Le Entrevista a Cláudio Braga (Le Cool Team) por Rafa

Fala-me de ti como se entre nós estivesse uma mesa de café. Passa-me um cigarro, no entretanto.

Então, anda daí e senta-te. Que se é para ser à mesa do café, faço questão que seja a sério. Enquanto bebemos um café, conto-te tudo. Sem açúcar, se bem me lembro... Cigarros é que não tenho, não se usa disso por aqui. Hurray...! Pois que sou uma importação minhota. Uma das muitas, não grande originalidade , que aterrou em Lisboa para frequentar o ensino superior e nunca mais se foi embora. Nine, ouviste falar? É uma aldeia que herdou o nome dos engenheiros britânicos que ajudaram a construir a linha férrea até Braga. Não ferroviário ou viajante regular para aquelas bandas que não a conheça.

E o teu nome? Parece saído dum romance de Le Carré se este fosse alfacinha. Ou é nom de plume para quando escreves?

Nada disso. É tal e qual o que está no registo… pessoas que têm pais iluminados na hora de escolher o nome. O apelido é culpa do pai, não grande mestria ou inspiração literária. o nome próprio, temo que também seja. Lamentavelmente, cheira-me a inspiração vinda de telenovela brasileira, mas não tenho a certeza. Espera ... Ò mãe…? Mãe…? Responde aqui aos senhores...

Conta-me das tuas lides profissionais, por onde param e para onde se esvai o teu tempo?

O meu tempo esvai-se em frente ao computador, como a grande parte dos homens modernos… No meu caso é a escrever, diz que a contar histórias. Mas também me conseguem encontrar com o telefone numa mão e a caneta na outra, a tomar notas, para não perder os pormenores das histórias. Isto de trabalhar em televisão não é só ligar a câmara e deixar rolar, é preciso fazer o trabalho de casa.

E é isso que eu faço, mas só durante o dia. Depois da janta, sento-me em frente a outro computador que, vendo bem, mais parece uma central multimédia. Faz as vezes de tv, sala de cinema, sound system, jornal, revista, newsroom, eu sei lá... Ocasionalmente, lá o ponho a computar qualquer coisa, pouca...

Lisboa, quantas sílabas de prazer tem este nome?

Se estás à procura da resposta tendo em conta os ensinamentos gramaticais é melhor mudares de ideias… Não chega uma internet inteira para resumir tudo aquilo que Lisboa tem de bom. Só os distraídos ou cheios de má vontade podem dizer o contrário e eu sou um nortenho convicto. Lembro-me de quando cheguei cá – agora convém que imagines aquela coisa do aldeão de província que chega a Santa Apolónia – ter dado de caras com aquele rio enorme à minha frente a reflectir a luz do sol. Ainda agora, quando penso em Lisboa, é isso que me vem à cabeça, a quantidade de luz que a ilumina. Um luxo.

Depois descobres os miradouros, os telhados, os cafés, as esplanadas, os restaurantes, as tabernas, as tascas e as pessoas que as frequentam. Depois tens as casas de fado, tens Alfama, Bairro Alto, Bica, o Cais do Sodré... Se quiseres, podes fazer um plano para os 365 dias do ano sem ter de repetir um sítio que seja.

Sugere-me aí os melhores espaços de entre casas de Lisboa para deambular.

Puxando a brasa à minha zona - ao meu bairro, se quiseres – tenho de eleger a Mouraria.

A malta andava distraída, mas, felizmente, alguém percebeu que a diversidade tem de ser aproveitada. Deixem os medos em casa e aventurem-se. Nunca sabes quando é que uma porta aberta não se transforma em mesquita. No meu caso, não fossem os sapatos empilhados e nem dava por nada. Depois tens comida vinda dos quatro cantos do mundo, é só escolher. Tanto podes ir para as tasquinhas com petiscos portugueses, como africanos. E tens restaurantes muito bons, a maioria muito em conta, e que vão da comida vegetariana, à indiana, sem esquecer um famoso chinês clandestino que, se procurarem, encontram com facilidade.

Façam é um favor a vocês próprios, ainda que possam começar a jornada no Martim Moniz ou Largo do Intendente, metam-se pelas ruas mais estreitas e aí sim vão perceber... E não vale imprimir guias ou mapas, é à aventura mesmo.

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