Talvez esse gosto natural o tenha levado até ao norte da Europa e aí decidido ancorar a sua vida por uns tempos (ou para sempre, quem sabe). Ou talvez tenha sido o contrário, e seja o ADN do próprio João, "homem do norte" como dizemos cá na terra, a quem o Norte sabia a Sul e decidiu "subir" mais um pouco, e então, se tenha apaixonado pelas etéreas quasi oníricas paisagens musicais dessas terras. Mas é um pouco como a questão do ovo e da galinha. Não importa se a João chegou primeiro a música ou o local.
O que importa é que foi em Utrecht que criou o projeto musical LASERS, com o qual editou recentemente o EP homónimo pela Bad Panda Records. Sabe a frio. Sabe a Norte. Sabe àquela fresca magia que nos chega da Europa lá de cima. Só que, desta vez, é um de nós que a faz e que de lá a envia.
E porque João Costa é um verdadeiro convicto da "música livre para todos", basta dirigirem-se ao site da Bad Panda Records, descarregarem LASERS EP legalmente, e legalemnte o tocarem sempre que queiram e onde quiserem.
Quem é, de quando e de onde bem João Costa? Fala-nos um pouco da tua história e da pessoa por detrás do músico. E de como foi que na tua vida entrou a música que se viria a transformar numa carreira.
Sou do Porto, nascido e criado.
A música sempre fez parte da minha vida desde que me lembro, comecei a ter aulas de música aos 4/5 anos e tive a sorte de em casa sempre haver boa música a tocar. Comecei a fazer música em computador por volta dos 13 anos e um pouco mais tarde fiz parte de um grupo de Hip-Hop como produtor, mas rapidamente me aborreci do formato. Daí em diante foi tempo de experimentação até me encontrar musicalmente, como LASERS, há cerca de um ano.
Fazes outras coisas para além da música ou ocupas o teu tempo exclusivamente com ela?
Recentemente, quando saí de Portugal para ir estudar para a Holanda e comecei a viajar mais frequentemente, descobri o gosto pela fotografia analógica (www.fivetwentie.tumblr.com)
O que te inspira durante o processo de criação musical?
O meu novo hobbie fotográfico, aliado ao facto de viajar, conhecer pessoas novas etc. inspira-me bastante.
Conta-nos alguma particularidade sobre os teus hábitos de trabalho quando compões.
Estou a estudar Tecnologias da Música e Composição, com uma forte componente experimental, o que me exige ser metódico e racionalizar bastante o processo de composição, portanto tento fazer com que compor música como LASERS seja mais intuitivo, mais empírico. Quando me sinto inspirado, sento-me ao computador e simplesmente faço música sem pensar muito.
Como definirias o teu estilo musical, se tivesses de o rebatizar?
Não gosto muito de rótulos. Sempre que alguém, que não ouviu ainda Lasers, me pergunta qual é o género de música que faço, ou a que soa, nunca sei muito bem o que dizer. Ultimamente respondo que são simplesmente "beats".
Qual (onde foi e quando) o teu melhor concerto / live act? E o pior? O que tiveram de especial?
Como LASERS, só atuei 5 vezes. O melhor foi definitivamente em Utrecht no "Premote" @ Oudegracht183. Era um espaço pequeno e tinha as pessoas à minha volta enquanto tocava, com projeções dos visuais do Takuma, que trata da parte visual dos meus lives, por todo o lado. Foi bastante íntimo, gostei bastante. O pior terá sido na "Sugar Factory" em Amsterdão, na abertura do FITC Festival. Toquei para pessoas de copo de vinho na mão, mais interessadasem conversar sobre novas oportunidades de negócio e novidades tecnológicas do que propriamente na minha música. Não houve muito feedback do público, foi um bocado entediante!
Tens mais aventuras amorosas com a música para além da Eletrónica?
Tenho feito algumas experiências, mas nada de muito interessante, para já.
Qual foi o primeiro disco que compraste?
Não me lembro mesmo. Provavelmente algum disco de Hip-Hop underground portuense!
Qual a tua banda/produtor e tema preferido atualmente (internacional e português se não forem o mesmo)?
Não tenho um único favorito, sou muito indeciso. Mas identifico-me bastante com a cena atual de "Bedroom producers".
Como é fazer música na Holanda em pleno 2012? E em Portugal achas que seria diferente?
É fantástico, tenho imensas oportunidades de conhecer pessoas ligadas ao meio e de tocar ao vivo. Em Portugal é um bocado diferente, pelo menos para mim, mas acho que está a mudar um bocado.
Onde gostavas de fazer o teu concerto em 2030 de título "Lasers - 20 anos de Utrecht para o mundo"? E, se pudesses, quem gostarias de convidar ao palco a tocar/cantar um tema contigo?
Algures num festival numa praia tropical com todos os meus artistas favoritos na altura.
Qual é o teu local preferido em Lisboa (de noite e de dia) e qual é o teu canto secreto na cidade do Sol?
Eu sou do Porto, não posso falar muito sobre Lisboa.
Muito obrigado. E tudo a correr bem em Utrecht.
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Links
www.facebook.com/lasersounds
www.soundcloud.com/lasers
www.fivetwentie.tumblr.com
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