ciosamente, como objecto de colecção que é - e representa algo na tua música e nesta edição? A desconstrução de algo?

A ideia tem muito a ver com todo o processo que envolveu a composição deste disco. O qual, no inicio não era mais que um puzzle totalmente desconstruido, com vários pedaços de músicas soltas. As ilustrações que compõem o puzzle, essas sim, poderão revelar todos os meus estados de espirito em todo este processo, por vezes construído e outras vezes descontruído.

Cada música que fazes representa um pedaço de ti, correspondem a episódios, a histórias? Será, cada álbum que fazes, e este em particular, uma autobiografia?
Acho que os meus discos serão sempre uma autobiografia musical da minha vida, e do período em que fiz as canções. As músicas acabam por relatar episódios, histórias, mas acima tudo as vivências e estados de espirito que fui tendo.

Que podemos contar para próximas edições, o que te interessa criar e que te puxa a curiosidade em termos musicais?

Estou ainda muito perto deste novo disco para perceber qual será o próximo passo, neste momento estou focado em conseguir que estas novas músicas cheguem da melhor maneira possível às pessoas, só daqui a uns tempo, conseguirei pensar qual será o meu «futuro» musical.

Foto por Vera Marmelo


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Ligação : www.noiserv.net


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* Originalmente publicado a 18 de Outubro de 2013, na Le Cool Lisboa * 412

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