Chamo-me Alípio Padilha.
Tiro fotografias em Lisboa. Na infância costumava olhar por debaixo das
minhas pernas e via o mundo ao contrário. Olhar dessa forma invulgar
transformava então esse lugar. É assim ainda hoje que vejo a “escrita
com luz”. Polaroids e um AE-1 foram as primeiras aliadas. Hoje, vivo
onde sempre quis viver: Lisboa. Gosto da palavra, do lugar de passagem
que sempre foi. A cultura urbana que se esconde e descobre a cada
esquina, numa rua, num palco improvisado ou não, está acessível a todos
os que a queiram adoptar. Estar atento a isso para mim é fotografá-la,
espio tudo, atento, através do viewfinder de uma câmara. Um voyeur
assumido.
Lisboa deixa-se fotografar. É exibicionista e vaidosa desde as calçadas
onde se tropeça na alma dos lugares, aos miradouros românticos e sempre
iluminada pelo Tejo. Há novos fados de Lisboa, basta olhar para eles. Eu
registo-os com o que tenho à mão: a fotografia; desafia-me o trabalho
no colectivo TPP e na Rua.
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