Numa estremunhada tarde de Outono em Lisboa, encontro-me com
Paula Pinto e perante umas desafiantes Pataniscas de Bacalhau ao
Adamastor.
A conversa fluiu entre garfadas de ataque ao
Fiel Amigo e a longa carreira de Paula nos palcos, na Gulbenkian e no
exterior, a plataforma Sentidos Ilimitados e o espectáculo Compota do
próximo dia 30 ao Teatro do Bairro. Pelo caminho da conversa, foram
surgindo outros temas, como a vida, o sonho, o futuro, metas e o
suculento arroz de feijão que emparceirava a patanisca:
Fui
bailarina do Ballet Gulbenkian durante 20 anos e saí dois anos antes da
extinção. Sou de São Tomé e Príncipe, nasci em São Tomé, vivi na Guiné e
um mês antes do 25 de Abril vim para Portugal. A dança começou em
frente à minha casa na Guiné. Havia uma árvore muito grande, sempre com
muita gente à volta, crianças a brincar, pessoas a tocar tambor.
Portanto, era muito fácil, quando eu vinha da escola, participar
daquelas celebrações.
Que árvore era?
Ah,
não me lembro. Era daquelas muito grandes, com a copa muito larga.
Cheia de animais, pássaros, macacos... Gente sempre reunida, com
crianças e era muito normal ir para lá dançar, tocar, bater com os pés
no chão e tocar tambores.
Uma vez contaram-me uma história sobre uma árvore muito larga, comunitária. Havia sempre um bando por debaixo.
Sim,
as pessoas juntam-se onde faz uma grande sombra, aproveitam para vender
os seus artesanatos, a sua comida. Fazem ali as suas refeições, era
tudo feito ali. Era como com os banhos, caia uma chuva torrencial e ia
tudo tomar banho para o meio da rua. Era fantástico. Foi uma infância
bastante selvagem, bastante ligada à terra e isso fez-me a pessoa que
sou. Vem um bocadinho daí, dessa ligação profunda.
É muita memória.
Muita
muita. E os cheiros. Ainda há pouco tempo cheirei uma caixa de caju. Eu
pedi para trazerem caju em fruta, não sei se já provaste?
Provei.
Nós
apanhávamos da árvore. Limpávamos e comíamos. Há pouco tempo uma amiga
que me trouxe caju de Cabo Verde. E quando abri a caixa e cheirei, tive
que me sentar, deu-me uma tontura. Levou-me à memória. Nem os comi todos
pois alguns estavam já passados da viagem, mas só o cheiro, foi assim
uma coisa...
E voltaste lá?
Não.
Não voltei. Voltei a Cabo Verde e ao Senegal com o Ballet Gulbenkian,
mas à Guiné nunca mais voltei. E São Tomé também não. De São Tomé saí
com dois anos de idade e aquilo que me lembro é aquilo que os meus pais
me contam. Gostava muito de voltar e até de trabalhar em São Tomé. Até
cheguei a contactar a Roça de São João. Há aquele senhor, o João Carlos
da Silva, com um programa em que cozinha ao ar livre. Eles têm uma
residência artística e um centro cultural e já os tentei contactar. Mas
também há muita malária e eu não posso levar o meu filho com 11 anos e
não posso levar e expô-lo ainda assim.
Quando fui para
Sintra fui para um colégio onde havia ballet e eu gostava imenso de
ballet, de dança. E o meu pai ofereceu-me um livro, o Ballet Sem Mestre,
que era um livro pequenininho que ensinava as primeiras posições, a
técnica dos braços, a posição dos pés, o Arabesque, as mãos... a minha
mãe dizia que eu andava sempre a treinar, agarrada à barra da cama a
treinar.
Foi assim que começou a tua formação?
Primeiro
em África, com as danças mais tradicionais, mais espontâneas. Tudo mais
espontâneo. E, depois, nos bailaricos cá em Lisboa, com o folclore e as
festas e os Santos. E a ida para Sintra fez-me conhecer esta escola,
que era duma senhora inglesa, a Neilma Williams. Que foi a minha mãe do
ballet, a pessoa com quem trabalhei esses primeiros momentos para
aprender um pouco a técnica, para além do livrinho. E ela despois
sugeriu aos meus pais levarem-me à Gulbenkian, porque a Gulbenkian fazia
cursos de bailado e fazia audições anuais para integrar outros alunos,
miúdos jovens. E tinham cursos de bailado que foram criados pelo Jorge
Salavisa. Eu fui à audição, tinha onze anos, quase a fazer 12.
Isso não é considerado tarde?
Sim,
pode ser considerado tarde. Mas tive a sorte de passar na audição. Eu e
outra colega minha, que depois continuou a ser minha colega durante 20
anos, que é a Paula Fernandes, que é artista plásticae faz jóias com
motivos do Minho. E, a partir daí, tínhamos aulas ao final do dia,
andava em Sintra no liceu e vinha de comboio para Lisboa todos os dias
ao final do dia para fazer as aulas de dança clássica e de dança
contemporânea com a Manuela Valadas. Aulas com o Jorge Salavisa de pas
de deux. Paralelamente a isso, havia muita gente a vir à Gulbenkian ver
os bailarinos, o Jorge sempre foi uma pessoa muito interessada.
Em expor?
Não
só em expor, mas também em dar novas oportunidades às pessoas. Havia
por exemplo, o Fernando Lima, que era coreógrafo do teatro de revista e
televisão. Ele foi uma das pessoas que nos angariou para fazermos
coisas. Uma das coisas que fiz foi uma peça do Bernardo Santareno no D.
Maria II, com Ruy de Carvalho, Rui Mendes, todos esses grandes do Dona
Maria II - nem consigo dizer o elenco todo, e estivemos em cena nove
meses, o que foi uma experiência brutal. Isto para uma miúda de 14 anos!
Fiz também trabalhos para a televisão, o Sabadabadu, publicidades
também, sempre pela mão do Fernando Lima, porque ele estava muito ligado
a essas produções de televisão e teatro. Depois, aos 16 anos, o Jorge
Salavisa convidou-me para entrar para o Ballet Gulbenkian, como
profissional. E eu aceitei, obviamente.
Foste bastante precoce, então.
Foi
uma experiência gira, toda essa dinâmica da televisão, dos programas e o
contacto próximo com os organizadores, com os assistentes, com todas as
equipas. Todo aquele mundo, abriu-me... Sempre fui muit aberta, sempre
me considerei não portuguesa mas uma mulher do mundo. Eu sou terráquea.
Sou habitante do planeta Terra. Até haver outra novidade, para mim não
há fronteiras, não há delimitação.
A ideia da portugalidade é o fado, não é estática. Temos muito da raiz africana, também.
Temos essa raiz, sim.
Sou
sempre ávida de conhecimento, apesar de não ler jornais, não ver
televisão, não ver as notícias. Mas gosto de estudar, gosto de me
informar. Tenho amigos que me telefonam a dar as notícias.
Eu
compreendo isso, também não vejo televisão. Até vi ontem, mas calhou,
estava ligada e passei. A televisão nem é minha, é da casa onde estou.
Investigo
tudo o que tem a ver com sustentabilidade, com ciência, com
diversidade, são coisas que me interessam. Novas descobertas da ciência,
tudo isso me interessa muito, gosto muito. A expansão do Universo, isso
é que realmente é importante, não se o Manel matou a Maria. Naturamente
as pessoas morrem e nascem, a cada segundo, mas interessam-me outros
tipos de informações. Faço a triagem da informação, daquela que me faz
realmente pulsar e avançar e não aquela que me prende ao sistema no qual
eu não me sinto muito pertencente.
A triagem é importante, há demasiado lixo.
Entretanto,
achei que precisava de conhecer mais, de ampliar a formação em dança
clássica e moderna. Pedi uma bolsa de estudo à Fundação, a qual não foi
aceite. E, então, despedi-me, tinha 17 anos.
Querias ir para fora?
Sim.
Eu queria ir para a London Contemporary, o The Place. Eu tinha feito
uma audição e tinha entrado e apesar de já ser velha - eu teria 16, 17
anos. Eu já era velha, entre aspas, mas gostaram e escreveram uma carta
de recomendação.
Estavas ainda no Ballet Gulbenkian?
Estava no Gulbenkian, sim.
Causa-me sempre estranheza falar de ballet e juntar-lhe contemporâneo.
O
Gulbenkian sempre foi contemporâneo, a partir da altura que eu entrei,
já apanhei numa fase neo-clássica a caminhar para o contemporâneo. Já
não se faziam aquelas produções clássicas tradicionais, já não se fazia.
A última que vi foi quando tinha para aí nove ou dez anos e foi o Quebra-Nozes. Eu assisti ao Quebra-Nozes e disse à minha mãe: "Mãe, eu quero estar ali naquele palco, eu quero ser bailarina com esta companhia."
Passados uns anos, conseguiste.
E fui.
Associa-se o ballet ao clássico.
Sim, associa-se ao clássico. Dança contemporânea é dança contemporânea. Tem várias famílias, várias vertentes ou caminhos.
Variantes.
Variantes, sim. Dança moderna, Isadora Duncan, Martha Graham e por aí fora.
E foste para Londres?
Acabei
por não ir para Londres, porque não ganhei a bolsa de estudo e não
tinha capacidade financeira para pagar a escola. Despedi-me e fui para o
centro de dança da Rosella Hightower em Cannes, que é uma escola
internacional. Fantástica, onde tive parcialmente uma bolsa de estudo.
Durante algum tempo trabalhei com o marido da Rosella Hightower, na
construção de grandes guarda-roupas para ópera. Ele era figurinista e
cenógrafo e na casa dele tinha um atelier enorme onde tinha duas
costureiras. E eu fui ajudante, separava as peças, ajudar a colocar os
brocados e a fazer as missangas. E aí também, o lado meu de figurinos,
também o fiz. A oportunidade de trabalhar com ele foi muito gira, a
oportunidade de observar, pois eu estava ali a ajudar e a assistir. E
depois fazia a escola e aquilo era o que ajudava a pagar a escola.
Depois, para ganhar algum dinheiro, criámos um grupo de breakdance, mais
três rapazes.
Isso foi quando?
Teria
18, foi em 84. Sempre gostei muito de dança jazz, de flamenco. Sempre
tentei fazer uma formação ampla, tem a ver comigo. Eu gosto de tentar
isto, de tentar aquilo. Claro que aprofundei mesmo a dança clássica, a
dança contemporânea. Mas depois também a dança jazz, disto e daquilo,
experimentar um pouco de tudo. Agora ando a querer aprender a dançar o
tango, a dançar o tango à séria.
Depois, ao final de um
ano, recebi um novo convite do Jorge Salavisa, Director Artístico do
Ballet Gulbenkian, nessa altura. E aceitei, com o meu coração muito
grato, porque eu sou portuguesa, apesar de ser uma mulher do mundo. Sou
patriota, gosto muito de Portugal e acho que temos aqui muito para dar e
é bom voltar para casa. Foi mesmo essa sensação que eu tive, de voltar
para casa.
Não ficaram ressentidos?
Não, não havia razões para ficar.
Nas áreas criativas há uma coisa essencial, que é a mobilidade.
Também
acho, é muito importante. O que é mais importante mesmo é a partilha de
ideias, e não digo o confronto, confronto é uma palavra muito forte.
Mas o facto de te dispores voluntariamente a novas culturas, de forma a
testar novas ideologias, novos ambientes. Tudo isso, é enriquecedor.
Voltei
para o Ballet Gulbenkian, foi maravilhoso, reencontrar muitos amigos e
colegas da escola. Aquele ano em França foi muito importante para mim,
para o meu crescimento especialmente como pessoa. Voltei para casa sem
perspectiva de voltar a sair tão cedo. Andava sempre aqui e ali. Fui uma
pessoa que ganhei poucas raízes e voltar para casa naquele momento foi
importante para ajudar a construir uma base. Mas foi sol de pouca dura,
pois ao fim duns anos já estava outra vez com vontade de sair para
aprender mais ainda, apesar da experiência no Ballet Gulbenkian foi um
privilégio, incrivelmente enriquecedora. Os coreógrafos que vinham, toda
a dinâmica, o repertório que tínhamos, as viagens que fazíamos. A
companhia é reconhecida internacionalmente.
Conseguias propor as tuas ideias?
Havia
espaço. Foi daí que surgiram muitos dos coreógrafos que tens por aí. A
Olga Roriz, a Vera Mantero, tanta gente que entrou nos estúdios
coreográficos do Ballet Gulbenkian.
Era um ambiente fértil para criar.
Muito
muito. Sempre houve um espírito muito familiar de reaproveitar tudo o
que havia de figurinos, de cenografia de obras anteriores que tinham
sido feitas. Mais uma vez precisei de apanhar ar e fiz um projecto com o
Jan Fabre. Precisava duma pessoa para integrar a equipa dele para fazer
uma criação no Frankfurt Ballet e ele veio na altura a Portugal. Não
sei se assistiu a um espectáculo, mas disse-me: “Queres vir comigo?”,
“Quero.” Então estivemos quinze dias na Bélgica a tentar estruturar a
criação que ele ia fazer para o Ballet de Frankfurt, para a companhia do
Forsythe. E depois fomos viver para Frankfurt durante dois meses e meio
e a trabalhar todos os dias com o Ballet de Frankfurt. Foi uma coisa
espectacular, não tanto a obra do Jan Fabre, mas a experiência com o
Forsythe e com os bailarinos, excelentes bailarinos. E depois daí fui
para Nova York, fui bolseira e estive lá uns meses, até – se não estou
em erro - Maio de 91. E ali fiz aulas com todos aqueles que já ouviste
falar, com o Cunningham e mais.
Depois, Lisboa. Nova
Iorque foi extenuante, não só pela experiência de andar de um lado para o
outro de Metro, mas também porque fazia cerca de seis aulas por dia. Eu
chegava exausta ao final do dia. Eu sinto Portugal dentro de mim, adoro
estar aqui. O que eu mais gosto é mesmo a humanidade, a humanidade do
português.
(Passa uma versão portuguesa dum Chakda, ao
qual a Paula tira foto com o telemóvel e eu explico o que é de facto um
Chakda indiano)
Há muito muito para ver, tanto para descobrir.
Quando
eu voltei para o Ballet Gulbenkian, continuei o meu trabalho e chegou a
altura de parar. Eu tenho muitas lesões físicas e depois fiquei
grávida, também. Foi outro projecto e a dança ficou para trás, já há
nove ou dez anos que não faço nada na área. Quando eu saí da Gulbenkian,
fui ainda trabalhar com a Olga Roriz durante um ano e meio, fizemos
umas produções juntas, como bailarina ainda. E, depois, parei mesmo. Saí
de Lisboa, fui viver para o campo, para junto do mar. E a minha vida,
durante dois anos, resumia-se a fazer meditação, em levar o meu filho à
escola e a estudar, a pesquisar, a aprender, a procurar resposta para a
transformação que eu própria estava a sentir. Fiz muitos cursos
pequeninos, de gestão de projectos e de gestão de projectos culturais.
Pequenos cursos de formação. Comecei a sentir que precisava de
aprofundar conhecimentos. Inscrevi-me na Universidade, tenho estado a
fazer uma licenciatura em estudos artísticos.
E foi então
que surgiu essa intenção enorme, que eu não podia mais fingir que não
estava a acontecer e achei que era interessante criar uma entidade que
pudesse ser e representar esse sentido e propósito de vida em todas as
direcções. E dei-lhe um nome, Sentidos Ilimitados. E se reparares nas
iniciais, formam SI. O sentimento de si.
Não acolhendo apenas a dança.
Em todas as direcções. Claro que a minha formação é de dança.
A Compota surge dentro dos Sentidos Ilimitados.
É
anterior à criação da marca, que a SI é uma marca registada e que
depois se tornou em associação. A Compota surge numa brincadeira em que
se falava “Vamos juntar artistas e fazer uma jam”, e alguém disse “Ah,
ya, vamos fazer uma compota.” Foi o Vítor Garcia, que também foi
bailarino e que trabalhou muito tempo no Ballet de Frankfurt e que agora
é professor aqui na Escola Superior de Dança e que trabalhou muitos
anos com improvisação. Excelente pessoa, excelente bailarino, excelente
mestre de bailado. E, em conversa com o Vítor, começámos a brincar.
“Olha, compota.” “Compota é giro, bora lá.”
Começámos a
organizar umas sessões aqui no Conservatório, cederam-nos a sala,
começámos a juntar artistas e muita gente veio. E tomou proporções muito
grandes, agora são cerca de duzentos e tal colaboradores. Era muita
gente a querer participar de várias áreas. Mas aquilo chegou a um ponto,
que sem uma estrutura por detrás e sem uma equipa de gestão de
projecto, se tornou insustentável. Eu queria criar uma marca e não o fiz
e então o projecto esteve parado durante cinco anos. Em 2009, a pedido
de várias famílias, como se costuma dizer, recuperei o projecto.
E a marca?
A
marca surge duma motivação artística de querer providenciar um serviço
que seja verdadeiramente útil, que as pessoas possam mesmo beneficiar
pelo contacto, pela proactividade, pela proximidade com o projecto em
si. Não só o artista ou o colaborador da actividade, mas quem está
presente também possa beneficiar. Que seja uma actividade que toque as
pessoas e que possa conduzir a uma ideia de serviço pelas artes. Pela
ideia de progresso enquanto artista e enquanto pessoa.
O Manifesto ID justifica-se por esse querer?
E a Compota também.
A Compota é uma mistura de várias coisas.
É uma mistura de ingredientes.
E cada espectáculo é diferente.
Sempre
diferente. É única e irrepetível. Estamos a falar de improvisação, é
composição improvisada que não é possível de replicares. Há imenso
material no canal Youtube da Sentidos Ilimitados. Há muita coisa. E são
sempre diferentes.
E depende também de quem está presente.
Depende.
Há ainda e é perfeitamente normal, alguma resistência por parte do
público de participar. Apesar de o desejar ardentemente, ainda tem algum
receio. Eu acho que as pessoas gostam de se sentirem integradas nas
coisas.
Agostinho da Silva dizia que todos nós “somos
estrelas de brilho ímpar.” E que ele, não tem o direito de dizer o que
deve ser feito, mas ajudar para seres tu próprio. O mesmo dever que ele
consigo próprio é de ser quem ele é. Um direito e, ao mesmo tempo, um
dever de ser quem ele é. E a ideia de ser o que sou, com toda a sua
exuberância ou não, porque nem todas as pessoas são extrovertidas.
Interessa valorizar o que és e aquilo que sabes. Todos nós somos
criativos, todos temos capacidades que devem ser nutridas.
Eu costumo dizer que cada pessoa, mesmo por mais desfasada que pareça, tem sempre algo para oferecer.
Eu acredito piamente nisso.
Nem que seja a fazer uma tarte de maçã.
Por isso eu dizia que acredito na pessoa, acredito na humanidade. Na identidade, e daí o manifesto identidade.
O Manifesto iD.
Identidade.
Explica-me um pouco...
O
Manifesto iD? Eu estreei um solo na Malaposta e o Manifesto iD foi um
estudo meu sobre a minha natureza, a natureza humana. E fiz um solo como
um desafio para mim própria como outra coisa que eu queria oferecer. As
pessoas gostaram bastante. E o meu grande objectivo era tocar,
tocar-te. E emocionou-me.
Tudo o que tens feito, anda muito à volta da identidade, da participação.
Sim.
Parece-me a procura da essência.
Eu acho que não ando à procura da essência, eu acho que já vislumbrei.
Queres é partilhá-la.
Quero
é partilhar esse sentido e esse propósito, o sentido de vida e esse
propósito meu. O que eu gostava mesmo é que as pessoas redescobrissem
isso em si e pudessem partilhá-lo também. Porque é que o Agostinho da
Silva eu me sinto tão próxima – apesar de não ter lido a obra toda. É um
pedagogo, existe arte no saber e no fazer, toda a sua obra é muito
humanista, universalista. É assim que me vejo, cheia de humanidade, e
quero os projectos que se façam providenciei essa oportunidade a quem
participa. Não é uma coisa que se possa fazer de repente, para as
massas, mas um trabalho muito íntimo, muito cuidado, muito delicado, com
muito amor. Porque não pode ser feito doutra maneira. As pessoas são
muito diferentes, cada pessoa é um mundo.
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Enlaces
Sentidos Ilimitados : http://sentidosilimitados.blogspot.com
Sentidos Ilimitados YT : www.youtube.com/sentidosilimitados
Manifesto iD : http://www.idmanifesto.blogspot.com
Compota (dia 30 Nov) : http://www.teatrodobairro.org e http://www.youtube.com/watch?v=RLMB9Nct05w
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* Originalmente publicada a 24 de Novembro de 2011, na Le Cool Lisboa * 315
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