Camilla Watson já faz parte da
Mouraria. Chegou a Lisboa há cinco anos e, perdendo-se de amores
pelo bairro, ali decidiu ficar a viver e trabalhar. Do seu atelier
no Largo dos Trigueiros têm saído, e continuam a sair, muitas
imagens e projectos envolvendo a comunidade e as associações do
bairro. O mais conhecido de todos será, talvez, aquele a que decidiu
dar o nome de «Tributo» e que parte, precisamente, do seu local
de trabalho em direcção às ruas vizinhas, mostrando a quem passa
quem são os moradores e quais as suas vivências.
Mas Camilla não pára e prepara-se
para oferecer à Mouraria mais uma galeria a céu aberto. «Retratos
do Fado – um Tributo à Mouraria» é uma série de 26
fotografias, impressas sobre madeira ou directamente na parede, que
Camilla coleccionou ao longo do tempo que leva de vida na Mouraria ou
foi recolher junto de museus e particulares.
A poucos dias da abertura oficial,
decidimos testar o percurso da exposição, ainda sem a azáfama dos
muitos curiosos que se esperam após a inauguração, mas já com a
atenção e opiniões críticas dos moradores. Entramos pela Rua do
Capelão, onde se podem ver já algumas das fotografias que ficarão
expostas, e, espreitando para a Rua João do Outeiro, lá
identificamos Camilla Watson junto da sua câmara escura portátil.
Preparava-se a parede para a impressão da fotografia de Ana
Maurício, sobrinha de Fernando Maurício, enquanto se lutava, como
sempre, contra as pequenas entradas de luz e que podem estragar tudo.
Esperamos pelo fim da impressão, e que bem que ficou, mas lá
conseguimos captar a atenção da artista.
Olá Camilla. Explica-nos lá como nasceu esta ideia e o
projecto de ir à procura dos «Retratos do Fado» na Mouraria?
A ideia surgiu-me
há 4 anos. As pessoas dizem que a Mouraria é o berço do
fado, mas nada indica isso... Na Rua do Capelão havia aquelas
molduras vazias [portas e janelas tapadas com cimento] e isso deu-me
a ideia para fazer o início do caminho dos fadistas. Fiz a proposta
há 3 anos junto da Câmara Municipal de Lisboa que gostou da ideia,
mas que por várias razões acabou por concluir que não ser possível
avançar. Depois veio a candidatura e o reconhecimento do Fado como
Património Imaterial da Humanidade pela UNESCO e fiz a proposta de
novo e eles aceitaram.
Como se chega até este percurso?
Houve alguma preocupação especial na colocação das imagens em
cada espaço?
A ideia é fazer
um caminho dentro do bairro. Cada esquina, cada rua tem um fadista,
um músico com ligação forte ao bairro acompanhado por uma
biografia em baixo. Onde for possível, haverá sempre a ligação
dessa imagem com a história: onde as pessoas nasceram, por exemplo.
Mas, queria também integrar as pessoas, fazer uma coisa muito
comunitária...
Na minha experiência, o Fado não são só os fadistas, são as pessoas que assistiram aos fados... É uma certa maneira de estar. A ideia aqui [aponta para a fachada de prédio devoluto na Rua João do Outeiro], por exemplo, é pôr imagens de pessoas a assistir aos fados, pessoas a cantar fado, os poemas, um pouco de tudo...
Na minha experiência, o Fado não são só os fadistas, são as pessoas que assistiram aos fados... É uma certa maneira de estar. A ideia aqui [aponta para a fachada de prédio devoluto na Rua João do Outeiro], por exemplo, é pôr imagens de pessoas a assistir aos fados, pessoas a cantar fado, os poemas, um pouco de tudo...
Então e o fado? Começaste a fotografá-lo já a pensar na
exposição ou por vontade própria?
As fotografias começaram em 2009,
quando comecei a fotografar fado. Comecei porque gostei do fado e das
situações. Naquela altura não pensava neste projecto. Mas, por
acaso, a primeira proposta que fiz foi logo em 2009 ou 2010. Embora,
este projecto só tenha sido aprovado, em definitivo, há pouco mais
de um ano.
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A exposição «Retratos do Fado –
um Tributo à Mouraria» será inaugurada este Sábado por António
Costa, Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, com direito a
petiscos e fado ao vivo na Rua João do Outeiro.
O percurso completo começa na Rua do Capelão, passando depois pela Rua João do Outeiro, Rua do Capelão, Rua João do Outeiro, Beco Jasmim, Largo da Severa, Rua da Guia, Largo do Terreirinho, Largo das Olarias, Calçada do Monte, Travessa da Nazaré, terminando no Grupo Desportivo da Mouraria.
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O percurso completo começa na Rua do Capelão, passando depois pela Rua João do Outeiro, Rua do Capelão, Rua João do Outeiro, Beco Jasmim, Largo da Severa, Rua da Guia, Largo do Terreirinho, Largo das Olarias, Calçada do Monte, Travessa da Nazaré, terminando no Grupo Desportivo da Mouraria.
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Camilla Watson : www.camillawatsonphotography.net
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