Le Capa * 266

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* Originalmente publicada a 16 de Dezembro de 2010, na Le Cool Lisboa * 266

Le Artista da capa * 266, Ana Gil

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* Originalmente publicada a 16 de Dezembro de 2010, na Le Cool Lisboa * 266

Le Entrevista a Gustavo Behr por Marcelo Valadares


Gustavo Behr é Presidente da Casa do Brasil de Lisboa

Há quanto tempo em Lisboa? E como veio por cá parar?
Estou em Lisboa desde 1988. Vim ainda criança, acompanhando a minha mãe que vinha fazer o doutoramento dela aqui. O que era para ser temporário transformou-se num novo lar.

Como se envolveu com a Casa do Brasil?
Já conhecia a Casa do Brasil, de algum tempo. Mas quando acabei o meu curso procurei a Casa do Brasil para ver no que podia ajudar. Inicialmente ajudei dando apoio jurídico a brasileiras e brasileiros. Depois tive a felicidade de integrar a direcção.

Para já, explique-nos quais são as principais funções da Casa no contexto Lisboeta e como ela surgiu.
A CBL surgiu em 1992 mais vocacionada para a área cultural, debates e intervenção cívica. Com o passar do tempo ela se consolidou da forma que é hoje. Tem 3 vertentes: cultural; de apoio aos cidadãos e de intervenção política. A intervenção fundamenta-se sempre nas questões que vamos ouvindo dos nossos associados que nos procuram; suas preocupações e seus anseios. Fazemos chegar as suas preocupações às autoridades portuguesas e brasileiras.

Le Capa * 265

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* Originalmente publicado a 9 de Dezembro de 2010, na Le Cool Lisboa * 265

Le Artista da capa * 265, Bruna Gonzalez

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* Originalmente publicado a 9 de Dezembro de 2010, na Le Cool Lisboa * 265

Le Entrevista a Frederico Carvalho por La Cucarafa


Apresenta-te 

Frederico Carvalho, 36 anos, nascido em Lisboa, profissionalmente…? Um produtor de ideias.

Porquê Lisboa? 

Algures num mural da cidade está escrito Lisboa é boa. Esta é a melhor justificação que consigo encontrar. Lisboa oferece-nos matéria para nos apaixonarmos nela, com ela e por ela. Ela é velha e nova, é grande e pequena, é bonita e feia, é animada e calma, é verde e cinzenta, é rápida e lenta, é cidade e aldeia... é um espaço que acolhe ou pode acolher tudo e todos. Apaixonei-me por Lisboa quando a percebi e quero amá-la, só isso... e quem ama faz.

Que projectos tens concretizado? 

Organizo eventos na cidade desde 2007. Tudo começou no âmbito da comunidade de viajantes CouchSurfing onde desempenhei a função de embaixador do projecto em Lisboa. Durante este período ajudei a organizar inúmeras actividades destinadas essencialmente a viajantes, para que desta forma usufruíssem da cidade pelos olhos de quem cá vive. Entretanto comecei a olhar mais para o lisboeta… Desde o inicio de 2010 que passei a focar a minha atenção numa área específica da cidade - Alfama, onde moro, e com alguns amigos criei o projecto Alfama-te. O Alfama-te organiza inúmeras actividades que visam promover Alfama e tudo o que acontece nesta zona da cidade. Desde projecções através do núcleo Cinalfama, festas temáticas, filmagens suecadas e artes performativas na rua há um pouco de tudo.

Alfama é uma princesa a descobrir ou uma varina velha? 

Diria que é um misto das duas… Alfama consegue ser um recanto de cantos encantadores, com pessoas afáveis, divertidas, uma verdadeira aldeia dentro da cidade. Mas ao mesmo tempo é de pêlo na venta e faca na liga… Descobrir e viver esta dicotomia é que a torna tão interessante. Alfama é observar o fadista vadio que assobia às bifas passando pelo rufia que carrega os sacos da tia entravada enquanto alguém berra à janela que se faz tarde para o almoço. É estar sentado numa esplanada a apreciar quem não sabe apreciar Alfama e se passeia num qualquer trangolarango eléctrico com GPS integrado, provocando sorrisos na fauna local… Alfama é ouvir fado na rua, jogar à bola com os putos, ver um filme projectado numa parede de uma igreja, beber umas ginjas, dar de caras com um concerto improvisado num beco, um jogo de lerpa nas escadarias, observar os telhados na tela de um artista anónimo num qualquer miradouro…

Frase teaser para quem visita Alfama. Como já alguém disse: há um novo verbo na cidade – Alfama-te!

Um sítio de fado em Alfama. Toda a zona de S. Miguel – o fado acontece ali.

Uma tasca em Alfama. A Ginja de Alfama na Rua de S. Pedro.

Um local de copos. O Tejo Bar. O Tejo Bar é daqueles sítios que nem queria divulgar, é como um segredo bem guardado... Antro de pessoal das artes. Se sabes tocar um instrumento irás sentir-te em casa pois aqui podes tropeçar numa bossa nova arrancada à viola, num fado à guitarra, numas passagens de piano, leitura de poemas e receitas (sim... receitas!), violino, flauta, e mais que tragas. É como estar na sala de estar de um amigo. Ah... estás a ver os pacotinhos de açúcar da Tofa? Pois... o Mané do Café é quem toma conta do Tejo Bar.

Uma personagem de Alfama. Esta é difícil… mas recomendo uma passagem em frente à Igreja de S. Miguel e troquem uma conversa com uma senhora que lá está sentada no banco de jardim acompanhada do seu caniche e pacote de vinho – uma pérola. Já agora… levem-lhe um cigarro.

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Alfama-te | www.alfama-te.com

Capa Le Cool * 000

por Rui Figueiredo

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* Originalmente publicado a 2 de Dezembro de 2010, na Le Cool Lisboa * 000

Le Entrevista ao Joel Moedas Miguel por Rafael

Conversar com o Joel do Culturas da Horta é partilhar de uma paixão profunda pela terra e é também beber de um entendimento que vem de quem aprendeu a respeitá-la desde antes e de quem a concebe em certeza de palavra e convicção, como sendo absolutamente necessário estar em perfeita harmonia e comunhão com o homem. A conversa é despoletada pela presença da sua banca de venda de produtos biológicos no Mercado Biológico ao Príncipe Real, entrecortada pela passagem no Moleiro ali perto e rematada - já depois - com deliciosa laranja de sua produção.

A Culturas da Horta começou com os pais do Joel, ela de Belas Artes e ele, de seu nome João Maria Moedas Miguel, tinha produtora de televisão, foi repórter de imagem e director de fotografia em inúmeras produções. Tinham um terreno de familiares e começaram a cultivá-lo, tendo formado a empresa em 2007.

O Joel é formado em História e deu aulas durante dois anos - mas a falta de paciência para a metodologia de ensino (mantém interesse especial e próximo em investigação) e a morte do pai, levaram a que gradualmente passasse para os terrenos, para o cultivo do terreno familiar e para a empresa ao lado da mãe.

A empresa foi reformulada em 2009 e desde Março de 2009 que se instalaram no Mercado do Príncipe - vendendo para a Biocoop no Figo Maduro, para os Brio (que são já dois quase a tornarem-se em três), para o Miosótis no Campo Grande e fornecem ainda o Puro Acaso no Calvário e o Paladar Zen à Na Sra de Fátima, enquanto pensam em se instalar também no Mercado Biológico de Cascais. É interessante reparar no seu cuidado ao detalhe de juntar poemas de Caeiro, de Espanca, et caetera e também receitas, aos cabazes de produtos biológicos que distribuem aos clientes, os biocabaz (a casa, via mail, pelo Natal e pela Páscoa) essa é também parte da explicação para o nome da empresa.

A outra é a atenção ao modo de produção - não há intervenção sintética, há equilíbrio com a terra, a busca da harmonia em bio-diversidade. A filosofia não é ambientalista, mas sim pela lógica da sustentabilidade, não há estufa, apenas abrigo e produtos exteriores apenas os homologados, é uma agricultura semi bio-dinâmica, mais natural e de permacultura. E essa sustentabilidade perpassa não apenas no que produzem mas também no relacionamento humano, é da mais fina filigrana de cortesia e simpatia o tratamento por parte da mãe e do filho da Culturas da Horta para com os demais.

Culturas da Horta aqui > http://culturasdahorta.blogspot.com

Todos os Sábados no Mercado de Produtos Biológicos do Príncipe Real, entre as 7h30 e as 14h30

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Entrevista feita no Moleiro ao Príncipe Real, Reportagem fotográfica por Rui Soares

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* Originalmente publicada a 2 de Dezembro de 2010, na Le Cool Lisboa * 264

Le Entrevista a Eduardo Condorcet por Rafa


Nome, descrição sucinta e como te descreves profissionalmente.
Essa sempre foi uma questão algo complicada de responder. Comecei por ser músico (actividade que ainda vou praticando) e assim me registei nas Finanças. A seguir liguei-me ao teatro ainda como músico e actor. Quando terminei o curso da Nova em Comunicação comecei a ser encenador e realizador. Nessa altura quando em inquéritos me perguntavam a profissão, para simplificar continuava a responder músico.

Hoje em dia já é impossível ir descrevendo o que faço. É que às outras acresceu, actor de dobragens, argumentista/guionista, editor/montador, docente universitário, produtor de vídeo, cinema e teatro, criador de cross platform e new media e investigador. Da última vez que fiquei sem emprego o meu avô comentou, “Com que é que estás preocupado, sabes fazer tantas coisas?” Ainda não ganho dinheiro como cozinheiro, mas se a crise se mantiver...

Le Capa * 263

por Carlos Vieira

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* Originalmente publicada a 25 de Novembro de 2010, na Le Cool Lisboa * 263

Le Entrevista ao Coletivo 57 por Fernando Mondego


Coletivo 57 (Flavio, Sílvio e Pedro)

O Coletivo 57 é um belo dominó de circunstâncias e de acasos felizes. É também o criar algo a sério a partir de um nada antes. Flavio é um jornalista venezuelano que tem raízes portuguesas e que depois de passagens por NY e Londres aporta finalmente a Lisboa. Pedro é português e encontrou Sílvio, brasileiro, em 2008 - do encontro dos três por Alfama nasceu o Coletivo 57 (homenagem ao número de porta do covil e espaço de criação no coração da medina lisboeta).

O Coletivo é uma produtora que pretende ser a ponte musical entre a América do Sul e a Europa, pelo que vai habitando já a Casa do Brasil ao Bairro Alto com inúmeros eventos e possibilidades.

Lisboa é mais vagarosa que outras cidades mas o que poderia perder em rapidez ganha no restante: o contacto familiar com as pessoas do bairro, o conhecer pessoalmente e cavaqueiramente toda a gente, o contacto fácil. Flávio não prescinde da bicicleta por aqui e Pedro não deixa de caminhar pela cidade.

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Le Entrevista feita no Arcaz Velho, Alfama | Foto pelo Coletivo 57
Espreita aqui o Coletivo 57 : http://coletivo57.com

Le Entrevista a Leandro Bomfim por Flavio Bastos


Chamo-me Leandro Bomfim e sou um artista de Música Popular Brasileira que prepara toda a sua artilharia de guitarras, melodias e boas vibrações para conquistar o mercado europeu a partir de Lisboa. A minha ligação com Portugal está nos meus laços sanguíneos, mas foi a associação com a produtora portuguesa Coletivo 57 que me trouxe à capital lusa a meio deste ano. Espero que este trânsito por Lisboa me ponha em contacto com o público indicado. E que a partir desta cidade encantadora e poética, me projecte a todo o continente europeu.

Em Lisboa sinto-me como num filme. E ainda que tenha um problema de visão agudo e persistente, posso notar que o céu, o brilho da humidade em suspensão e as tonalidades cromáticas, a diferença com São Paulo é que é uma cidade com uma luz mais branca e vertical.

Com dois discos debaixo do braço (A Malta e Leandro Bomfim) e um a chegar em 2011, creio que as condições estão lançadas para que as minhas aspirações de conquista europeia se materializem. Depois de tudo, creio que não são muitos que estão a fazer funk, samba, bossa e jazz numa atmosfera tropicalíssima para conquistar o continente. Tenho especialidades musicais mas também sou um generalista. Digo sempre no meu círculo íntimo que conheço artistas que fazem o que faço melhor do que eu. Mas não conheço ninguém que faça tudo o que faço.

Considero a minha música e a minha sensibilidade artística como universais. Talvez por isso procure desenvolver projectos paralelos na minha carreira como discos para crianças ou aceitar propostas de artistas de música electrónica para fazerem remixes das minhas canções.

Eu já sei o que quero desta cidade, mas ainda não sei o que Lisboa quer de mim.

Ouçam o Leandro aqui : http://www.myspace.com/leandrobomfim

Le Artista da Capa * 262, Carlos Vieira

por Carlos Vieira

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* Originalmente publicada a 18 de Novembro de 2010, na Le Cool Lisboa * 262

Le Capa * 262

por Carlos Vieira

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* Originalmente publicada a 18 de Novembro de 2010, na Le Cool Lisboa * 262

Le Entrevista aos You Can't Win, Charlie Brown (YCWCB) por MC

Num ambiente pouco usual, fomos conversar com o Afonso e o Salvador, núcleo duro dos You Can´t Win Charlie Brown. No final de uma semana de trabalho e antes de um jogo de futebol, sentámo-nos em casa de amigos comuns para percebermos um pouco melhor quem são afinal os YCWCB. Não é dificil: são gente normal. Gente que por acaso também gosta de criar música e que dedica o tempo livre que vai tendo, os espacinhos que vão surgindo, à sua grande paixão. Sonham fazer boa música, parir discos do caraças. Para eles, não se trata de viver da música, mas sim de poderem dar-se ao luxo de viver para ela. Nasceram há um ano, mas sentem que ainda estão a começar.

Já passaram 6 aninhos desde aquele emblemático concerto em casa do Tomás, contem lá como é que foi esse dia? 
 
A : Isso era uma coisa que não tinha nada a ver com o que estamos a fazer agora... Foi um concerto no jardim do Tomás, o nosso baterista, já há 6 anos pelos vistos. Não fazia ideia.

Foi o “começo” para alguns dos membros dos You Can’t Win, Charlie Brown ( YCWCB)?
S : Sim, quer dizer, é todo um processo. Até foi antes. O Afonso e eu tivemos a nossa primeira experiência músical num leitor de cassetes que tinha um microfone de cada lado. Pusemo-nos a cantar Cake e a gravar. Sem instrumentos, só voz. Tinhamos 13 anos, foi antes do Afonso vir da Bélgica. Foi o nascimento. Foi aí que começou a nossa magia (risos). Ainda havemos de recuperar essa gravação.    

Voçês são quase uma familia...

A : É verdade, somos a Kelly Family portuguesa... o Salvador e eu somos primos direitos, e o Tomás também.

S : E não só, eu conheco o João Gil quase desde que nasci..

A : E o David Santos e o Luis Costa foram pessoas que fomos conhecendo através da música e com quem nos demos automaticamente bem tanto que quando falámos da possibilidade de tocar juntos, foi uma coisa que avançou logo e não houve qualquer tipo de dúvida.

Como é que começou este projecto?

S : Nós começámos esta banda para experimentarmos coisas novas. Vínhamos dum projecto que era fixo, um formato rock: baixo, guitarra, piano, voz e bateria.. Estávamos fartos e decidimos que queríamos outras coisas, tínhamos mais brinquedos para compor. Foi assim que nasceu o projecto, do desejo de andar a brincar com outras coisas, do aborrecimento do formato standart.

A : Queríamos fazer uma formacão que fosse relativamente aberta e em que as pessoas pudessem entrar e sair. Tanto damos concertos a 4 como a 6 como a 3, sem que haja um compromisso demasiado sério e limitativo com o resto das pessoas. No fundo chegámos a um consenso: o núcleo da banda é composto pelo Salvador e por mim e os outros são membros convidados que participam. A única constante de todos os concertos somos nós os 2, os outros infelizmente nem sempre podem.  Mas para todos os efeitos os YCWCB somos nós os 6. Falámos da questão das pessoas puderem entrar e sair mas no fundo se calhar é um bocado mentira porque as coisas já se estão a começar a cimentar e no fundo quem acaba por ficar são aqueles com quem já temos uma relacão mais de amizade, mais que a questão profisisonal, trata-se também do à vontade.

Neste aspecto a música está mais “promíscua”. O David, por exemplo, que está com vocês, tem um projecto a solo e tem também o vosso projecto. Antigamente não havia isto.

A :  Hoje em dia é normal, vê se ai por todo o lado, muitos musicos que partilham bandas e projectos, por um lado porque o circuito de musicos não é um circuito que permita, ou muito raramente permite, que uma pessoa que queria fazer da música a sua prioridade possa viver apenas de um projecto e portanto acaba por ver-se muita gente a tocar em muitos sitios. Acho isso óptimo, acho um espirito de colaboração excelente, que também só ajuda os próprios musicos. É interessantissimo trabalhar com uma pessoa como o David, por exemplo, com quem nunca tinhamos trabalhado antes e que tem processos e ideias diferentes e disso surgem coisas diferentes do que estavamos a pensar na sua origem. Acho isso muito interessante.

Bem, mas depois de terem começado, foi tudo um bocado de repente, certo?

S : Sim, foi mesmo tudo muito de repente. Nós entrámos nos Novos Talentos Fnac antes de termos dado algum concerto e antes de termos músicas acabadas A única música acabada o Afonso acabou-a e mandou-a para o Henrique Amaro na véspera. Estávamos mesmo embrionários e a partir daí as coisas correram bem, fomos aoTermómetro e correu bem. Gravámos o EP no Optimus Discos e foi tudo uma fase de aprendizagem no sentido de estarmos a aprender como funcionávamos enquanto banda, qual era a nossa sonoridade.

A : Sim, fez agora um ano que demos o nosso primeiro concerto. Um ano até pode parecer muito mas não é, passa muito rápido, sobretudo tendo em conta que isto infelizmente não é a nossa vida. Isto é o que fazemos nos tempos livres, cada espacinho que há serve para a música.

Depois de alguns anos mais com malta amiga a ver os concertos, rapidamente começaram a ter fãs que não conheciam..

A : Os Novos Talentos Fnac 2009 deram a conhecer o projecto a muita gente de fora. Os nossos primeiros concertos foram em Coimbra e depois em Braga, portanto não havia amigos e mesmo assim estava gente. Felizmente algumas pessoas já sabiam da nossa existência enquanto musicos graças aos nossos projectos anteriores. Graças aos V Economics no nosso caso, aos prejectos do Luis, e depois a entrada do David trouxe mais gente ainda. É normal que ao principio fossem mais amigos, acho que é assim com toda a gente e felizmente eles continuam a aparecer.
   
Como é que é o vosso processo de criação?
 
A : A génese de cada música normalmente vem de um de nós os dois. Obviamente que ao ser tocada por outras pessoas surgem sempre novas ideias que às vezes até mudam estruturalmente a música. Gostarmos e aceitamos o input de todas as pessoas que tocam connosco. 

S : Tanto eu como o Afonso compomos sempre quando estamos sozinhos. Normalmente à noite. Quando mostramos as nossas coisas é sempre dificil, já estamos muito à vontade mas, quer dizer, pões-te ali todo nu, estás a expôr todo o teu processo criativo.

A : O Salvador e eu sempre tocámos juntos, desde que aprendemos a tocar música tocamos os dois juntos, aprendemos a gostar de música juntos, e o Tomás também, por isso é que também existe uma cumplicidade já muito grande e que nos permite fazer música à vontade sem termos chatices. Porque bebemos das mesmas fontes.

E que fontes são essas? O que é que gostam de ouvir, que inspirações têm?

S : Os Beatles são uma referência antiga. Depois temos influências de bandas que ouvimos, que gostamos de ouvir.. Animal Collective, Grizzly Bear.. Tom Waits, e aquelas antigas que toda a gente ouve: David Bowie, Talking Heads.. LCD Soundystem também gostamos.. Tantas outras.. Não são bem influências, são mais coisas que gostamos de ouvir e obviamente devem acabar por nos influenciar.

Como é o vosso dia-a-dia (ou semana-a-semana) enquanto banda?

A : É quase mais do que semana a semana.. É completamente errático. É muito dificil conciliar o tempo livre de seis pessoas. Toda a gente trabalha ou estuda e tem uma vida que não é dedicada inteiramente à música. Muitas vezes funcionamos na base do email. Tem que ser, infelizmente não há outra maneira. Passamos o dia inteiro à conversa, a maior parte são conversas estúpidas, mas de vez em quando sai daí alguma coisa produtiva e que interessa. Tocamos com gente que está ocupadíssima. O David tem o projecto Noiserv e passa a vida a tocar em todo lado. Depois o João Gil deve ser dos gajos que toca em mais bandas em Portugal, tem um dedo em cada teclado português.     

Conseguem destacar alguns momentos especiais enquanto YCWCB. 
 
S : Um dos momentos mais especiais foi o termómetro, a final. Estivémos com o Manel Cruz, com o B Fachada, com o Úria e com o Alvim. 

A : Especialmente marcante o Manel Cruz, que na nossa adolescência era uma referência. Para nós foi para aí o segundo ou terceiro concerto que demos e já estavam quase 2000 pessoas. E acho que não estávamos sequer prontos para isso. O nosso espéctaculo comparado com aquilo que foi nesse dia está muito mais coeso e muito mais seguro. Mas foi uma noite muito engraçada, conhecemos gente muito interessante, que foi bom. Mas todos os concertos em geral são bons.

S : O Santiago Alquimista foi uma grande surpresa, estava cheio e não estávamos nada à espera.    

Já andaram aí pelas casas mais batidas.

A : Sim, em Lisboa fizemos as algumas casas, o Maxime, o Alquimista, o Musicbox onde vamos voltar agora. É claro que não tocámos em todo o lado. Infelizmente tocamos quase exclusivamente em Lisboa devido à questão de falta de tempo de que acabámos de falar.  

Se calhar agora parece banal, mas se vos tivessem dito há 6 anos talvez não imaginassem.
 
A : Claro... Mas quer dizer, imaginar até imaginámos não é (risos)? Sempre tentámos e sempre foi esse o objectivo. Não é tão megalómano quanto isso... Se eu há 6 anos dissesse que queria estar hoje a tocar no Pavilhão Atlântico se calhar já era um bocado puxado...

S : ..Mas ainda havemos de tocar lá (risos)!

E agora? O que é que têm no forno?
 
A : Estamos agora a gravar o primeiro albúm, não podemos revelar muitas informacões porque não as temos, não fazemos ideia quando, como, quando e o que é que vai sair dali, mas está a ser gravado com o Mário Feliciano do Real Combo Lisbonense e estamos a fazer o nosso trabalho calmamente no tempo que temos, para que saia dali uma coisa que nos faça sentir orgulhosos. É esse o objectivo, fazer música de que gostamos, sentir que temos ali um produto que podemos guardar e recordar-nos com orgulho, mais do que outra coisa qualquer. Neste momento estamos mais concentrados no albúm, é essa a prioridade, mas qualquer proposta que apareça, desde que seja dentro das nossas possiblidades, tentamos corresponder sempre, gostamos de dar concertos.

S : E acho que se vai notar uma diferença bastante grande porque já estamos mais identificados com aquilo que é o nosso som e com aquilo que queremos realmente fazer enquanto que no caso do EP, embora tivessemos feito uma seleccão que foi minimamente coesa, eram mais músicas a vulso juntas num disco do que aquilo que vai acontecer agora, espero eu...

Com que “brinquedos” é que andam a tocar?

S : Tocamos com milhões de instrumentos. Como agora estamos a  gravar com o Mário Feliciano temos uma data de instrumentos. Ele como hobbie compra instrumentos, tem uma colecção. E tem nos emprestado, quase todos os instrumentos são dele. Temos uma data de orgãos diferentes, a maior parte são cenas dos anos 80, anos 70, cenas vintage que ele foi arranjando. O David leva sempre outras coisas, brinquedos dele, uns orgãos Yamanha, uns sintetizadores. Temos também metalofone, uns sininhos... o baixo,  guitarra, piano, viola...

E o que é que vos dá mais gozo na música, acabar de produzir uma música e pensar “epá isto até está porreiro” ou dar concertos, ouvir a malta cantarolar as vossas músicas?
 
A : Acho que depende de pessoa para pessoa. Pessoalmente o que me dá mais gozo é a parte da criação e da composição de uma música. Parir aquilo. Até porque às vezes não sabemos bem de onde é que aquilo vem. É uma melodia que te entra na cabeça, no carro, no chuveiro onde quer que seja, e aquilo está quase feito. Às vezes é extremamente trabalhoso pôr no papel e nunca sai da cepa torta mas quando sai tambem é extramemente gratificante. para mim isso é o melhor, mais do que ter as pessoas a bater palmas, que é optimo obviamente e que sabe extremamente bem, mas a criação é a parte melhor. Parecendo que não muitas vezes até sabe melhor sermos nós próprios a acreditar que fizemos uma coisa bem e sabemos que a fizemos do que ter gente de fora a achar isso, algo que obviamente também sabe sempre bem.

As músicas antes de sairem do estúdio sao vossas. Mas depois quando saem cá para fora, quando passam  na rádio, passam também a ser de cada pessoa que as ouve. Pessoas que as associam a momentos, que as ouvem em determinados estados de espírito. Têm noção que podem ter este tipo de impacto nas pessoas, como certamente outras bandas mais ou menos conhecidas tiveram e têm em vocês?

S : Olha, nunca pensei nisso por acaso.. Aliás, nem consigo imaginar isso sinceramente. Quando demos um concerto nas festa do mar um miudo americano de 18 anos que tinha ido passar férias com o pai a Portugal e que nem era suposto ir ouvir-nos escreveu-nos um mail para o Myspace a dizer que tinha adorado. Na altura disse que achava que devíamos receber imensos mails de fãs e que se calhar nem íamos ler, mas a verdade é que nao recebemos nada, tanto que este mail está vivo na minha memória.

Acontece vos olhar para uma música antiga e pensar “o que é que é esta porcaria”?
 
A : Constantemente.. Sim, eu acho que é normal e acontece a toda a gente. Acho que isso é um bocado uma auto-crítica que se aplica a toda a gente, em trabalhos criativos. uma pessoa tem sempre dúvidas e quem diz que não tem ou e ingénuo ou é mentiroso. 

S : Agora por exemplo, no caso do album, temos músicas feitas e estamos a ouvir e há dias em que estou a ouvir e penso que está tudo uma mauzinho...

A : ...mas não está, mas não está (risos)!

S : E depois há dias em que oiço com atencão antes de adormecer e afinal já acho que está uma coisa mesmo como deve ser. Há esses dois lados. Às vezes ficas farto porque estás sempre a ouvir e parece que está tudo mal e ja estás a ser picuinhas demais e às vezes quando estás mais liberto dos problemas todos que aquilo tem, soa bem. E a maior parte das vezes a mim tem me soado bem.

E têm músicas preferidas, é algo que existe?

S :  Eu normalmente gosto muito das músicas do Afonso. 

A : E eu gosto muito das músicas do Salvador.. Se calhar é uma questão da pessoa estar mais afastada e não ter aquelas dúvidas de que acabámos de falar.

S : Mas do EP talvez goste mais da Sort Of. No caso do novo álbum não consigo dizer.

Visto de fora, já fizeram qualquer coisa. Vocês tem algum sonho na música, viver da música?
 
A : O Nosso sonho, nós costumamos dizer, é fazer boa música. Fazer discos do caraças. Mas obviamente noutro plano sim, viver da música, para ter mais tempo para música. 

S : Se tivermos uma oportunidade, uma proposta que nos faça largar o trabalho, é claro que vamos seguir para a música a 100%. A nossa grande paixão é a música sem sombra de duvidas, está sempre lá em cima.   A : Mas até é estranho pensar na música como trabalho. Nós sempre fizemos isto pelo prazer.

Têm alguma curiosidade para nos contar?

(alguns momentos de hesitação)

S : Há uma curiosidade em que muito poucas pessoas reparam mas que é um bocado óbvio: eu toco com uma viola de 3 cordas. Não é que eu seja uma pessoa excêntrica, género “sou muita bom toco com 3 cordas”.. Ou então sou muita mau não sei tocar com mais.. (risos) A viola que eu uso é quase tão velha como eu, era da minha irmã. Um dia estava com uma insónia e queria compor qualquer coisa e a única viola que tinha era essa. Acontece que o meu irmão mais novo tinha-lhe partido as 3 cordas mais graves, então pus-me a tocar só com as 3 cordas agudas. E a partir daí passei sempre a compôr com uma viola só com 3 cordas e agora sinto-me mesmo à vontade e para mim aquele instrumento tem 3 cordas. 

A : Fico sempre surpreendido com as coisas que ele nos traz com essa tal guitarra de 3 cordas porque acaba por ter de arranjar maneiras de variar a melodia e os arranjos, tem que dar a volta por outro lado e acaba por ser sempre muito menos convencional do que numa guitarra normal.  

E, para terminar, contem lá alguns episódios engraçados que tenham tiod neste ano que passou desde o primeiro concerto?

A : Nós tocámos no Portugal no Coração, e não quero estar a gozar com o programa, até porque nós gostámos imenso de lá ter ido. Mas de facto não é facil manter a concentração quando tens o João Baião aos saltos e trinta sexagenárias a bater palmas fora de ritmo. Mas foi lindo. É um momento que fica. Nunca me vou esquecer de olhar para o lado e ver o João Baião a fazer um rodopio no chão, um 360. Adorei, adorei.

S : A Tânia Ribas uma vez também teve uma saída engraçada. A seguir a anunciar-nos, “aqui estão os You Can't Win, Charlie Brown... e realmente não conseguem ganhar”. Está bem, está bem. Obrigadinho Tânia!

Ouçam-nos aqui > http://www.myspace.com/youcantwincharlieb

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* Originalmente publicado a 18 de Novembro de 2010, na Le Cool Lisboa * 262

Entrevista a um Barco do Barreiro por Luís Carvalho


Há dias felizes, luminosos, em que um homem dá por si a colocar em causa o que sempre fez por igual, interroga-se da razão de um preconceito, do motivo para agir em repetição. O que fica desses dias não é conclusão ou resposta, mas a compreensão que tudo podia ser diferente sem nada estar incorrecto. Foi o que me aconteceu ontem. Uma pessoa anda de barco todos os dias, ao amanhecer ao entardecer, entra autómato sai a correr. E nisto se leva uma vida sem se perguntar “E o barco? Quem é este barco?” Posto isto, como não sou de me ficar com interrogações, saio do barco e sigo por dentro em direcção ao porto de barcos velhos, passo pela estação de comboios, encosto-me a um deles, pesado, branco debruado a azul como casa alentejana, os moinhos na plateia e Lisboa no balcão, ganho coragem e entabulo a conversa que a seguir vos resumo, salto directo, sem passar pelas apresentações e os atrapalhos inciais, para o cerne da conversa, quando a palavra já estava bem instalada.

Le Artista da capa * 261, Inês Gomes

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* Originalmente publicada a 11 de Novembro de 2010, na Le Cool Lisboa * 261

Le Capa * 261

por Inês Gomes

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* Originalmente publicada a 11 de Novembro de 2010, na Le Cool Lisboa * 261

Le Entrevista a Márcia por Henrique Amoroso


Há quantos anos vives cá?
Nasci em Lisboa. Passei por várias cidades, como Barcelona e Paris, mas Lisboa é a minha preferida. O rio, a luz da cidade....

Como seria um dia perfeito, nesta cidade? 
Tomar café no Miradouro de Monte Agudo e jantar em casa, com os amigos, a fazer desenhos e a tocar guitarra.

As tuas letras espelham Lisboa, de algum modo?
Sim.
É curioso que senti necessidade de escrever em português em França. "Deixa lá" ou "Céu aberto" estão muito ligadas a Lisboa.

Quem gostarias que vivesse cá?
Annie Clark (vocalista dos St Vincent).


Le Entrevista a Ana Pena por Fernando Mondego


De onde vem e para onde vai a Dona Pena - e que Pena, dona é essa?
Sempre tive uma vida um pouco de nómada, o que me fez ter contacto com estrangeiros desde cedo. Em 2000 e 2001 vivi em NY e foi lá que a minha veia de tradutora de ditados e expressões populares portuguesas se revelou, e daí a ideia de criar T-shirts com as ditas.

Fala-me dos teus projectos - os que bombam e bombarão. E o Solta a Franga.
Essa ideia ficou na prateleira quando voltei a Portugal, pois estava a terminar a faculdade em Lisboa e em início de vida profissional. Foi este ano de 2010, que decidi avançar com o projecto, depois de ver uma amiga minha estrangeira um pouco envergonhada numa festa em Alfama, e dei por mim a dizer-lhe que ela devia “Let the chicken go” (soltar a franga).


Le Entrevista a João Navarro por Sónia Castro


"O meu nome é Navarrus, mas sou mais conhecido por Chauffeur Navarrus."

Normalmente é assim que iniciamos os espectáculos... Talvez por isso começo desta forma. Sou o João Navarro, pai de duas lindas meninas, natural da Parede – Cascais. Apesar de há uns anos a esta parte residir em Santa Comba Dão, acabo por fazer vida em Coimbra.

Volta e meia venho a Lisboa, quer para ensaiar e dar uns concertos, quer para ver espectáculos e claro, também para rever família e amigos. Profissão: Profissional de seguros desde 1997 e agora também de volta à faculdade para tratar de fazer o curso de Engenharia Mecânica. Pode ser que dê jeito para as oficinas do Chauffeur…

Comecei com as bandas, por graça e a convite do Manuel Portugal e do meu irmão, em 1993-94, na já extinta Rebel Blues Band. Em 2000, já por Coimbra, iniciei um novo projecto com alguns amigos – Capitães. Até que em 2005 Chauffeur Navarrus ganhou vida com os primeiros ensaios em Campo de Ourique.

Le Capa * 252

Pelo Colectivo SuperGorrila

Le Entrevista ao Colectivo Super Gorrila por Rafa

Resume-me a vossa tribo, de onde vêm e para onde vão. Vocês, eles e elas e o colectivo.

Antes de mais, no Coletivo Super Gorrila existem o Jorge, o Jorge, o Jorge, o Jorge, o Jorge, o Jorge e ainda o Jorge mas também podia ser Maria.. Não existe princípio nem fim, mas um meio fora de prazo, a nossa origem é assumidamente megalómana auto-gerada e sem necessidade de convite formal, disseminamos a nossa criatividade pelas claras em castelo e pelas mais diversas áreas de intervenção artística.

Lisboa vai-vos entrando no coração ou é um belo playground para fermentar e colocar em prática as vossas ideias?

Lisboa é apenas Lisboa, Lisboa como Fânzeres ou Freixo de Espada à Cinta, Lisboa como qualquer playground, um jardim zoológico rico e diverso onde largamos sementes de vírus e bananas incontroláveis como aliás, fazemos pelos caminhos de Portugal. Lisboa é romântica, dizem. Lisboa é o centro das operações, dizem. Lisboa é linda e antiga, dizem. Deixem-nos dizer o que quiserem pois o que dizem são pérolas a macacos.

Le Entrevista ao Colectivo Super Gorrila por Rafa

Macacos há muitos mas Gorrilas quase nenhuns, Gorrila de: guerrila pop, urbana, pluri-disciplinar, de consumo rápido e digestão lenta, anti-anti-ácida para os que comem tudo e não deixam nada. Spum contra a parede.

Temos instinto viral
. Qualquer vírus começa por se alojar num ponto onde irá então reorganizar-se. Num segundo momento revela-se sempre em confronto com o meio; surge nos sistemas de informação do organismo; está a obrar; o avanço é claro, o confronto necessário. As primeiras forças a chegar , que na realidade são a sua primeira vitima e estimulam ainda mais o intruso, como parte do alimento, tornar-se-ão parte dele mesmo. Os sobreviventes ao primeiro impacto, tentam afastar-se para se reorganizar, mas já contaminados, acabam por incitar outros a dirigir-se ao epicentro. E assim sucessivamente por Lx e pelo mundo.

Le Editorial * 252 por Rafa

Pequeno(s)-Almoço(s)

Todo o processo de pequenalmoçar é uma arte, detalhada e cheia de maneirismos de gosto, de atenção, de delicadeza. É um micro-universo, um próprio universo, um mundo, um pequeno mundo, uma arte. Um gosto.

E é toda a arte envolvida em tomar o Pequeno-Almoço, de com quem, de como e de onde o tomar ou ainda de o tomar de todo. Acordar cedo e pequeno almoçar então. Adiar o acordar e chamar-lhe de brunch - ou passar a vez e então é lanche. Ou desencontrar as horas - virando-as do avesso, colando noite com dia ao revés e tomar o pequeno-almoço como se fora ceia. Continental, inglês, de cereais, com fruta, com sumo natural, vestido ou nu ou nus.

Sê criativo, faz uma sessão fotográfica durante o teu pequeno-almoço, toma-o na praia ou no cacilheiro, degusta-o enquanto nasce o sol ou então enquanto este decai no firmamento. Toma-o magicamente com aquela companhia com quem passaste a noite. Toma-o numa praça, instala-te de toalha aos quadrados e barra tostas com manteiga no Rossio. São as pararefeições numa cidade perto de ti. Cria. Ocupa. Se é algo que é necessário - se é algo com o qual não passamos - porque não diversificar recriar e criar novas maneiras de pequeno-almoçar?

René  ,  Miguel  e  Rafa  pequenoalmoçam todos os dias pelo menos uma vez! Passa esta colher de chá!  

Le Entrevista a Vanessa Teodoro por Mami

Teodoro perguntou a Vanessa: «Vamos nessa?» e ela com o seu ar de desenho animado, aceitou. Foi então que apareceu (drum roll) Vanessa Teodoro. Assino os meus desenhos como Van. O Super veio depois quando comecei a ver que isto de querer ser ilustradora nos tempos de hoje é obra apenas para os mais persistentes. Todos os dias são desafios, salvar capas de revistas em perigo, campanhas publicitárias a pedir auxílio… Na vida real sou uma miúda que andou pela publicidade, design gráfico e mais agora do que nunca, na ilustração.

Podem ter visto meu trabalho a correr freneticamente e como se não houvesse amanhã por aí: Vodafone, TMN, EDP, Maria Clementina, B!, Playboy, Music Box, Pampero.. Como é que vim parar a esta bela cidade, perguntam vocês. Ora beem antes do Mundial de futebol na África do Sul os meus pais decidiram fazer o seu próprio jogo no ...piiiiiiii e foi assim que nasci! Na linda Cidade do Cabo. Depois a malta fartou-se de celebrar o Natal no Verão e foi assim que viemos todos contentes para Lisboa!

Agora só me falta conhecer e adorar as outras 33987 cidades do Mundo! Quem alinha?