Uma vontade de ser. De sentir e de fazer sentir. De ultrapassar fronteiras e limitações. Usar e abusar do que é nosso. Trazer de volta o orgulho ferido, contra tudo e todos. Voltar à ribalta, às bocas do mundo. Mas tudo na penumbra. Sempre com um sentimento de marginalidade. Essa coisa magnífica de fazer em cima do joelho e mesmo assim soar perfeito. De fazer mais e melhor sem os meios. Sem o falso e demasiado pensado. Sem obedecer a estratégias e canais convencionais. De chegar a todo o lado sem comprometer a ideologia e a originalidade. Mais que nunca estamos vivos. E prontos a tomar de assalto o que até há pouco tempo era preenchido por estrangeirismos sem valor. Glorificar e elevar ao expoente máximo da criatividade este nosso sentimento.
Esta nossa maneira tão própria de ver sempre o positivo. De fazer sempre valer tudo a pena. Mais do que nunca as cidades fervilham com atividade. Mentes inquietas, que tentam a todo o custo quebrar o estigma da pobreza de alternativas, de "carneirismos" impostos pela sociedade consumista e tão dada a modas.
Maneiras diferentes de fazer o mesmo. Ou fazer algo totalmente diferente. Fundir o antigo, as raízes, essas tão frequentemente ignoradas e esquecidas, com o moderno e irreverente. Reinventar, baralhar e voltar a dar. Grupos, associações, gente. Todos a fazer mais com cada vez menos.
E a música a nada disto é alheia.
E tudo ainda é possível. Há dias, em conversa com as nobres gentes da Chifre, conversa a ser explorada na próxima rubrica, dizia-se que com respeito e a atitude certa, com honestidade e vontade inabalável de fazer as coisas, com responsabilidade e cabeça, ainda é possível dar asas aos sonhos e continuarmos a acreditar em nós. E que isto agora só poderá melhorar.
Rock'n'Roll TV
João Freire
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