Falamos com Leonor Zamith, a pretexto da exposição que vai ter no espaço Balneário, LX Factory, a inaugurar a 10 de Maio.
Tens um apelido bem reconhecível e apetecível no mundo da
ilustração.
Estarei errado, certo? Quem é, antes de tudo, a Leonor
Zamith e a sua obra?
Não sei se o meu nome já é reconhecível no sentido em
que mais preciso dele, como garantia de trabalho! Acho que não, mas
sinto cada vez mais vontade de trabalhar e continuar a ser só
ilustradora, o que me parece suficiente para chegar ao apetecível!
Qual o apelo de uma cidade como o
Porto, onde estás estabelecida e que usas como base, para as artes
criativas? Conhecendo-a como conheço, a ilustração e as artes plásticas
por ali têm uma cena bem movimentada e criativa.
O Porto, por ser tão pequeno, facilita o contacto com outros
ilustradores, as galerias e as lojas, as trocas de trabalhos e a
possibilidade de ver tudo o que se vai fazendo, mas a verdade é que o
maior número de encomendas que recebo parte de Lisboa e não do Porto.
Tens um enorme corpo de trabalho editorial. Quais as
diferenças quanto a outros tipos de clientes, prazos, temas balizados,
paralelismo com textos que tens que ilustrar? O NYTimes é um objectivo
que tens como horizonte...
Não sei se é impressão minha, mas sinto sempre uma boa relação
com os clientes! Normalmente não faço mais do que uma ou duas versões do
que me é pedido. Respeito o que me é sugerido e por mais distante que
seja da minha realidade, como por exemplo o futebol, estudo muito bem o
tema antes de começar a desenhar. Vejo a ilustração de um modo muito
objectivo e tenho a intenção de esclarecer e tornar interessante o que
nem sempre é, tal como um purificador de ar de plástico... que dava
música!
Adoro o stress do trabalho editorial, nada se compara à agonia de ter poucas horas para surpreender uma vez mais!
Por isso quero chegar ao NYTimes ou à The New Yorker, porque milhares de
pessoas estão na expectativa de ser surpreendidas pela capa, que é
sempre uma revelação!
O «freelancismo» é uma corda bamba, ou permite-te divagar em coisas que te dão real prazer no teu trabalho?
Ser freelancer é a
combinação de ilustrador com polícia e relações públicas. Sou má polícia
e pior relações públicas e por isso não tenho uma gestão perfeita dos
meus projectos. Mas caminho para um equilíbrio entre o que me é pedido e
aquilo que quero apresentar aos potenciais clientes do mundo editorial,
em especial o infantil.
Tens como desejo criar uma editora para crianças. Conta-me mais sobre
isto, é ainda um projecto, interessa-te ilustrar para crianças?
A ilustração infantil é um esforço que nunca é ingrato. As
crianças podem estar habituadas à Kitty que quando vêm uma imagem minha
querem na mesma pintar e saber porque é que fiz assim e se faço mais...
Fala-me da «Lista», exposição em nome individual no espaço Balneário. Vale mesmo a pena que todos a visitem, certo?
A «Lista» é uma recolha de objectos que de uma
forma ou de outra traz à memória de todos nós peças que vimos em casa
dos nossos pais e avós e nos apetece ter por perto. São coisas que já
não cabem, ou foram substituídas pela versão electrónica ou digital, ou
até cabem, mas já são tema de representação! Não é uma escolha que vai
ao profundo da nossa existência mas sim uma agradável recordação.
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Enlace
www.leonorzamith.com
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