Auto-retrato, 2009
Chamo-me Inês Mendes e sou mais do que uma coisa. Sou mais coisas do que normalmente se é...
De
mim para mim, sou e sempre serei em primeiro lugar artista plástica.
Estudei pintura no Porto, cá em Lisboa e na Alemanha e o meu meio é o
desenho, feito em todas as superfícies possíveis, das mais concretas às
digitais. Este ano decidi conciliar um projecto antigo, o de aliar os
dois lados da minha família, (o da biologia e o da representação
científica), e comecei um projecto no Centro de Zoologia do Instituto de
Investigação Científica Tropical onde desenho as colecções, de caixas
de insectos ao crânio do Benjamim, um dos primeiros elefantes do Jardim
Zoológico. Estou também a fotografar borboletas para arquivo digital. E
são lindas.
Sou leitora, adoro ler, é um prazer como
poucos mais. Comecei na D. Quixote e agora leio para a Editora
Objectiva. Sei que é um trabalho que pouca gente conhece, por isso
explico: leio, resumo em cerca de duas páginas e faço uma análise
literária/opino sobre a qualidade, teor, beleza, calibre daquilo que li,
e a partir daí se decide - decidem os editores - se o livro se publica
ou não. Leio em várias línguas, seis para ser mais concreta, e isso para
mim, a constante manutenção ou melhoramento das línguas que conheço,
também me agrada. Muito.
Adoro tudo o que faço; adoro
fazer tudo. É uma sorte tremenda, e tenciono continuar a fazê-lo, e a
aprender ao fazê-lo. Adoro a cidade onde vivo, é a mais bonita que vi
até hoje, embora por vezes seja também muito feia (mas tenho dificuldade
em separar o belo do feio), a luz, a cor, o ser do sul, o ser, comer,
beber e cheirar mediterrânico, a língua e os escritores que já a
escreveram, o Tejo, tão grande. Passear com as minhas filhas por Lisboa.
O
futuro? Qui sera, sera. Não gosto de exercícios de adivinhação, faço o
que gosto, o tempo nunca me chega, a(s) minha(s) profissões, vivo-as.
Mas gostava de escrever um livro, um dia, ao invés de sobre livros.
Sim, isso falta-me fazer.
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