Le Entrevista a Peter Evans (Octeto) por Pedro Tavares [PT]

O Peter Evans Octet vai tocar a 8 de Agosto em Lisboa, durante a 30ª edição do Jazz em Agosto na Fundação Gulbenkian. O Pedro Tavares trocou umas palavras familiares com o músico.

Este octeto surge do teu quinteto, com a inclusão de Brandon Seabrock, Dan Peck e Ian Antonio. O que estás a tentar alcançar e/ou explorar com esta adição e com estes músicos? 

Este grupo é sobretudo sobre juntar personalidades e «vozes» musicais incríveis - todos estes tipos são únicos. Posso dizer sobre os músicos que eles são «caracteres» extremos, em alguns casos, completamente lunáticos. Então a ideia é gerar uma situação e que os seus estilos e sons possam ser combinados e libertados para o público em geral. O meu objectivo é explorar com composição e improvisação com estes músicos e permitir que todos explorem o seu máximo alcance. Quase todos tocam múltiplos instrumentos.

Fala-me da importância de Mark Gould e Evan Parker no teu trabalho como músico.

Ambos são importantes influências e mentores na minha entrada na música criativa!

Quais são os teus favoritos trompetistas?





Aqui tens uma lista de alguns dos meus favoritos:
Roy Eldridge, Kenny Wheeler, Woody Shaw, Axel Dörner, Mongezi Feza, Nate Wooley.

A experiência com o Evan Parker Electro-Acoustic Ensemble, especialmente no que toca ao processamento digital, o início da tua aposta na electrónica?

Não, já tinha trabalhado com live electronics no Oberlin, à volta de 2001/2 e tive alguns encontros verdadeiramente desapontadores nos anos seguintes. Mas não desenvolvi um grande interesse até trabalhar com o Evan. Percebi que se podia fazer bem! Depois de trabalhar com a sua banda e conhecer alguns dos músicos, pensei em outras possibilidades que podiam resultar para a minha música e objectivos. E a forma como isso foi possível deve-se ao Sam.

A ideias com o quinteto, foi combinar live electronics, material existente e improvisação de uma nova maneira. Foi esse impulso experimental inicial que fez nascer o quinteto... que se desenvolve por si só desde então.

Sei que Sam Pluta é uma peça fundamental no teu trabalho actual. Porquê?

Só posso dizer coisas óptimas sobre o Sam. A única razão de ter começado o quinteto foi porque sabia que ele tinha uma ampla qualidade e destreza para o fazer funcionar: [o ser capaz de] ler música e uma sólida base em música tradicional, live electronics, um alto nível de improvisação. A juntar a isto, há uma estética ou sistema de valores sobre a música em geral que é partilhada. Eu penso que ele é o mais avançado músico de live electronics que há. Colaborámos em situações desde jazz music com mudança de cordas, música de câmara com flautas e oboés, duetos completamente improvisados.

Não conheço ou músico de live electronics que consigam adaptar-se a estas situações de forma tão fluida. Espreitem o novo CD «Rocket Science»... ele documenta o primeiro encontro com Craig Taborn, com Evan Parker, com o Sam e comigo. É um dos mais detalhados e dinâmicos registos de live electronics improvisados que alguma vez ouvi.

És um mestre da respiração circular e consegues facilmente fazer coisas ou saltar entre diferentes registos tal como os saxofonistas fazem normalmente?
 

É apenas um processo de prática contínua e um refinamento no actualizar dos sons que ouço na minha cabeça. Não existe propriamente uma «mestria».

Em que projectos estás actualmente involvido?



Em muitas coisas! O meu trio acústico Zebulon, com John Herbert e Kassa Overall. Iremos tocar imenso este Outono, viajando pela Europa e a gravar o segundo álbum. O quinteto vai lançar proximamente o seu segundo álbum e estou a pensar escrever um terceiro conjunto de músicas (Ghosts foi o primeiro, este próximo álbum será o segundo).
 

Vou aprofundar o tocar a solo no próximo ano, culminando numa nova gravação. Toco um trio muito estranho chamado Pulverize the Sound. É um trio colaborativo com Tim Dahl e Mike Pride. Andámos a ensaiar nestes três anos e gravámos mesmo agora a música. Espero que esta banda possa tocar fora de Nova Iorque, tivemos muito poucos concertos até agora...


Lançaste recentemente um álbum com a Clean Feed Records, o «Trumpets and Drums». Fala-me deste trabalho e de como é tocar com Nate Wooley.





Como disse antes, o Nate é um dos meus favoritos. O nosso concerto na Eslovénia, no Verão passado, foi também a sessão de gravação. Uma banda pouco habitual com imensas possibilidades. Espero que possamos fazer mais.




Suponho que conheces Lisboa razoavelmente, dado que tocaste aqui já por diversas vezes. Se Lisboa fosse uma música, consegues imaginar que tipo de música seria?

Não penso sobre música desta maneira. Mas adoro Lisboa!


Como o concerto do Jazz em Agosto vai ser a primeira apresentação ao vivo desta formação, o que poderemos esperar do concerto?

Um furacão de som... personagens musicais maiores do que a vida...

Foto por Peter Gannushkin

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