Le Capa * 263

por Carlos Vieira

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* Originalmente publicada a 25 de Novembro de 2010, na Le Cool Lisboa * 263

Le Entrevista ao Coletivo 57 por Fernando Mondego


Coletivo 57 (Flavio, Sílvio e Pedro)

O Coletivo 57 é um belo dominó de circunstâncias e de acasos felizes. É também o criar algo a sério a partir de um nada antes. Flavio é um jornalista venezuelano que tem raízes portuguesas e que depois de passagens por NY e Londres aporta finalmente a Lisboa. Pedro é português e encontrou Sílvio, brasileiro, em 2008 - do encontro dos três por Alfama nasceu o Coletivo 57 (homenagem ao número de porta do covil e espaço de criação no coração da medina lisboeta).

O Coletivo é uma produtora que pretende ser a ponte musical entre a América do Sul e a Europa, pelo que vai habitando já a Casa do Brasil ao Bairro Alto com inúmeros eventos e possibilidades.

Lisboa é mais vagarosa que outras cidades mas o que poderia perder em rapidez ganha no restante: o contacto familiar com as pessoas do bairro, o conhecer pessoalmente e cavaqueiramente toda a gente, o contacto fácil. Flávio não prescinde da bicicleta por aqui e Pedro não deixa de caminhar pela cidade.

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Le Entrevista feita no Arcaz Velho, Alfama | Foto pelo Coletivo 57
Espreita aqui o Coletivo 57 : http://coletivo57.com

Le Entrevista a Leandro Bomfim por Flavio Bastos


Chamo-me Leandro Bomfim e sou um artista de Música Popular Brasileira que prepara toda a sua artilharia de guitarras, melodias e boas vibrações para conquistar o mercado europeu a partir de Lisboa. A minha ligação com Portugal está nos meus laços sanguíneos, mas foi a associação com a produtora portuguesa Coletivo 57 que me trouxe à capital lusa a meio deste ano. Espero que este trânsito por Lisboa me ponha em contacto com o público indicado. E que a partir desta cidade encantadora e poética, me projecte a todo o continente europeu.

Em Lisboa sinto-me como num filme. E ainda que tenha um problema de visão agudo e persistente, posso notar que o céu, o brilho da humidade em suspensão e as tonalidades cromáticas, a diferença com São Paulo é que é uma cidade com uma luz mais branca e vertical.

Com dois discos debaixo do braço (A Malta e Leandro Bomfim) e um a chegar em 2011, creio que as condições estão lançadas para que as minhas aspirações de conquista europeia se materializem. Depois de tudo, creio que não são muitos que estão a fazer funk, samba, bossa e jazz numa atmosfera tropicalíssima para conquistar o continente. Tenho especialidades musicais mas também sou um generalista. Digo sempre no meu círculo íntimo que conheço artistas que fazem o que faço melhor do que eu. Mas não conheço ninguém que faça tudo o que faço.

Considero a minha música e a minha sensibilidade artística como universais. Talvez por isso procure desenvolver projectos paralelos na minha carreira como discos para crianças ou aceitar propostas de artistas de música electrónica para fazerem remixes das minhas canções.

Eu já sei o que quero desta cidade, mas ainda não sei o que Lisboa quer de mim.

Ouçam o Leandro aqui : http://www.myspace.com/leandrobomfim

Le Artista da Capa * 262, Carlos Vieira

por Carlos Vieira

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* Originalmente publicada a 18 de Novembro de 2010, na Le Cool Lisboa * 262

Le Capa * 262

por Carlos Vieira

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* Originalmente publicada a 18 de Novembro de 2010, na Le Cool Lisboa * 262

Le Entrevista aos You Can't Win, Charlie Brown (YCWCB) por MC

Num ambiente pouco usual, fomos conversar com o Afonso e o Salvador, núcleo duro dos You Can´t Win Charlie Brown. No final de uma semana de trabalho e antes de um jogo de futebol, sentámo-nos em casa de amigos comuns para percebermos um pouco melhor quem são afinal os YCWCB. Não é dificil: são gente normal. Gente que por acaso também gosta de criar música e que dedica o tempo livre que vai tendo, os espacinhos que vão surgindo, à sua grande paixão. Sonham fazer boa música, parir discos do caraças. Para eles, não se trata de viver da música, mas sim de poderem dar-se ao luxo de viver para ela. Nasceram há um ano, mas sentem que ainda estão a começar.

Já passaram 6 aninhos desde aquele emblemático concerto em casa do Tomás, contem lá como é que foi esse dia? 
 
A : Isso era uma coisa que não tinha nada a ver com o que estamos a fazer agora... Foi um concerto no jardim do Tomás, o nosso baterista, já há 6 anos pelos vistos. Não fazia ideia.

Foi o “começo” para alguns dos membros dos You Can’t Win, Charlie Brown ( YCWCB)?
S : Sim, quer dizer, é todo um processo. Até foi antes. O Afonso e eu tivemos a nossa primeira experiência músical num leitor de cassetes que tinha um microfone de cada lado. Pusemo-nos a cantar Cake e a gravar. Sem instrumentos, só voz. Tinhamos 13 anos, foi antes do Afonso vir da Bélgica. Foi o nascimento. Foi aí que começou a nossa magia (risos). Ainda havemos de recuperar essa gravação.    

Voçês são quase uma familia...

A : É verdade, somos a Kelly Family portuguesa... o Salvador e eu somos primos direitos, e o Tomás também.

S : E não só, eu conheco o João Gil quase desde que nasci..

A : E o David Santos e o Luis Costa foram pessoas que fomos conhecendo através da música e com quem nos demos automaticamente bem tanto que quando falámos da possibilidade de tocar juntos, foi uma coisa que avançou logo e não houve qualquer tipo de dúvida.

Como é que começou este projecto?

S : Nós começámos esta banda para experimentarmos coisas novas. Vínhamos dum projecto que era fixo, um formato rock: baixo, guitarra, piano, voz e bateria.. Estávamos fartos e decidimos que queríamos outras coisas, tínhamos mais brinquedos para compor. Foi assim que nasceu o projecto, do desejo de andar a brincar com outras coisas, do aborrecimento do formato standart.

A : Queríamos fazer uma formacão que fosse relativamente aberta e em que as pessoas pudessem entrar e sair. Tanto damos concertos a 4 como a 6 como a 3, sem que haja um compromisso demasiado sério e limitativo com o resto das pessoas. No fundo chegámos a um consenso: o núcleo da banda é composto pelo Salvador e por mim e os outros são membros convidados que participam. A única constante de todos os concertos somos nós os 2, os outros infelizmente nem sempre podem.  Mas para todos os efeitos os YCWCB somos nós os 6. Falámos da questão das pessoas puderem entrar e sair mas no fundo se calhar é um bocado mentira porque as coisas já se estão a começar a cimentar e no fundo quem acaba por ficar são aqueles com quem já temos uma relacão mais de amizade, mais que a questão profisisonal, trata-se também do à vontade.

Neste aspecto a música está mais “promíscua”. O David, por exemplo, que está com vocês, tem um projecto a solo e tem também o vosso projecto. Antigamente não havia isto.

A :  Hoje em dia é normal, vê se ai por todo o lado, muitos musicos que partilham bandas e projectos, por um lado porque o circuito de musicos não é um circuito que permita, ou muito raramente permite, que uma pessoa que queria fazer da música a sua prioridade possa viver apenas de um projecto e portanto acaba por ver-se muita gente a tocar em muitos sitios. Acho isso óptimo, acho um espirito de colaboração excelente, que também só ajuda os próprios musicos. É interessantissimo trabalhar com uma pessoa como o David, por exemplo, com quem nunca tinhamos trabalhado antes e que tem processos e ideias diferentes e disso surgem coisas diferentes do que estavamos a pensar na sua origem. Acho isso muito interessante.

Bem, mas depois de terem começado, foi tudo um bocado de repente, certo?

S : Sim, foi mesmo tudo muito de repente. Nós entrámos nos Novos Talentos Fnac antes de termos dado algum concerto e antes de termos músicas acabadas A única música acabada o Afonso acabou-a e mandou-a para o Henrique Amaro na véspera. Estávamos mesmo embrionários e a partir daí as coisas correram bem, fomos aoTermómetro e correu bem. Gravámos o EP no Optimus Discos e foi tudo uma fase de aprendizagem no sentido de estarmos a aprender como funcionávamos enquanto banda, qual era a nossa sonoridade.

A : Sim, fez agora um ano que demos o nosso primeiro concerto. Um ano até pode parecer muito mas não é, passa muito rápido, sobretudo tendo em conta que isto infelizmente não é a nossa vida. Isto é o que fazemos nos tempos livres, cada espacinho que há serve para a música.

Depois de alguns anos mais com malta amiga a ver os concertos, rapidamente começaram a ter fãs que não conheciam..

A : Os Novos Talentos Fnac 2009 deram a conhecer o projecto a muita gente de fora. Os nossos primeiros concertos foram em Coimbra e depois em Braga, portanto não havia amigos e mesmo assim estava gente. Felizmente algumas pessoas já sabiam da nossa existência enquanto musicos graças aos nossos projectos anteriores. Graças aos V Economics no nosso caso, aos prejectos do Luis, e depois a entrada do David trouxe mais gente ainda. É normal que ao principio fossem mais amigos, acho que é assim com toda a gente e felizmente eles continuam a aparecer.
   
Como é que é o vosso processo de criação?
 
A : A génese de cada música normalmente vem de um de nós os dois. Obviamente que ao ser tocada por outras pessoas surgem sempre novas ideias que às vezes até mudam estruturalmente a música. Gostarmos e aceitamos o input de todas as pessoas que tocam connosco. 

S : Tanto eu como o Afonso compomos sempre quando estamos sozinhos. Normalmente à noite. Quando mostramos as nossas coisas é sempre dificil, já estamos muito à vontade mas, quer dizer, pões-te ali todo nu, estás a expôr todo o teu processo criativo.

A : O Salvador e eu sempre tocámos juntos, desde que aprendemos a tocar música tocamos os dois juntos, aprendemos a gostar de música juntos, e o Tomás também, por isso é que também existe uma cumplicidade já muito grande e que nos permite fazer música à vontade sem termos chatices. Porque bebemos das mesmas fontes.

E que fontes são essas? O que é que gostam de ouvir, que inspirações têm?

S : Os Beatles são uma referência antiga. Depois temos influências de bandas que ouvimos, que gostamos de ouvir.. Animal Collective, Grizzly Bear.. Tom Waits, e aquelas antigas que toda a gente ouve: David Bowie, Talking Heads.. LCD Soundystem também gostamos.. Tantas outras.. Não são bem influências, são mais coisas que gostamos de ouvir e obviamente devem acabar por nos influenciar.

Como é o vosso dia-a-dia (ou semana-a-semana) enquanto banda?

A : É quase mais do que semana a semana.. É completamente errático. É muito dificil conciliar o tempo livre de seis pessoas. Toda a gente trabalha ou estuda e tem uma vida que não é dedicada inteiramente à música. Muitas vezes funcionamos na base do email. Tem que ser, infelizmente não há outra maneira. Passamos o dia inteiro à conversa, a maior parte são conversas estúpidas, mas de vez em quando sai daí alguma coisa produtiva e que interessa. Tocamos com gente que está ocupadíssima. O David tem o projecto Noiserv e passa a vida a tocar em todo lado. Depois o João Gil deve ser dos gajos que toca em mais bandas em Portugal, tem um dedo em cada teclado português.     

Conseguem destacar alguns momentos especiais enquanto YCWCB. 
 
S : Um dos momentos mais especiais foi o termómetro, a final. Estivémos com o Manel Cruz, com o B Fachada, com o Úria e com o Alvim. 

A : Especialmente marcante o Manel Cruz, que na nossa adolescência era uma referência. Para nós foi para aí o segundo ou terceiro concerto que demos e já estavam quase 2000 pessoas. E acho que não estávamos sequer prontos para isso. O nosso espéctaculo comparado com aquilo que foi nesse dia está muito mais coeso e muito mais seguro. Mas foi uma noite muito engraçada, conhecemos gente muito interessante, que foi bom. Mas todos os concertos em geral são bons.

S : O Santiago Alquimista foi uma grande surpresa, estava cheio e não estávamos nada à espera.    

Já andaram aí pelas casas mais batidas.

A : Sim, em Lisboa fizemos as algumas casas, o Maxime, o Alquimista, o Musicbox onde vamos voltar agora. É claro que não tocámos em todo o lado. Infelizmente tocamos quase exclusivamente em Lisboa devido à questão de falta de tempo de que acabámos de falar.  

Se calhar agora parece banal, mas se vos tivessem dito há 6 anos talvez não imaginassem.
 
A : Claro... Mas quer dizer, imaginar até imaginámos não é (risos)? Sempre tentámos e sempre foi esse o objectivo. Não é tão megalómano quanto isso... Se eu há 6 anos dissesse que queria estar hoje a tocar no Pavilhão Atlântico se calhar já era um bocado puxado...

S : ..Mas ainda havemos de tocar lá (risos)!

E agora? O que é que têm no forno?
 
A : Estamos agora a gravar o primeiro albúm, não podemos revelar muitas informacões porque não as temos, não fazemos ideia quando, como, quando e o que é que vai sair dali, mas está a ser gravado com o Mário Feliciano do Real Combo Lisbonense e estamos a fazer o nosso trabalho calmamente no tempo que temos, para que saia dali uma coisa que nos faça sentir orgulhosos. É esse o objectivo, fazer música de que gostamos, sentir que temos ali um produto que podemos guardar e recordar-nos com orgulho, mais do que outra coisa qualquer. Neste momento estamos mais concentrados no albúm, é essa a prioridade, mas qualquer proposta que apareça, desde que seja dentro das nossas possiblidades, tentamos corresponder sempre, gostamos de dar concertos.

S : E acho que se vai notar uma diferença bastante grande porque já estamos mais identificados com aquilo que é o nosso som e com aquilo que queremos realmente fazer enquanto que no caso do EP, embora tivessemos feito uma seleccão que foi minimamente coesa, eram mais músicas a vulso juntas num disco do que aquilo que vai acontecer agora, espero eu...

Com que “brinquedos” é que andam a tocar?

S : Tocamos com milhões de instrumentos. Como agora estamos a  gravar com o Mário Feliciano temos uma data de instrumentos. Ele como hobbie compra instrumentos, tem uma colecção. E tem nos emprestado, quase todos os instrumentos são dele. Temos uma data de orgãos diferentes, a maior parte são cenas dos anos 80, anos 70, cenas vintage que ele foi arranjando. O David leva sempre outras coisas, brinquedos dele, uns orgãos Yamanha, uns sintetizadores. Temos também metalofone, uns sininhos... o baixo,  guitarra, piano, viola...

E o que é que vos dá mais gozo na música, acabar de produzir uma música e pensar “epá isto até está porreiro” ou dar concertos, ouvir a malta cantarolar as vossas músicas?
 
A : Acho que depende de pessoa para pessoa. Pessoalmente o que me dá mais gozo é a parte da criação e da composição de uma música. Parir aquilo. Até porque às vezes não sabemos bem de onde é que aquilo vem. É uma melodia que te entra na cabeça, no carro, no chuveiro onde quer que seja, e aquilo está quase feito. Às vezes é extremamente trabalhoso pôr no papel e nunca sai da cepa torta mas quando sai tambem é extramemente gratificante. para mim isso é o melhor, mais do que ter as pessoas a bater palmas, que é optimo obviamente e que sabe extremamente bem, mas a criação é a parte melhor. Parecendo que não muitas vezes até sabe melhor sermos nós próprios a acreditar que fizemos uma coisa bem e sabemos que a fizemos do que ter gente de fora a achar isso, algo que obviamente também sabe sempre bem.

As músicas antes de sairem do estúdio sao vossas. Mas depois quando saem cá para fora, quando passam  na rádio, passam também a ser de cada pessoa que as ouve. Pessoas que as associam a momentos, que as ouvem em determinados estados de espírito. Têm noção que podem ter este tipo de impacto nas pessoas, como certamente outras bandas mais ou menos conhecidas tiveram e têm em vocês?

S : Olha, nunca pensei nisso por acaso.. Aliás, nem consigo imaginar isso sinceramente. Quando demos um concerto nas festa do mar um miudo americano de 18 anos que tinha ido passar férias com o pai a Portugal e que nem era suposto ir ouvir-nos escreveu-nos um mail para o Myspace a dizer que tinha adorado. Na altura disse que achava que devíamos receber imensos mails de fãs e que se calhar nem íamos ler, mas a verdade é que nao recebemos nada, tanto que este mail está vivo na minha memória.

Acontece vos olhar para uma música antiga e pensar “o que é que é esta porcaria”?
 
A : Constantemente.. Sim, eu acho que é normal e acontece a toda a gente. Acho que isso é um bocado uma auto-crítica que se aplica a toda a gente, em trabalhos criativos. uma pessoa tem sempre dúvidas e quem diz que não tem ou e ingénuo ou é mentiroso. 

S : Agora por exemplo, no caso do album, temos músicas feitas e estamos a ouvir e há dias em que estou a ouvir e penso que está tudo uma mauzinho...

A : ...mas não está, mas não está (risos)!

S : E depois há dias em que oiço com atencão antes de adormecer e afinal já acho que está uma coisa mesmo como deve ser. Há esses dois lados. Às vezes ficas farto porque estás sempre a ouvir e parece que está tudo mal e ja estás a ser picuinhas demais e às vezes quando estás mais liberto dos problemas todos que aquilo tem, soa bem. E a maior parte das vezes a mim tem me soado bem.

E têm músicas preferidas, é algo que existe?

S :  Eu normalmente gosto muito das músicas do Afonso. 

A : E eu gosto muito das músicas do Salvador.. Se calhar é uma questão da pessoa estar mais afastada e não ter aquelas dúvidas de que acabámos de falar.

S : Mas do EP talvez goste mais da Sort Of. No caso do novo álbum não consigo dizer.

Visto de fora, já fizeram qualquer coisa. Vocês tem algum sonho na música, viver da música?
 
A : O Nosso sonho, nós costumamos dizer, é fazer boa música. Fazer discos do caraças. Mas obviamente noutro plano sim, viver da música, para ter mais tempo para música. 

S : Se tivermos uma oportunidade, uma proposta que nos faça largar o trabalho, é claro que vamos seguir para a música a 100%. A nossa grande paixão é a música sem sombra de duvidas, está sempre lá em cima.   A : Mas até é estranho pensar na música como trabalho. Nós sempre fizemos isto pelo prazer.

Têm alguma curiosidade para nos contar?

(alguns momentos de hesitação)

S : Há uma curiosidade em que muito poucas pessoas reparam mas que é um bocado óbvio: eu toco com uma viola de 3 cordas. Não é que eu seja uma pessoa excêntrica, género “sou muita bom toco com 3 cordas”.. Ou então sou muita mau não sei tocar com mais.. (risos) A viola que eu uso é quase tão velha como eu, era da minha irmã. Um dia estava com uma insónia e queria compor qualquer coisa e a única viola que tinha era essa. Acontece que o meu irmão mais novo tinha-lhe partido as 3 cordas mais graves, então pus-me a tocar só com as 3 cordas agudas. E a partir daí passei sempre a compôr com uma viola só com 3 cordas e agora sinto-me mesmo à vontade e para mim aquele instrumento tem 3 cordas. 

A : Fico sempre surpreendido com as coisas que ele nos traz com essa tal guitarra de 3 cordas porque acaba por ter de arranjar maneiras de variar a melodia e os arranjos, tem que dar a volta por outro lado e acaba por ser sempre muito menos convencional do que numa guitarra normal.  

E, para terminar, contem lá alguns episódios engraçados que tenham tiod neste ano que passou desde o primeiro concerto?

A : Nós tocámos no Portugal no Coração, e não quero estar a gozar com o programa, até porque nós gostámos imenso de lá ter ido. Mas de facto não é facil manter a concentração quando tens o João Baião aos saltos e trinta sexagenárias a bater palmas fora de ritmo. Mas foi lindo. É um momento que fica. Nunca me vou esquecer de olhar para o lado e ver o João Baião a fazer um rodopio no chão, um 360. Adorei, adorei.

S : A Tânia Ribas uma vez também teve uma saída engraçada. A seguir a anunciar-nos, “aqui estão os You Can't Win, Charlie Brown... e realmente não conseguem ganhar”. Está bem, está bem. Obrigadinho Tânia!

Ouçam-nos aqui > http://www.myspace.com/youcantwincharlieb

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* Originalmente publicado a 18 de Novembro de 2010, na Le Cool Lisboa * 262

Entrevista a um Barco do Barreiro por Luís Carvalho


Há dias felizes, luminosos, em que um homem dá por si a colocar em causa o que sempre fez por igual, interroga-se da razão de um preconceito, do motivo para agir em repetição. O que fica desses dias não é conclusão ou resposta, mas a compreensão que tudo podia ser diferente sem nada estar incorrecto. Foi o que me aconteceu ontem. Uma pessoa anda de barco todos os dias, ao amanhecer ao entardecer, entra autómato sai a correr. E nisto se leva uma vida sem se perguntar “E o barco? Quem é este barco?” Posto isto, como não sou de me ficar com interrogações, saio do barco e sigo por dentro em direcção ao porto de barcos velhos, passo pela estação de comboios, encosto-me a um deles, pesado, branco debruado a azul como casa alentejana, os moinhos na plateia e Lisboa no balcão, ganho coragem e entabulo a conversa que a seguir vos resumo, salto directo, sem passar pelas apresentações e os atrapalhos inciais, para o cerne da conversa, quando a palavra já estava bem instalada.

Le Artista da capa * 261, Inês Gomes

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* Originalmente publicada a 11 de Novembro de 2010, na Le Cool Lisboa * 261

Le Capa * 261

por Inês Gomes

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* Originalmente publicada a 11 de Novembro de 2010, na Le Cool Lisboa * 261

Le Entrevista a Márcia por Henrique Amoroso


Há quantos anos vives cá?
Nasci em Lisboa. Passei por várias cidades, como Barcelona e Paris, mas Lisboa é a minha preferida. O rio, a luz da cidade....

Como seria um dia perfeito, nesta cidade? 
Tomar café no Miradouro de Monte Agudo e jantar em casa, com os amigos, a fazer desenhos e a tocar guitarra.

As tuas letras espelham Lisboa, de algum modo?
Sim.
É curioso que senti necessidade de escrever em português em França. "Deixa lá" ou "Céu aberto" estão muito ligadas a Lisboa.

Quem gostarias que vivesse cá?
Annie Clark (vocalista dos St Vincent).


Le Entrevista a Ana Pena por Fernando Mondego


De onde vem e para onde vai a Dona Pena - e que Pena, dona é essa?
Sempre tive uma vida um pouco de nómada, o que me fez ter contacto com estrangeiros desde cedo. Em 2000 e 2001 vivi em NY e foi lá que a minha veia de tradutora de ditados e expressões populares portuguesas se revelou, e daí a ideia de criar T-shirts com as ditas.

Fala-me dos teus projectos - os que bombam e bombarão. E o Solta a Franga.
Essa ideia ficou na prateleira quando voltei a Portugal, pois estava a terminar a faculdade em Lisboa e em início de vida profissional. Foi este ano de 2010, que decidi avançar com o projecto, depois de ver uma amiga minha estrangeira um pouco envergonhada numa festa em Alfama, e dei por mim a dizer-lhe que ela devia “Let the chicken go” (soltar a franga).


Le Entrevista a João Navarro por Sónia Castro


"O meu nome é Navarrus, mas sou mais conhecido por Chauffeur Navarrus."

Normalmente é assim que iniciamos os espectáculos... Talvez por isso começo desta forma. Sou o João Navarro, pai de duas lindas meninas, natural da Parede – Cascais. Apesar de há uns anos a esta parte residir em Santa Comba Dão, acabo por fazer vida em Coimbra.

Volta e meia venho a Lisboa, quer para ensaiar e dar uns concertos, quer para ver espectáculos e claro, também para rever família e amigos. Profissão: Profissional de seguros desde 1997 e agora também de volta à faculdade para tratar de fazer o curso de Engenharia Mecânica. Pode ser que dê jeito para as oficinas do Chauffeur…

Comecei com as bandas, por graça e a convite do Manuel Portugal e do meu irmão, em 1993-94, na já extinta Rebel Blues Band. Em 2000, já por Coimbra, iniciei um novo projecto com alguns amigos – Capitães. Até que em 2005 Chauffeur Navarrus ganhou vida com os primeiros ensaios em Campo de Ourique.