Le Entrevista a Tiago Galo, 2, por Rafa El

Explica-me lá esta capa e bem-vindo de volta.

De cada vez que olho Lisboa desde um qualquer miradouro, sinto-me como que um gigante, e como gigante que sou espreito a cada janela, destapo aqui e ali sem olhar a contenções.

O que te faltou dizer na primeira capa que ilustraste para a Le Cool?

Para além de ter sido uma enorme honra ilustrar uma capa para a Le Cool Lisboa, faltou-me lembrar para aproveitarem o Sol de Outono e fazer um passeio no 28!

Parece-te que Lisboa é uma salada ou mais uma sopa? É a diversidade que lhe está na fonte do interesse? Vês-te alfacinha?

É incrível como Lisboa se define pela sua indefinição. Sabe perfeitamente quem é por ser muitas coisas. Muda de cor, forma e textura tão facilmente que até o Bowie se deve roer de inveja. O fantástico disso tudo é que qualquer um pode ser alfacinha. Lisboa molda-se e cativa-te para depois te apresentar a todos os seus outros «eus». Talvez haja qualquer coisa de Pessoa nisto. Só pode.

Se os lisboetas são alfacinhas, não seriam também lagartas, já que querem tudo e mais para a sua cidade?

Acho que Lisboa é habitada por muitas lagartas sedentas que a consomem... como que se de uma folha de alface cheia de buracos se tratasse. O pior é que quem chega de fora a veja como uma espécie de ruína nostálgica que só olha para o passado num registo delicodoce. Parece-me que há muito a fazer em Lisboa, e embora tenha melhorado, ainda vai aparecendo uma ou outra borbulha das que falava na entrevista anterior.

Escreve aquilo que te surgiu neste momento. Anything.

«Estamos todos na sarjeta, mas alguns de nós contemplam as estrelas», Oscar Wilde.


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* Originalmente publicado a 10 de Outubro de 2013, na Le Cool Lisboa * 411

1 comentário:

  1. Viva o Tiago, Lisboa e os lisboetas!

    Essa máxima do tal de Confúcio tem contaminado os meus dias...

    Vera

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