Papoilha
O meu avô repetia uma frase que me desengonçava: «Desde que vi um cão a andar de bicicleta...». Foi ao crescer e aparecer por Lisboa que lhe percebi o fundamento. Os mistérios do Entroncamento também têm lugar nestes bairros trajados de sombra e de luz. Uma senhora que vende poesia à folha. Outra que fala com anjos sobre o ombro, correndo a rua. Um sem-abrigo artista. Alguém que vende o património de alfarrabista na Feira da Ladra. Um mendigo rapper. Sei que todas as cidades têm o seu ângulo, mas aqui aquilo que me causa estranheza, faz parte desse romantismo que se cola a Lisboa que nem bolo de chocolate à língua. É o ópio de uma papoilha cidade. / Ana Ema
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