Le Entrevista a Leonor Zamith por Fernando Mondego

Falamos com Leonor Zamith, a pretexto da exposição que vai ter no espaço Balneário, LX Factory, a inaugurar a 10 de Maio.

Tens um apelido bem reconhecível e apetecível no mundo da ilustração.
Estarei errado, certo? Quem é, antes de tudo, a Leonor Zamith e a sua obra?

Não sei se o meu nome já é reconhecível no sentido em que mais preciso dele, como garantia de trabalho! Acho que não, mas sinto cada vez mais vontade de trabalhar e continuar a ser só ilustradora, o que me parece suficiente para chegar ao apetecível! 

Qual o apelo de uma cidade como o Porto, onde estás estabelecida e que usas como base, para as artes criativas? Conhecendo-a como conheço, a ilustração e as artes plásticas por ali têm uma cena bem movimentada e criativa. 
O Porto, por ser tão pequeno, facilita o contacto com outros ilustradores, as galerias e as lojas, as trocas de trabalhos e a possibilidade de ver tudo o que se vai fazendo, mas a verdade é que o maior número de encomendas que recebo parte de Lisboa e não do Porto.

Tens um enorme corpo de trabalho editorial. Quais as diferenças quanto a outros tipos de clientes, prazos, temas balizados, paralelismo com textos que tens que ilustrar? O NYTimes é um objectivo que tens como horizonte...

Não sei se é impressão minha, mas sinto sempre uma boa relação com os clientes! Normalmente não faço mais do que uma ou duas versões do que me é pedido. Respeito o que me é sugerido e por mais distante que seja da minha realidade, como por exemplo o futebol, estudo muito bem o tema antes de começar a desenhar. Vejo a ilustração de um modo muito objectivo e tenho a intenção de esclarecer e tornar interessante o que nem sempre é, tal como um purificador de ar de plástico... que dava música!
Adoro o stress do trabalho editorial, nada se compara à agonia de ter poucas horas para surpreender uma vez mais!
Por isso quero chegar ao NYTimes ou à The New Yorker, porque milhares de pessoas estão na expectativa de ser surpreendidas pela capa, que é sempre uma revelação!

O «freelancismo» é uma corda bamba, ou permite-te divagar em coisas que te dão real prazer no teu trabalho?

Ser freelancer é a combinação de ilustrador com polícia e relações públicas. Sou má polícia e pior relações públicas e por isso não tenho uma gestão perfeita dos meus projectos. Mas caminho para um equilíbrio entre o que me é pedido e aquilo que quero apresentar aos potenciais clientes do mundo editorial, em especial o infantil.

Tens como desejo criar uma editora para crianças. Conta-me mais sobre isto, é ainda um projecto, interessa-te ilustrar para crianças?

A ilustração infantil é um esforço que nunca é ingrato. As crianças podem estar habituadas à Kitty que quando vêm uma imagem minha querem na mesma pintar e saber porque é que fiz assim e se faço mais...

Fala-me da «Lista», exposição em nome individual no espaço Balneário. Vale mesmo a pena que todos a visitem, certo?

A «Lista» é uma recolha de objectos que de uma forma ou de outra traz à memória de todos nós peças que vimos em casa dos nossos pais e avós e nos apetece ter por perto. São coisas que já não cabem, ou foram substituídas pela versão electrónica ou digital, ou até cabem, mas já são tema de representação! Não é uma escolha que vai ao profundo da nossa existência mas sim uma agradável recordação.
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